Laurinda vai ao cabeleireiro do costume. Tem champô cativo.
Ele pergunta-lhe como que para se certificar
'Tem cá champô, dona Laurinda?'
Ela responde muito indignada
'Tenho! E o frasco está cheio!'
Depois ele procede à lavagem. A água escorre, a espuma faz-se e desfaz-se. Duas vezes. Em cada processo o frasco é invertido e despejado uma quantidade enorme de champô. Ele tem nova questão
'É três vezes, dona Laurinda?'
Ela
'Claro que é três vezes! Eu gosto assim, comigo tem de ser três!'
Ele sorri, malicioso... (Esta dona Laurinda devia ser fresca!) Ela gargalha feliz... (Ai, quando eu era nova...)
Observo melhor esta derradeira vez. De novo o frasco é invertido e um líquido viscoso escorrega para uma mão ágil. Pela terceira vez. Champô em abundância, massagem, espuma, água em torrente. Três vezes. Não admira que se gaste um frasco num ápice. O que será porventura aborrecido ou despropositado, é a certeza da dona Laurinda de que terá aquele frasco cheio para sempre.
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