Passeando a pé cruzei-me com um cão que passeava o dono. Perdão!... (cof cof!)
Recomeçando:
O vento soprava Norte fazendo desfilar um frio que contrastava com o sol radioso, um sol daqueles que se via e sentia na pele. As folhas das árvores ondulavam lentamente ao sabor do vento e lembravam o calor porque reflectiam a luz dourada do sol.
Passeando a pé cruzei-me com um cão notoriamente satisfeito com a sua vida - abanava o rabo e farejava tudo, muito curioso. O dono seguia-o, pacientemente parava e esperava de cada vez que o bicho se resolvia a inspeccionar o local da maneira que o seu instinto o tinha ensinado a conhecer as coisas - cheirando.
Ali mesmo ao lado, quatro jovens jogavam à bola num recinto concebido para esse fim. De repente, a bola saltou mais alto e saiu do recinto. A primeira reacção do cão foi espetar as orelhas em sinal de alerta, a segunda foi preparar-se para correr atrás da bola como se a sua vida dependesse disso. O animal não começou sequer a correr, antes de ter tempo de o fazer o dono ordenou numa voz peremptória e baixa:
- Fica. Fica. - E o cão ali ficou, estático. Incrível!
Seguidamente imaginei como seria bom se os ricos filhos fossem obedientes assim como aquele cão...
- André. Não faças isso.
- Ana Cláudia. Não vás para aí.
Ao som da minha voz peremptória e baixa, dispensariam repetições pois obedeceriam solenemente... quietos e sossegados assim que eu emitisse ordens... funcionando como as máquinas do tempo... totalmente previsíveis... ficariam sem vida e sem personalidade... vazios... impávidos. Para eles não existiria o tal livre arbítrio que para nós seres humanos é tão importante. O poder da decisão dá-nos capacidade para observar e analisar tudo retendo o bem, o que nos interessa, o que nos convém. Mas isto, sempre com a mira centrada nas coisas boas da vida. É salutar haver dois caminhos diferentes, acho até que é o que equilibra a vida e lhe dá sentido. Se assim não fosse, a vida seria serena, porém, insípida. Destituída de algo.
Não é sempre fácil, aliás, nunca é fácil, mas é isto que eu tento transmitir aos meus filhos.
Não vou esperar que eles sejam tão obedientes como um cão ou que as suas expectativas perante a vida sejam semelhantes às de um animal. Assim é que eles seriam pessoas insípidas e desiquilibradas. Não ia ser bom. É muito melhor assim. Querendo o que não pode ser e demonstrando uma vontade própria que é muitas vezes oposta à minha e à do meu marido. Soa estranho mas na verdade é assim que penso.
Recomeçando:
O vento soprava Norte fazendo desfilar um frio que contrastava com o sol radioso, um sol daqueles que se via e sentia na pele. As folhas das árvores ondulavam lentamente ao sabor do vento e lembravam o calor porque reflectiam a luz dourada do sol.
Passeando a pé cruzei-me com um cão notoriamente satisfeito com a sua vida - abanava o rabo e farejava tudo, muito curioso. O dono seguia-o, pacientemente parava e esperava de cada vez que o bicho se resolvia a inspeccionar o local da maneira que o seu instinto o tinha ensinado a conhecer as coisas - cheirando.
Ali mesmo ao lado, quatro jovens jogavam à bola num recinto concebido para esse fim. De repente, a bola saltou mais alto e saiu do recinto. A primeira reacção do cão foi espetar as orelhas em sinal de alerta, a segunda foi preparar-se para correr atrás da bola como se a sua vida dependesse disso. O animal não começou sequer a correr, antes de ter tempo de o fazer o dono ordenou numa voz peremptória e baixa:
- Fica. Fica. - E o cão ali ficou, estático. Incrível!
Seguidamente imaginei como seria bom se os ricos filhos fossem obedientes assim como aquele cão...
- André. Não faças isso.
- Ana Cláudia. Não vás para aí.
Ao som da minha voz peremptória e baixa, dispensariam repetições pois obedeceriam solenemente... quietos e sossegados assim que eu emitisse ordens... funcionando como as máquinas do tempo... totalmente previsíveis... ficariam sem vida e sem personalidade... vazios... impávidos. Para eles não existiria o tal livre arbítrio que para nós seres humanos é tão importante. O poder da decisão dá-nos capacidade para observar e analisar tudo retendo o bem, o que nos interessa, o que nos convém. Mas isto, sempre com a mira centrada nas coisas boas da vida. É salutar haver dois caminhos diferentes, acho até que é o que equilibra a vida e lhe dá sentido. Se assim não fosse, a vida seria serena, porém, insípida. Destituída de algo.
Não é sempre fácil, aliás, nunca é fácil, mas é isto que eu tento transmitir aos meus filhos.
Não vou esperar que eles sejam tão obedientes como um cão ou que as suas expectativas perante a vida sejam semelhantes às de um animal. Assim é que eles seriam pessoas insípidas e desiquilibradas. Não ia ser bom. É muito melhor assim. Querendo o que não pode ser e demonstrando uma vontade própria que é muitas vezes oposta à minha e à do meu marido. Soa estranho mas na verdade é assim que penso.
3 comentários:
Olá,
Gostei do que li, ainda bem que as crianças são «rebeldes» e que começam a gostar de coisas diferentes das nossas, também aí reside a evolução ....
tudo de bom
O facto de ser obediente perante os mais velhos, principalmente com os nossos Pais, o facto de respeitar acima de tudo quem nos gerou e criou, não nos impede de sermos rebeldes e de criar uma personalidade própria. Porque também na vida, fora de casa, no trabalho, saber obedecer e respeitar quem está acima de nós nunca prejudicará ninguém, porque, mal ou bem, as hierarquias existem.
Olá Carlos,
É... a vida evolui. Os sonhos e as expectativas dos meus filhos são muito diferentes dos meus quando eu tinha a idade deles. Não me importo nem um pouco com isso exactamente porque é a vida a evoluir.
:)
Waterfall:
É mesmo por causa de não se poder passar sem a existência de hierarquias que é difícil educar. É mais difícil educar os filhos "na rua" do que em casa. Mas também não devemos ensiná-los ser como os "cãezinhos"...
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