Há aquela pessoa que te cumprimenta sempre. Ah pois, não penses que te escapas, ela vai falar contigo, pá!
Ela pensa que a saudação transmite uma educação esmerada e uma espécie de lealdade. Mas não. Tu já mancaste a coisa ao tempo! Ela não gosta de ti. Não te curte. Despreza-te até. Diz-te o clássico 'como está a senhora, está bem?' e acrescenta em remate 'fico contente' sem que a expressão revele simpatia, quanto mais contentamento.
A mulher parece um bicho prestes a atacar, tem um olhar gélido, um olhar de quem é capaz de te esganar. Mas não pode... E como não pode olha-te daquela maneira, é o que lhe resta.
Mas tu até gostas disto, estas coisas dos ódios e assim são porreiras, fazem-te sentir viva e estranhamente importante.
Já decidiste: a próxima vez que vires aquela dama - cabeluda, velha e mais feia que uma bota da tropa - no meio da avenida e te perguntar 'como está a senhora, está bem?' com aquele ar desconchavado, tu vais fazer igualzinho ao que fizeste com aquela do sorriso amarelo, pagarás na mesma moeda.
Depois contas-me como correu e eu escrevo, está bem?
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