quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A tolice de ser infeliz

Como já há semanas e semanas que Rezia se sentia infeliz, ela começara a dar significados a coisas que aconteciam, por vezes quase sentia que devia parar as pessoas na rua, se lhe parecessem pessoas bondosas, pessoas amáveis, só para lhes dizer, «Eu sou infeliz»; e aquela velha a cantar no passeio «E que importância tem, se alguém nos observar?» fê-la ter de repente a certeza de que tudo se iria resolver. Iam encontrar-se com Sir William Bradshaw; como o seu nome soava bem, pensou; ele iria curar Septimus. E naquele momento passou a carroça de uma cervejaria, e os cavalos cinzentos tinham palha entrançada nas caudas; e ali estavam os cartazes que anunciavam os jornais. Era um sonho tolo, tonto, ser-se infeliz.

In
'Mrs. Dalloway, Virgina Woolf

(página 93)

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