terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Post construído em duas partes e com um interregno no entremeio da primeira


Primeira parte

Conversar sobre o quê? As pessoas parvas conversam, ou simplesmente falam, do horário do sapateiro e da bola ou então do preço do euro (sim, era mesmo o preço do euro que eu queria dizer). Mais parvamente ainda temos o tão excessivamente falado estado do tempo. Fala-se muito acerca do tempo, muito mesmo. Fala-se porque não há nada pior que uma pessoa enfiada consigo mesma e não há nada melhor para não se parecer uma pessoa parva, que debitar ideias acerca da temperatura, da geada, dos trovões, da ribeira que vai cheia. Assim sempre se diz qualquer coisita.
É aborrecido ouvir falar ou conversar com as pessoas parvas. Com as pessoas que dizem só qualquer coisita acerca do tempo. É desinteressante. Mesmo esmiuçando a coisa, aquilo não vai lá. Só vai, ou só sai, umas coisitas acerca do tempo.

Interregno

Veja-se a sondagem ali ao lado direito... É um bom exemplo de uma conversa acerca do tempo
Se o post for lido ao depois da remoção da sondagem e em querendo ler, é favor clicar aqui . Obrigada, desde já.

Mas há pessoas inteligentes. Pois há. E cultas. Há-as, pois. E essas conversam sobre o quê? Sobre o mesmo... Mas acrescentam assuntos deveras importantes e no entremeio inserem um vocábulo erudito aqui e outro ali, vocábulos daqueles que ninguém ouve durante o dia, daqueles que só saem da boca àquela hora que ninguém desconfia. E as pessoas, as parvas e até mesmo as inteligentes, ficam pasmas com o vocabulário mas não entendem nada da conversa. E depois vem o tédio - são tão chatas, essas pessoas inteligentes e cultas... Ui!...
Posto isto, conversar sobre o quê? Não há muito mais a dizer, não passará disto: ouvir falar ou conversar são actividades para lá de aborrecidas.
Entretanto, e está a parecer-me que o escrever também é como o conversar e como as cerejas, lembrei-me daquela senhora cuja filha tinha mudado de número de telefone. A mãe não estando em casa à altura do telefonema que a filha intentou a fim de dar-lhe a conhecer o novo número, deixou recado no voicemail. A filha, disse-me ao depois a mãe, explicou-se tão bem, tão bem na mensagem e usou palavras tão bonitas, tão bonitas que ela ouviu uma e outra vez para se deliciar. Já para perceber o recado, teve que pedir à vizinha para lho explicar...

Segunda parte

Eu, para não aborrecer o leitorado, não referi assim muitos assuntos sobre os quais as pessoas falam, isso não iria ficar-me nada bem. Convém que me distancie do que escrevo, assim como convém não criticar o que escrevo. Mas, teimosa e destemidamente, marimbando para o facto de o meu palavreado parecer aborrecido e misturando-me na conversa que apresento na primeira parte deste post, vou falar do tempo, ah pois vou, acrescentando que tem chovido tanto que me apercebi, e isto num repente, o profundo conhecimento que tenho acerca das poças que a chuva faz na minha rua. Percebo-as tão bem que podia fazer o percurso de algumas dezenas de metros (a calcular distâncias é que não sou lá muito destemida, por isso uso um número indefinido) às cegas molhando os pés tão poucochinho como se estivesse de olhos abertos.


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