quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Às cinco

Dantes eram cinco da tarde e fazia muito frio, encasacava-me toda e enrolava o cachecol na cara para evitar o briasco da já noite cerrada. Deixava apenas os olhinhos destapados e lá ia eu.

Três meses depois, às cinco da tarde havia um solzinho prometendo dias cálidos. Na avenida o cheiro do escape misturava-se com a clorofila e os pólenes. O prenúncio de dias melhores é motivador que se farta.

Volvidos outros três meses às cinco da tarde não se podia com tanto calor! Óculos escuros foram uma mais-valia, quando não, deambularia pela minha Lisboa, errante, e de cenho franzido, ainda por cima.

Agora, decorrido outro trimestre, às cinco da tarde as sombras vão altas. Estava tão habituada ao céu aberto que o crepúsculo me parece adiantado. É noite não tarda. Os óculos são dispensados e a brisa já lembra um casaquinho.

Não precisarei de ver decorridos outros noventa dias para que me veja inserida no primeiro item... Bastar-me-ão uns quarenta, mais ou menos.

Sem comentários: