sexta-feira, 2 de março de 2012

No sofá negro

No sofá negro ou no lugar da musa, tanto faz.
Atrás de mim há um quadro.
Bonito, dissera ele.


Um pé toca no meu. Sem sobressaltos olho para o lado e vejo um homem de braços estendidos tentando agarrar no quadro. Por causa do encosto de pés pede desculpa e eu digo que não faz mal. Vou aqui fazer uma troca, diz. Depois vai e torna. Ah, agora é só tirar esta informação, desculpa-se ele. Sorrio somente, para o efeito é quanto baste.
Entretanto começo a rabiscar umas coisas nos meus papéis reciclados.
Ele ausenta-se e regressa, uma vez mais. Pronto, já está, exclama todo satisfeito. Paro a escrita e volto a sorrir. Observo-o demoradamente, há pessoas que me encantam pela excecionalidade. Ele, talvez tomado pela minha atenção, comenta que logo à noite vai haver uma exposição ali e que foi o próprio artista quem lhe pediu que fizesse a troca de quadros. A rematar ainda me diz que os quadros são os dois lindíssimos.
Rodo o pescoço e exprimo uma espécie de concordância. Sorrio de novo, desta vez rente à gargalhada. É que estas coisas iam acontecendo e eu ia escrevendo. Ai o que eu gosto de escrever em direto...

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