segunda-feira, 19 de maio de 2008

Não pode ser consigo?

Por motivos profissionais lido habitualmente com homens - patrão, vendedores e colaboradores. Existe, ainda, a particularidade de a grande maioria dos meus clientes serem do sexo masculino. Estou, portanto, familiarizada com o jeito de ser masculino. E até sei quão mais fácil é lidar com homens do que com mulheres...
No entanto, é sempre com alguma apreensão que visito locais de predominância masculina, particularmente se não é dentro daquilo que domino, tal como aconteceu hoje. A minha máquina de lavar roupa avariou e era necessário ir buscar umas peças para o Luís a reparar.
Entrei e cumprimentei quem estava, dando as boas-tardes. Porém, ninguém retribuiu a saudação. A isso também eu costumo assistir frequentemente pois hoje em dia, durante o exercício das minhas funções, a maioria das pessoas não chega a cumprimentar-me, trata imediatamente de "despejar" o motivo que a levou até ali, pondo de lado a boa-educação.
Ali, do lado de dentro do balcão estavam três empregados: um ocupado com um cliente, outro ocupado ao telefone e um outro semi-ocupado, tinha artigos na mão e parecia querer arrumá-los no sítio. Fiquei à espera deste último por me parecer o menos ocupado. Ao fim de alguns segundos e respondendo ao meu olhar inquiridor (creio) disse-me baixinho, pela timidez:
- Boa tarde. É só um bocadinho que um dos meus colegas já atende, está bem? É que tem que ser com um deles... - mostrou-me um sorriso fugaz.
Ora eu tenho a mania - é o raio do feitio que tenho! - de dissipar tensões dizendo qualquer coisa. E assim eu, exibindo uma expressão divertida e desolada em silmuntâneo (creio), disparei isto:
- Tem mesmo que ser com um deles? Não pode ser consigo? É uma pena... - grande pausa; mesmo enorme; uma eternidade. Ele olhou para mim espantado e fazendo algum esforço, quer para não esbugalhar os olhos, quer para não abrir a boca - é que assim despachava-me mais depressa!... - eu acabei a frase e o homem, corado até aos tornozelos, enfiou-se lá para dentro levando com ele os artigos por arrumar. Só o vi uns minutos depois quando já um dos colegas finalizava o meu atendimento.

Ainda bem que não ando à caça porque se andasse, espantava-a toda. De medo.

4 comentários:

Luis disse...

Faz-me pensar, ainda bem que li este artigo, não me importava nada de estar no lugar do tal tipo, mas agora depois de alertado, estou a ver que seria a melhor cliente do dia, os outros devem ser cegos para não verem o brilho que erradia a tua presença.

Gina G disse...

:-)
Normalmente a minha presença nota-se pouco. A não ser quando me saem frases daquele género e depois assusto as pessoas. :-)

redonda disse...

:) Gosto muito de como descreves o que te acontece :)

Gina G disse...

E eu gosto dos teus comentários...
:-)