sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Findo outro livro

Terminei de ler o livro 'Ao Sul' de Napoleão Mira. Adorei a sua escrita, o modo como descreve as alentejanices que tão bem conheço.
Escolhi um pequeno excerto dum capítulo que retrata a matança do porco - e tudo quanto lhe está inerente - passada na aldeia da qual os meus pais são oriundos – Albernôa – e aqui o deixo. Porque a minha alma é mais alentejana do que doutro sítio qualquer, porque cresci com as questões alentejanas, lá ao longe, é certo, mas cresci com os costumes, o falar, o cantar (a minha mãe cantava muito). E a alvura. Até a alvura a minha mãe trouxe de lá. Ver ferver a cal era um dos meus passatempos preferidos em criança. Depois a minha mãe caiava o muro do quintal. Ficava tão branquinho... É porque as minhas raízes são as do sul que me identifico tanto com este livro.

Pela tarde e quando o vinho naufraga nas gargantas dos comensais, alguém solta as primeira notas duma velha moda local. O momento torna-se quase solene e, em uníssono, como se as vozes fossem braços que se enlaçam, acontece a magia da alma alentejana em que a emoção emerge à flor da pele, e lá de dentro, do que temos de mais profundo, solta-se o grito lancinante da terra, imagem de marca de uma gente que se abraça para cantar e que canta em forma de abraço.
Quando a noite se faz verdadeiramente noite, quando o frio de Janeiro já não é bom parceiro, quando o vento zune através das frestas, sabemos que está na hora de abalar, coisa que se volta a fazer cantando:

Vamos nós saindo
Por esses campos fora
Que a manhã vem vindo
Nos lábios d' aurora

Página 147

Este senhor, Napoleão Mira, tem um blogue:


Um espaço a visitar.

4 comentários:

redonda disse...

Vou espreitar o blogue...

Gina G disse...

:)

É muito 'Ao Sul', também. Eu gosto. :)

Olinda Gil disse...

Sigo, conheço, e estou desconfiada que o conheço pessoalmente...

Gina G disse...

Olha só que engraçado... :)