O senhor Albano é muito formal lá na sua padaria.
'Boa tarde, minha senhora', 'A senhora diga, se faz favor'.
Depois, quando quer abrir o saco para pôr lá dentro o pão que entretanto lhe pedi, já está completamente transformado, solta gracejos maliciosos, dizendo que o saco não quer abrir, enfatiza o 'abrir' com o intuito de se rir da vida sarcasticamente. Se a sua senhora está presente, então é do caraças, é graçolas e graçolas, umas atrás das outras, e vai disto que amanhã não há. Muda da noite para o dia, este senhor Albano.
Hoje veio aqui buscar um litro de ácido muriático. Não fui de modas e exclamei:
– 'Olha o senhor Albano na minha loja!
E o senhor Albano correspondeu como se me estivesse a 'abrir' o saco. E ainda juntou uma certa alegria com a descoberta:
– Ah, não sabia que a menina trabalhava aqui!
Gostei da alegria e do riso. Adorei a 'menina'. A vida é tão risível por podermos transformá-la naquilo que queremos, senhor Albano... Se é!
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