terça-feira, 5 de julho de 2011

Grande fita

Era uma vez uma senhora cheia de vagar que queria retirar uma pilha de fitas do cimo de uma prateleira. Pendurada no escadote, elevou a pilha cuidadosamente. O cuidado e o vagar não foram suficientes, o equilíbrio fez-se chegado e pumba, um rolo caíu, um só. Por incrível que pareça, foi um dos rolos do meio. Grande feito, portanto. Rola por ali abaixo, bate na pá de lixo que estava agarrada à vassoura, destrona a pá, que rendida se deixa estatelar. O rolo continua o seu percurso, rolando por entre papéis amachucados, restos de velatura colorida em tempos entornada, cotão ressequido e bem espezinhado e vai alojar-se num espaço existente entre duas bilhas de gás.
A senhora tinha vagar. Colocou os restantes rolos no sítio que havia escolhido antes desta aventura, desceu do escadote sem hesitar, clicou a pá do lixo na cabo da vassoura, apanhou o rolo nómada e pô-lo ao pé dos seus consortes. Não protestou, tinha vagar.

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