Não dei o devido valor, ou não a soube (d)escrever como ela merecia. Falo duma senhora que há dias me disse (clicar aqui) ter descoberto que escrevo, alguém lhe dissera. Ontem apresentou-se-me aqui com um singelo raminho de flores colhidas havia minutos no seu quintal.
‘Dê cá um beijinho e tome lá!’ Estende-me meia dúzia de fetos e uma flor alaranjada que não sei nomear. ‘De uma pintora para uma escritora!’
Fiquei estarrecida com tamanha amabilidade. Ainda lhe disse que não sou escritora, nunca publiquei um livro, não passo duma mera escrevente... Ela volta de lá categórica:
‘Ora essa, é escritora sim, isso de escrevente é uma coisa que não existe. A senhora é escritora!’
Ainda me fez mais uma série de observações elogiosas, de artista para artista, às quais não estou lá muito habituada, há que dizê-lo. Embasbacada, pensei em dizer-lhe o quanto estava sensibilizada mas o que me saiu foi ‘obrigada, minha senhora, ai eu até estou toda maluca!’
É assim, a vida pregou-me uma partida. Há largos meses que ando a arranjar coragem para deixar de escrever. Escrever é ruim, às vezes faz-me mal, deprime-me. Escrever também transforma tudo, contrariando essas ideias, eu preciso de escrever para bem da minha saúde mental. Isto é muito confuso, é algo que não sei combater nem consigo controlar, o que me faz sentir insegura.
E depois quero deixar a escrita radicalmente.
E depois acontecem-me estas coisas.
E depois...
A escrita acaba por ser um balanceio preciosíssimo na minha vida, equilibra-me as vontades.
E depois…
Prossigo, escrevendo.
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