quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Visão

Nos poucos minutos em que estive ao pé dele vi-o nervoso mas decidido.
Tinha umas mãos fininhas e brancas, muito brancas. Os gestos eram rápidos e indecisos, um querer fervoroso e o pânico a comandar.
As costas desenhavam uma curva convexa denunciando uma profissão que obrigava a uma persistente posição de bruços sobre qualquer coisa.
Os olhos eram atentos e frios, mantinham um gigantesco interesse em chegar ao fim da linha, a uma meta qualquer… e o pânico assumindo total controlo.
As roupas eram sofisticadas, diziam-me que ali havia um nível de vida elevado, quer pessoal quer profissional.
Toda a sua postura respirava tensão. A tensão de quem escorrega e se debate para não cair. Saía-lhe do corpo uma transpiração que o impedia de cair. Não caíu.

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