terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dona Vitória

Encontrei a dona Vitória por acaso. Não a via há uns dezasseis anos, desde que deixei de trabalhar com ela.
A dona Vitória é alguém que recordo muitas vezes e que sempre quis reencontrar. Encontrei-a por acaso, aconteceu.
Está mais velha mas tem o mesmo sotaque, a mesma inflexão de voz, a mesma alegria. Tem uma data de cabelos brancos e a cor do batom é a mesma - um rosa claro e fluorescente que destoa da sua aparência.
A dona Vitória ensinou-me a costurar, a cozinhar carne assada para fazer croquetes e uns bolinhos enrolados aos quais chamava "charutos" e que alguém lhe ensinara a fazer lá em Angola, entre outras coisas.
Assistiu, também, ao meu casamento e no meio dos preparativos, entre um bordar de pérola e um cortar de tule no meu vestido de noiva, deu-me um conselho tão interessante quanto sábio:
- Gina, quando o teu marido te convidar para sair, nunca digas que não queres ou que não podes. Vai com ele sempre que te pedir, mesmo que não tenhas lavado a louça nem tenhas limpo o pó. Vai. Sai com ele. Nunca digas ao teu marido que não queres sair!
Já há muito tempo que não me lembrava deste conselho tão sábio... foi preciso vê-la para me lembrar.

2 comentários:

V. disse...

Um conselho que serve vários fins .

A d. Vitória é que a sabia toda :)

Gina G disse...

A dona Vitória ensinou-me muitas coisas. Hoje entendo melhor esse conselho mas já na altura não me passou despercebido.
Nos meus primeiros anos de casada lembrei-me muitas vezes dele e o meu marido também mo lembrava de vez em quando desse sábio conselho.