O menino abriu-me a porta do elevador e deu-me primazia na entrada. Que querido, pensei eu, tão novinho e já tão cavalheiro.
Depois premiu o botão do andar dele e de seguida premiu o meu. Espantei-me:
- Ena, sabes em que andar eu moro!
- Sei, eu já fui à sua casa - diz ele. Sorriu ingenuamente mostrando uns dentinhos tão alvos como só as crianças têm.
- Ah, pois foste - lembrei eu - buscar uma peça de roupa que a tua mãe deixou cair.
- Sim.
Passou-me pelo pensamento umas quantas coisas aborrecidas e suspirei, olhando o vazio, quase esquecida da presença do menino.
- Ó vida complicada! - Exclama ele, creio que impulsionado pelo meu suspiro, num tom de voz que detonava alguma tristeza resignada.
Espantei-me pela segunda vez. Numa viagem tão curta e tendo em conta a curta vida do meu companheiro, é obra!
- Tão novo e já tens uma vida complicada?!
- Sim...
- Porquê?
- Tenho que tomar conta dos meus irmãos e é difícil. - De novo aquele tom de voz triste e resignado.
Deu-me pena do pobre miúdo que não tem mais que oito ou nove anos e já com tanta responsabilidade em cima, dos manos um é ainda bebé de colo. Por momentos esqueci a minha amargura, a minha tristeza, os meus medos e as minhas vontades. Tinha à minha frente uma criança forte e corajosa, tudo coisas que eu não estava a conseguir ser. A vida é complicada e tramada também o é.
Ouvi dizer que o menino quer ser escritor. Aparenta possuir a sensibilidade e o entrosamento necessários à escrita. A ver se lhe pergunto para depois o aconselhar a criar um blogue...
Depois premiu o botão do andar dele e de seguida premiu o meu. Espantei-me:
- Ena, sabes em que andar eu moro!
- Sei, eu já fui à sua casa - diz ele. Sorriu ingenuamente mostrando uns dentinhos tão alvos como só as crianças têm.
- Ah, pois foste - lembrei eu - buscar uma peça de roupa que a tua mãe deixou cair.
- Sim.
Passou-me pelo pensamento umas quantas coisas aborrecidas e suspirei, olhando o vazio, quase esquecida da presença do menino.
- Ó vida complicada! - Exclama ele, creio que impulsionado pelo meu suspiro, num tom de voz que detonava alguma tristeza resignada.
Espantei-me pela segunda vez. Numa viagem tão curta e tendo em conta a curta vida do meu companheiro, é obra!
- Tão novo e já tens uma vida complicada?!
- Sim...
- Porquê?
- Tenho que tomar conta dos meus irmãos e é difícil. - De novo aquele tom de voz triste e resignado.
Deu-me pena do pobre miúdo que não tem mais que oito ou nove anos e já com tanta responsabilidade em cima, dos manos um é ainda bebé de colo. Por momentos esqueci a minha amargura, a minha tristeza, os meus medos e as minhas vontades. Tinha à minha frente uma criança forte e corajosa, tudo coisas que eu não estava a conseguir ser. A vida é complicada e tramada também o é.
Ouvi dizer que o menino quer ser escritor. Aparenta possuir a sensibilidade e o entrosamento necessários à escrita. A ver se lhe pergunto para depois o aconselhar a criar um blogue...
2 comentários:
Em boa hora segui o conselho da Dona Redonda e vim cá parar. Gostei muito do que ja li e vou voltar. Tenho muito para ler, porque a avliar pelo que já li, vale a pena esmioçar o que está para trás.
Parabéns também pelo aniversário. Quatro anos, na blogosfera é uma eternidade!
Obrigada, Carlos. É muito bem vindo!
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