Perfil nº 3
Conheci o Sr. Vicente* quando comecei a trabalhar na loja onde ainda hoje trabalho. Nessa altura eu estava grávida do meu filho André e assim que ele me via perguntava-me:
- Então os gémeos, estão bons?
Eu tinha uma barriga grande e ele tinha uma maneira subtil de me dizer que eu estava a ficar gorda.
O Sr. Vicente é carpinteiro e quando precisa e assim o entende faz compras na loja. Quando me encontra sózinha, costuma dizer-me que eu como encarregada geral do pessoal menor tenho obrigação de saber onde foi o patrão... o pessoal menor sou apenas eu...:-)
O Sr. Vicente já tem mais de 70 anos e assim que entra na loja senta-se no banco. É daqueles clientes que espera sentado para ser atendido e até costuma ficar para último, aproveitando para descansar. Enquanto isso, por vezes sai-se com frases assim:
- Ah pois é menina!... Foi um desastre medonho!... Dos que morreram não escapou nenhum!...
E assim:
- Mas para que é que eu me casei? Já sei, não tinha mais nada que fazer naquele Domingo, olha... casei-me!...- e a seguir acrescenta que no dia em que casou, quando chegou a hora de ir para casa, a mulher perguntou-lhe onde ia ele, porque estava a tomar a direcção da casa dos pais.
Ou então:
- Deixá-los falá-los que eles calarão-se-ão.- não sei onde é que ele foi arranjar esta, qualquer dia tenho que lhe perguntar.
E ainda:
- Mas porque é que eu não fui para Padre?- normalmente esta pergunta é feita quando se queixa de alguma cliente mais exigente ou antipática.
Suponho que ele sente um certo arrependimento em relação a uma decisão que tomou na juventude. Ainda frequentou o Seminário mas não seguiu até ao fim por achar que não tinha vocação. Assim, quando a vida não lhe corre como gostaria tem tendência para pensar que se fosse de outra maneira, seria bem melhor. No caso dele, por vezes parece-lhe que se tivesse ido para Padre não teria chatices e viveria feliz e sem preocupações.
- Ó Sr. Vicente, se fosse Padre também iria aturar pessoas no confessionário e não só- digo-lhe eu.
- Ah... mas mandava-as rezar 50 vezes e enquanto isso eu descansava a cabeça. E tinha cama, comida, roupa lavada e ordenado certo e a horas.
Eu converso muito bem com o Sr. Vicente, é um velhinho de conversa fácil e eu tenho-lhe amizade.
*nome fictício
Conheci o Sr. Vicente* quando comecei a trabalhar na loja onde ainda hoje trabalho. Nessa altura eu estava grávida do meu filho André e assim que ele me via perguntava-me:
- Então os gémeos, estão bons?
Eu tinha uma barriga grande e ele tinha uma maneira subtil de me dizer que eu estava a ficar gorda.
O Sr. Vicente é carpinteiro e quando precisa e assim o entende faz compras na loja. Quando me encontra sózinha, costuma dizer-me que eu como encarregada geral do pessoal menor tenho obrigação de saber onde foi o patrão... o pessoal menor sou apenas eu...:-)
O Sr. Vicente já tem mais de 70 anos e assim que entra na loja senta-se no banco. É daqueles clientes que espera sentado para ser atendido e até costuma ficar para último, aproveitando para descansar. Enquanto isso, por vezes sai-se com frases assim:
- Ah pois é menina!... Foi um desastre medonho!... Dos que morreram não escapou nenhum!...
E assim:
- Mas para que é que eu me casei? Já sei, não tinha mais nada que fazer naquele Domingo, olha... casei-me!...- e a seguir acrescenta que no dia em que casou, quando chegou a hora de ir para casa, a mulher perguntou-lhe onde ia ele, porque estava a tomar a direcção da casa dos pais.
Ou então:
- Deixá-los falá-los que eles calarão-se-ão.- não sei onde é que ele foi arranjar esta, qualquer dia tenho que lhe perguntar.
E ainda:
- Mas porque é que eu não fui para Padre?- normalmente esta pergunta é feita quando se queixa de alguma cliente mais exigente ou antipática.
Suponho que ele sente um certo arrependimento em relação a uma decisão que tomou na juventude. Ainda frequentou o Seminário mas não seguiu até ao fim por achar que não tinha vocação. Assim, quando a vida não lhe corre como gostaria tem tendência para pensar que se fosse de outra maneira, seria bem melhor. No caso dele, por vezes parece-lhe que se tivesse ido para Padre não teria chatices e viveria feliz e sem preocupações.
- Ó Sr. Vicente, se fosse Padre também iria aturar pessoas no confessionário e não só- digo-lhe eu.
- Ah... mas mandava-as rezar 50 vezes e enquanto isso eu descansava a cabeça. E tinha cama, comida, roupa lavada e ordenado certo e a horas.
Eu converso muito bem com o Sr. Vicente, é um velhinho de conversa fácil e eu tenho-lhe amizade.
*nome fictício
1 comentário:
ehehe...
tens cada personagem a frequentar a tua loja...
feliz dia dos namorados..
beijinhso
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