Tenho de levar a cabo uma tarefa enervante. Melhor será tomar um calmantezinho. É assim que lido com tudo o que faço. Antes de mais, engulo a droga.
Quem ainda não sabe, fique agora a saber: eu levo tudo ao exagero, invento e transformo. Há pouco, por exemplo, vi uma jovem andando e passando batom de cieiro nos lábios. Achei sensual e formulei um texto na minha cabeça. Enquanto isso, uma idosa passou por mim fazendo os mesmos gestos. Fiquei a magicar noutro texto – andaria ali assim alguém distribuindo amostras de batom?!
Agora não sou capaz de reformular os textos que imaginei. A rica filha já me disse que aprendeu no curso da faculdade que o pensamento é abstrato. Deve ser isso. Eu não quero acreditar, porque eu penso e escrevo, penso e escrevo. Mas deve ser isso mesmo.
Não obstante o item anterior, noutro dia disseram-me que sou boa a dizer o que me passa pela cabeça. Perguntei se era um elogio e a pessoa assentiu. Concordo com essa ideia, sei que não tenho grandes reservas em dizer o que me apetece. Isto porque a maioria das pessoas que se dão comigo nem sequer me ouvem. Então eu posso dizer tudo, certo? Se nem sequer se dão ao trabalho de pedir explicações... Se fogem de mim, literalmente... Eu posso extravasar. É um privilégio, posso entender assim.
Mas agradou-me profundamente, o dito elogio. Afinal é mesmo verdade... Não é só de imaginação que este blogue trata, não. O blogue sou eu. Eu falo e escrevo. É igual.
Há quem se sinta sozinho
nas convicções
e nas razões
Eu estou sozinha
nas afirmações
e nas questões
A minha droga são os escritos que deixo no blogue. Pronto, já tomei o calmantezinho. É a única forma de não sucumbir à loucura, ou é, antes, das formas que estão ao meu alcance, a que mais me apraz.
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