segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Roupa

Preâmbulo

Ah que calças tão giras!

(fui eu que fiz)

Muito giro, o teu casaco!

(fui eu que fiz)

Essa blusa é mesmo gira!

(fui eu que fiz)

Costuras

A mulher levantou-se pesadamente, havia terminado a leitura do jornal diário. Quando ela me deu as costas vi-lhe a racha da saia esgaçada. Isto acontece quando a saia é muito travada e o tecido é laço, o que era o caso. Envergava também um casaco de pele de bom corte e confecção cuidada, as costuras todas bem abertas; sem rufos, os bolsos em redondo bem pespontados; sem bicos, a gola e as bandas simetricamente confeccionadas; sem grossuras nos cantos. Assentava-lhe, não como uma luva, antes como um casaco deve assentar no corpo: justo e sem pregas de nenhuma espécie. Um casaco de pele, quando bem-feito, tem um cair leve apesar de o material ser bastante pesado. Fazer a roupa impecavelmente é uma arte.
Ficou-me isto dos tempos em que era costureira, o fácil reconhecimento das roupas de qualidade, ou então sem a mesma. Ainda sei ver estas coisas, as agulhas, linhas, botões e afins andam aqui dentro aos rebolões e aparecem mais amiúde do que a mim própria me parece. Adoro trapos.

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