segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Excerto

Apelo

Costumava parar no caminho de terra a observar as gentes no café!... Tão diferentes... Comiam bolos, bebiam copos rosados ou escuros, dourados de espuma... E as crianças corriam a apanhar as tampas no chão e riam! E pulavam gelados de cores pelo ar em revoadas frescas de anseios até mãos pequenas e estendidas. Tocava a música bem alto e namoravam além... aqui...
Ele olhava... olhava... e a boca abria-se-lhe a tudo aquilo... tão estranho!
Conta!... E torna a colar o rosto desalentado de encontro o ramo do outro lado do vidro.
Nos olhos brilhantes dançam as lágrimas. Um velho, calado e manso, dá-lhe a mão e chama-o.
- Tóino!...
O miúdo volta-se... olha ainda para trás...
E a florista, hoje bem disposta, não se sabe porquê, pega na rosa mais rubra do ramo e...
- Tóino!...
Nos olhos da criança, de cabeça voltada, brilha um sorriso por entre as lágrimas vidradas.
Ao longe, no caminho que leva à praia vão um velho e um menino rindo totalmente para uma rosa vermelha!...

In
'Tóino...', Ana Maria Teia dos Santos

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