Perfil nº 1
A D. Antonieta* é uma daquelas clientes que eu gosto de atender pela sua simplicidade. Tem também uma grande facilidade em aceitar os meus conselhos acerca do que vai comprar, mas... gasta-me o nome... Passo a relatar:
- Boa tarde, Gina.
- Boa tarde, D. Antonieta. Como está?
- Bem obrigada, Gina. Lembra-se do que tínhamos falado, Gina?
- Vai ter que me lembrar...- o que ela faz com voz trémula e um pouco confusamente, confesso.
- E isto é bom, Gina?
- Isto é mesmo o que a senhora precisa- respondo eu com um sorriso espontâneo.
- Mas quer dizer... dá para aquilo que eu quero, Gina? E quanto custa, Gina?- é bem verdade que ela não discute preços, o seu único interesse é saber se o produto vai resultar.
Quando acaba de ser atendida sou bafejada por outra torrente de frases, desta feita, apenas com a intenção de conversar. E mais uma vez, frases que terminam com o meu nome:
- Ai pois era, Gina. Antigamente as lojas eram todas assim, Gina. Eu lembro-me e a Gina também se deve lembrar. Eu gosto muito do comércio tradicional, Gina. Aqui somos bem atendidos... a Gina tem muito jeito para balcão.
-... obrigada- respondo lacónicamente ao mesmo tempo que me sinto corar.
- Sinceramente eu acho isso, acho que a Gina é muito simpática e tem muito jeito.
- ... obrigada- respondo mais uma vez e fico a pensar se aquilo será mesmo verdade, não pela questão da simpatia, mas pela questão do jeito para atender ao balcão, quando fico tão facilmente sem palavras.
A D. Antonieta é uma senhora na casa dos sessenta anos, reformada há mais de dez.
Por isso, sai de casa por volta do meio-dia acompanhada pelo marido para beber um café, indo logo de seguida almoçar num dos restaurantes da zona.
É uma daquelas senhoras que não pertencendo à alta sociedade lisboeta, trabalhou durante décadas num departamento ligado às telecomunicações. Por outras palavras, teve um bom emprego, o que lhe permitiu e permite não ter problemas monetários. Consequentemente, tem aquilo a que vulgarmente se chama:uma vidinha santa...
A D. Antonieta é pequenina, saracoteante nos seu saltos finos de dez centímetros (no mínimo) usados para parecer mais alta, ainda que não consiga parecê-lo. Anda sempre com roupa a condizer e bem penteada. É uma senhora que apesar da idade, tem um ar muito limpo, aprumado e algo empertigado.
Ah... e usa sempre (sempre, sempre, sempre) a mesma côr de baton: vermelho vivo assim a fugir para o laranja.
A D. Antonieta tem um carisma suficientemente interessante para inaugurar esta ideia que tive há uns tempos de começar a criar post's relativos a personalidades que rondam a minha vida profissional, ou não.
Achei que o meu blog pode muito bem servir para registar perfis de pessoas que eu não quero esquecer pela sua índole.
* nome fictício
A D. Antonieta* é uma daquelas clientes que eu gosto de atender pela sua simplicidade. Tem também uma grande facilidade em aceitar os meus conselhos acerca do que vai comprar, mas... gasta-me o nome... Passo a relatar:
- Boa tarde, Gina.
- Boa tarde, D. Antonieta. Como está?
- Bem obrigada, Gina. Lembra-se do que tínhamos falado, Gina?
- Vai ter que me lembrar...- o que ela faz com voz trémula e um pouco confusamente, confesso.
- E isto é bom, Gina?
- Isto é mesmo o que a senhora precisa- respondo eu com um sorriso espontâneo.
- Mas quer dizer... dá para aquilo que eu quero, Gina? E quanto custa, Gina?- é bem verdade que ela não discute preços, o seu único interesse é saber se o produto vai resultar.
Quando acaba de ser atendida sou bafejada por outra torrente de frases, desta feita, apenas com a intenção de conversar. E mais uma vez, frases que terminam com o meu nome:
- Ai pois era, Gina. Antigamente as lojas eram todas assim, Gina. Eu lembro-me e a Gina também se deve lembrar. Eu gosto muito do comércio tradicional, Gina. Aqui somos bem atendidos... a Gina tem muito jeito para balcão.
-... obrigada- respondo lacónicamente ao mesmo tempo que me sinto corar.
- Sinceramente eu acho isso, acho que a Gina é muito simpática e tem muito jeito.
- ... obrigada- respondo mais uma vez e fico a pensar se aquilo será mesmo verdade, não pela questão da simpatia, mas pela questão do jeito para atender ao balcão, quando fico tão facilmente sem palavras.
A D. Antonieta é uma senhora na casa dos sessenta anos, reformada há mais de dez.
Por isso, sai de casa por volta do meio-dia acompanhada pelo marido para beber um café, indo logo de seguida almoçar num dos restaurantes da zona.
É uma daquelas senhoras que não pertencendo à alta sociedade lisboeta, trabalhou durante décadas num departamento ligado às telecomunicações. Por outras palavras, teve um bom emprego, o que lhe permitiu e permite não ter problemas monetários. Consequentemente, tem aquilo a que vulgarmente se chama:uma vidinha santa...
A D. Antonieta é pequenina, saracoteante nos seu saltos finos de dez centímetros (no mínimo) usados para parecer mais alta, ainda que não consiga parecê-lo. Anda sempre com roupa a condizer e bem penteada. É uma senhora que apesar da idade, tem um ar muito limpo, aprumado e algo empertigado.
Ah... e usa sempre (sempre, sempre, sempre) a mesma côr de baton: vermelho vivo assim a fugir para o laranja.
A D. Antonieta tem um carisma suficientemente interessante para inaugurar esta ideia que tive há uns tempos de começar a criar post's relativos a personalidades que rondam a minha vida profissional, ou não.
Achei que o meu blog pode muito bem servir para registar perfis de pessoas que eu não quero esquecer pela sua índole.
* nome fictício
1 comentário:
realmente lá o diacho da mulher deve ter uma coisinha qq com o teu nome...lool
Olha que tu també deste-lhe cá um nome...que vai lá vai...lool
Olha não te deves sentir incomodada com isso querida. acho eu, não sei.
mas pelo menos sabes que no dia em que ela não te chamar 30 vezes Gina em meia duzia de frases é porque algo está mal :)
beijinhos e um optimo fim de semana...
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