terça-feira, 28 de junho de 2011

Consulta

Hoje era para ir à senhora doutora mas telefonaram-me do centro de saúde a dizer que não me querem lá, eu que continue a meter o ansiolítico no bucho se é essa a forma que encontrei para aguentar a minha vida. Quando esses miligramas não forem suficientes eu que aumente a dose, já sei como é, e junte também aquele outro, aquele em que podem escorraçar-me que eu não dou por nada, o que envolve a minha vida numa nuvem espessa e morna e faz de mim uma pessoa dormente... mas estável. Um dia mais tarde, quando já nada disto fizer efeito, eu que me dirija a uma dessas instituições onde estão alojadas as pessoas com vidas sem solução. Eu que berre até ficar afónica e estrebuche até à exaustão, aí sim, conhecerei o sofrimento atroz.

... É mentira. Eles, os do centro de saúde, querem-me lá sim senhores, telefonar-me-ão um dia desses para dizer quando. Estou desejando, quero muito ser toxico-independente.

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