A ideia inicial é escrever um texto acerca de fotografia com o intuito já definido de o enviar para o blogue 'Fábrica de Letras'. Então... Eu que escreva.
Na ponta da divisória, junto ao semáforo, que se encontra fechado para os peões, é onde ele está. Naquele cantinho onde é improvável que alguém se mantenha quieto, aí mesmo. A avenida mostra-se movimentada: pessoas, carros. O vaivém é constante mas também habitual e característico desse pedacinho empedrado, bem como desse preciso minuto.
Ele está ali devido a algo, há um interesse no olhar, um esticar de pescoço e uma máquina fotográfica nas mãos. Tem um ar paciente e descontraído, muito embora desassossegado, expectante. O alvo é verde e amplo. Espera um pouco, eleva a máquina e clica. No melhor momento. E clica. E clica.
Deixa cair os braços, larga a pose de fotógrafo, daquele fotógrafo que descontrai mas não deixa de ser fotógrafo, essa pose aí, apoia a máquina na perna direita, porque é destro, pressionando os dedos contra aquele rebordo que as máquinas 'como deve ser' têm. Continua a observar, não vá ter escapado algum pontinho interessante do espaço nu e verdejante.
Enverga um blazer desportivo, cá está a descontração uma vez mais, e uma t-shirt por baixo, cá está ela, a descontração, de novo. É um profissional, indubitavelmente. Um criativo que tem de se apresentar bem vestido, há-os assim.
Para fotografar é mister a dita descontração, tem de existir. Quer sejamos profissionais ou então não. Como eu. Eu gosto muito de fotografia mas talvez não goste tanto assim de fotografar, em certos dias ou momentos falta-me a dita.
Fotografias são segundos fixados num pedaço de papel ou tela de computador. Fotografar é clicar e pronto. Já está. Tudo é fotografável, reproduzível, transmissível através das imagens. Na sua essência é isto.
Fotografar é um pouco como escrever. A gente escreve e dá a ver, acontece, porém, que nem sempre o recetor vê como nós.
E porque fotografar é clicar e pronto, e porque a descontração às vezes anda por aqui, abaixo estão fotos tiradas em Mafra, no passado domingo, dia 4 de março. Olhei o horizonte, as linhas e contrastes, pareceu-me bem no olhar... E clique, três cliques. Descontraidamente.
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