quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Post de posts;
Rapsódia


É-se qualquer coisa invulgar se se manda o marido comprar papel higiénico e filetes de pescada enquanto se está no consultório do médico.
Em particular, é-se qualquer coisa invulgar se o médico é daqueles que diz: 'Ora mostre lá as suas pernocas'.


O Ricardo Araújo Pereira é um homem importante. Fala-se no RAP e toda a gente sabe quem é.
Gostava de saber o que ele pensa acerca disto mas sei que ele nunca mo dirá.


Se hoje entraram na loja cem pessoas foram cem as pessoas que disseram: 'Ai hoje está um frio!'. Se entraram sete foram sete as que disseram: 'Ai hoje está um frio!'
O número de clientes, ou presumíveis clientes, que hoje entraram na loja está em conformidade com o número de vezes que hoje escutei: 'Ai hoje está um frio!'.
Anseio pela chuva. A ver se o disco muda e, principalmente, a ver se manda o frio embora.


Se eu tivesse uma loja de fotografias não poria na montra a fotografia de uma noiva nariguda.
Se eu tivesse o cabelo cor-de-rosa não andaria na rua.
Seguramente.


- Então, senhor Rodrigues, está frio?
- Não!
- Bem me parecia...


A uma frase minha ouvi um ateu exclamar convicto e esperançoso:
- Deus te ouça!


O senhor cuja alcunha é Mirones foi operado aos olhos, não ficou nada bom, vê cada vez menos e é possível que fique cego.


O Clóvis carrega com ele um objecto curioso. À primeira vista pareceu-me um pedaço de veio roscado M14 com a ponta romba. Mas não é nada disso. Diz ele que aquilo é para dar nos ossos dos gajos que lhe quiserem fazer a folha. Perguntei-lhe logo se aquilo também dá para furar olhos e crânios e ele disse que sim e que é objecto para ter nome em japonês e tudo.
O Clóvis não é má pessoa, que não se pense que é. Pense-se antes: é o Clóvis! Será suficiente.


A quem interesse: vi uma t-shirt dos Marretas e umas sandálias amarelas.


Pediram-me lume, um cigarro e moedas. Disse que não a todos. Não que não tivesse o que me pediam, antes porque sou uma alma ruim de dar.


Que tipo de pessoas compra o disco do Ricardo Azevedo?


Nada como estar no ginásio montada numa máquina de pesos, saudarem-me: 'Olá, como estás?' e eu responder: 'Estou carregada!'
Não há nada melhor que isto, ah pois não.


Escrito numa ementa estava o seguinte: 'Hoje 27 de Ganeiro temos Bifinhos de Frango Panados com Arroz de Ervilhas'.
Os bifinhos e o arroz não têm interesse nenhum. Já o Ganeiro...


Contrariamente ao que se pensa a vassoura não é um objecto feminino. Com um pau tão grande...


O senhor Rodrigues perguntou-me se também me avario assim como as coisas. Respondi que sim e enquanto eu apenas e só pensava no rol dos meus males ele disse muito depressa: 'Não digas, não digas!'. Obedeci.


O senhor Rodrigues fala que se farta e é um grande impulsionador da minha vontade de escrever. Nota-se.


Gostava de pedir aos senhores que mandam nos moldes usados na confecção do pronto-a-vestir em Portugal que antes de confeccionar se lembrem do seguinte:

• Uma pessoa que queira comprar um casaco comprido é porque tem frio, uma pessoa que tem frio não dispensa bolsos num casaco comprido.
• Uma pessoa que é Large não é, de modo nenhum, uma pessoa Extra, Extra, Extra - Large.
• Criem os modelitos de acordo com a seguinte ideia: as mulheres neste país têm uma discrepância de dois números entre cu e mamas.

Obrigada.


3 comentários:

Vera disse...

Ontem fui jantar aos meus Pais e estacionei na rua que eu penso ser a da tua loja...ainda espreitei para dentro de uma mas não vi nada que se parecesse contigo...fiquei com pena!

Madrigal disse...

Gosto dos teus escritos que derramam "doces inocências", um sentido de humor cáustico, inteligente, subtil.

Criaste um novo estilo de escrita ou, pelo menos, ganhaste algures inspiração para deixares transparecer a tua forma de ver o mundo, com esses teus olhos que vêem o verosímel e o ridículo das situações banalizadas pela roda demolidora do acontecer...

Um beijo e... um abraço

Jorge

Gina G disse...

Vera:
Podias ter entrado...

Madrigal:
Obrigada por tão agradável comentário.