A dona Genoveva diz que não gosta de falar mas está muito sozinha, isso sim, pede que não a ajude aquando das paragens do acelerado monólogo pois ela não se perde nas conversas, antes procura as palavras certas, mas não por falta de vocabulário, às vezes até lhe vem à cabeça palavras difíceis mas não as usa pelo facto de o interlocutor poder eventualmente não as entender. 'Olhe, vê?', continua ela, ‘Interlocutor. Se bem que interlocutor não é uma palavra vernácula...'
Aqui tenho de parar, creio que vernácula* tem a ver com verdade, verdadinha, verdadeira.
Tem pois. Acho que posso ir tomar qualquer coisinha com a dona Genoveva, sei umas coisas do dicionário.
Ela convidou-me, ou anunciou o desejo disso, por assim dizer. Hesitei e agradeci a espécie de convite e deixei no ar que um dia desses e tal a gente vê-se. 'Olhe, a Gina não me diga que sim que eu depois cobro! Costumamos encontrar-nos ali assim às tantas horas, um dia vamos tomar qualquer coisinha.'
Hum, tenho de mudar de esquina... A dona Genoveva é boa senhora mas não sabe conversar, um encontro entre nós passado numa mesinha de cafetaria será entediante para uma das partes: eu.
*Vernácula
Adjetivo
1. Próprio do país a que pertence. = NACIONAL
2. [Figurado] Genuíno, puro (falando-se da linguagem).
3. Correcto, com pureza no falar, no escrever.
s. m.
4. Língua própria de um país.
2 comentários:
Também conheço uma Dona Genoveva, que não se chama Genoveva mas é igual.
Acho que fazem parte da vida. Será?
É mesmo. ;)
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