No sofá negro ou no lugar da musa, tanto faz.
Atrás de mim há um quadro.
Bonito, dissera ele.
…
Um pé toca no meu. Sem sobressaltos olho para o lado e vejo um homem de braços estendidos tentando agarrar no quadro. Por causa do encosto de pés pede desculpa e eu digo que não faz mal. Vou aqui fazer uma troca, diz. Depois vai e torna. Ah, agora é só tirar esta informação, desculpa-se ele. Sorrio somente, para o efeito é quanto baste.
Entretanto começo a rabiscar umas coisas nos meus papéis reciclados.
Ele ausenta-se e regressa, uma vez mais. Pronto, já está, exclama todo satisfeito. Paro a escrita e volto a sorrir. Observo-o demoradamente, há pessoas que me encantam pela excecionalidade. Ele, talvez tomado pela minha atenção, comenta que logo à noite vai haver uma exposição ali e que foi o próprio artista quem lhe pediu que fizesse a troca de quadros. A rematar ainda me diz que os quadros são os dois lindíssimos.
Rodo o pescoço e exprimo uma espécie de concordância. Sorrio de novo, desta vez rente à gargalhada. É que estas coisas iam acontecendo e eu ia escrevendo. Ai o que eu gosto de escrever em direto...
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