Perguntaram-me se eu não me lembro do que me dizem, se só conseguia lembrar-me do que penso. Respondi 'se calhar...' a pensar 'sim, é isso!'.
Aprofundei este pensamento e conclui que me lembro do que me dizem mas lembro-me mais e melhor do que já pensei - o muito bom, o bom, o assim-assim, o mau e o muito mau.
Sou muito desconcentrada, tenho uma enorme dificuldade em ouvir prolongadamente alguém, faz-me fernicoques e comichões por todo o corpo, mexo no cabelo... nos olhos e no nariz, quando dou por mim estou concentrada noutro qualquer sítio que não ali a ouvir alguém falar daqueloutro e disto também, desinteressando-me por completo da conversa.
A minha desconcentração deve-se, em parte, à minha vontade de escrever tudo e tudo e tudo. Vivo num mundo só meu porque fui eu que o construí sem dar por isso mas, já que tive trabalho a construí-lo deixo-me lá estar usufruindo da paz e descanso que ele me proporciona e enquanto isso faço uma leitura do mundo que está fora de mim muito individual e própria, pesando tudo e todos. E escrevo todas essas coisas. E estas também.
Não tenho sempre a certeza de que esteja certa, há dias em que me acho totalmente errada e fora da vida real, não fazendo parte de nenhum lugar, nenhum acontecimento, nem de ninguém.
Por tanto ser assim acabo por achar que o meu mundo só existe para mim para depois achar que, no fim de todas as voltas dar às palavras, sou eu que não quero que alguém o veja.
2 comentários:
Esta merece um comentário maior que agora não tenho apetencia para fazer. Mas prometo que o farei.
Existe aí qualquer coisa de Berkleyriano que se manifesta. É destas discussões que eu gosto.
Eh pá, ó Space Flyer!... A ver se te chega a apetência rapidamente que eu estou desejosa de ler!
Já agora, "Berkleyriano", que é?
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