quarta-feira, 1 de agosto de 2007

55 ANOS

Em tempos frequentei uma Igreja regularmente. Grande parte dos membros dessa Igreja eram meus familiares e de entre esses familiares constavam os meus sogros que eram os líderes espirituais da Igreja que referi. Acabei de crescer, casei e tive filhos perfeitamente integrada no meio eclesiástico. Acerca das circunstâncias que levam a que hoje em dia não frequente Igreja nenhuma eu não vou escrever porque me aborreceria sobremaneira.

Mas... no passado Domingo fui a uma Igreja e assisti a uma cerimónia muito bonita. No passado dia 27 de Julho os meus sogros fizeram 55 anos de casados e o Culto de Acção de Graças foi dedicado a esse aniversário. No púlpito, o meu sogro começou por apresentar a família aos crentes. Apresentou as filhas, os genros, o filho, a nora e os netos e quando chegou a minha vez levantei-me timidamente.

Seguidamente o meu marido e as minhas cunhadas foram chamados à frente e foi pedido a uma das minhas cunhadas que dissesse umas palavrinhas, ela assim fez. Depois, foi a vez do único filho (o meu marido), logo de seguida um dos meus cunhados... a esta altura a minha cabeça já estava a mil à hora, só pensava:

"Bolas!... 'tou feita... daqui a nada 'tão-me a chamar... sou a única nora... o que é que eu digo?"

Confesso que pensei recusar peremptoriamente, não sou grande coisa a falar em público, engasgo-me, dá-me brancas, gaguejo... mas quando chamaram a única nora (eu) sem hipótese nenhuma de escolha e de atirar a "batata quente" para outra, pensei:

"Não... eu vou. Por eles. Eles merecem."

Comecei por pedir desculpa por estar tão nervosa. Disse que a melhor maneira de homenagear os meus sogros seria dizer a toda a assistência quão meus amigos eles sempre têm sido, que sei que sempre pude e posso contar com eles para o que der e vier, que, obviamente, não concordo com tudo o que eles fazem ou dizem, principalmente com o meu sogro porque trabalho com ele - é claro que aqui pus toda a gente a rir - e que gosto verdadeiramente deles - e aqui pu-los a chorar.

Para quem não sabe, eu trabalho com o meu sogro. O meu patrão e dono da loja onde trabalho é o meu sogro. Já aqui referi, creio até mais do que uma vez, que a minha vida profissional é uma merda. Não deixou de o ser depois daquela cerimónia mas eu senti-me bem em tornar público a amizade, o respeito e admiração que tenho pelos pais do meu marido e avós dos meus filhos. É mesmo muito bom fazer alguém feliz...

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