– Cuidado com os carros!
Diz um homem baixinho que entretanto havia chegado ao pé de mim. Eu, ele e outras pessoas esperávamos que o sinal se pusesse verde para podermos avançar. Reconheci o sujeito e reparei que ele estava com ambos os pés no alcatrão. Rebati, brincando:
– Então porque é que está na estrada?!
– Porque sou maluco! Isto são coisas de maluco! Mesmo, mesmo maluco! Eu sou maluco!
Nesta praça há vários ícones, este é um deles. É um sujeito cambaleante com histórias de vadiagem e bebedeiras no passado, a quem chamam pelo nome dum antigo ás do futebol benfiquista. Pára junto dum café e dum quiosque, ponto de encontro para muitos, uma espécie de guarida para ele. Ali passa o dia, faz recados e recadinhos, a este e àquele. Vai-se safando, em suma.
Um dia destes reparei numa tatuagem rudimentar que tem num dos braços: 'Angola por ti lutei', em letras retorcidas e algo difusas, seguido duma data que não pude ver com clareza. Hoje, enquanto dialogava com ele, bem que tentei ver a data mas o braço que estava mais perto era o que não tinha nada escrito...
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