Ah, assim que chegar Fevereiro a ver se ponho este poema no blogue.
Ah, mas vou arrumar o livro para não andar por aí, que eu cá sou muito esmerada com a apresentação da minha casinha.
Ah, que é Fevereiro.
Ah, que já é dia 20 de Fevereiro!
Ah, que nunca mais me lembrei do poema de Fevereiro.
Ah, que lembrei-me hoje...
Histórinha Mansinha
Em Fevereiro
de manhãzinha
a chuva cai
muito fininha
vai dissipando
o nevoeiro
de porta em porta
vem o leiteiro
belas carcaças
vende o padeiro
e cada qual
vai à vidinha...
Assim começa a históriazinha
simples amável
e tão mansinha
de que me lembro em Fevereiro!
Naquele tempo
triste e ronceiro
era a paz podre
o dia inteiro
tudo pasmava
nesta terrinha
só se falava
em voz baixinha
saber de tudo
era adivinha
quem governava
era um caixeiro
com pretensões
a financeiro
sempre escondido
no seu toqueiro
levava a vida
muito santinha!
Até que um dia
lá num terreiro
em que ele rosnava
como um rafeiro
alguém pregou
a partidinha
caíu o velho
da cadeirinha
no trambolhão
partiu a pinha
e foi parar
ao estaleiro
mas como ele era
muito matreiro
não chamaou logo
pleo coveiro
pôs-se a dar ordens
lá da caminha!
Porém a tola
já maluquinha
não matutava
como convinha
fez do papão
velho gaiteiro
foi um sarilho
para o herdeiro
que o entregou
al cangalheiro
para enterrar
numa covinha...
E assim acaba
a históriazinha
simples amável
e tão mansinha
de que me lembro
em Fevereiro!
Alfredo Barroso, Poemas Rudimentares
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