sexta-feira, 1 de junho de 2012

Mulher - Musa

Move-se com graça por entre prateleiras cheias de livros. Tem o semblante calmo e feliz. Usa um vestido azul-escuro de alças fininhas e um xaile leve e transparente que escorregou num dos ombros.
Noto-lhe uma aura muito interessante, há algo apelativo que dela emana, tanto que retiro o bloquinho rudimentar e ponho-me a escrever o parágrafo acima. De repente vejo-a rondar a mesa onde eu estava sentada, fiquei receosa que ela lesse o que eu escrevia, o que seria descabido, àquela distância ninguém conseguiria ler os meus rabiscos, são minúsculos e dispersos. Mesmo assim não consegui continuar e guardei o bloquinho na mala, na disposição de me agarrar ao livro que havia desprezado quando fora atraída por aquela figura envolvente. Para meu espanto, ela estaca à minha frente e pergunta se pode sentar-se. Com certeza, faça favor, digo. Ela senta-se muito direita e começa a declamar um poema, num sussurro, só para mim. Completamente extasiada fixo o meu olhar no dela, enquanto absorvo o momento especial. Não fiquei na memória senão com uma simples frase do poema: 'poema pequenino'. Ela sorri muito enquanto declama, vê-se a emoção nos olhos e é extremamente agradável ouvir a sua voz limpa. No fim deseja-me um 'feliz dia da criança' e estende-me um pequeno cartão (o da imagem) com a informação das várias atividades que irão decorrer no lugar da musa.

Depois percebi que fui vítima das 'Leituras pop-up', um jogo surpresa para quem visitar a livraria Barata.

Sou muito solitária no mundo das letras, não conheço praticamente ninguém deste meio, mas de vez em quando acontecem-me umas coisas tão boas...


1 comentário:

Manuel disse...

Magnifico, quase mágico.