Segue-se um post que estava no esquecimento mas devido ao acontecimento exposto no post anterior voltou a bailar na minha cabeça.
Um dia fui a casa dum cliente com o meu colega. Entrámos numa casa descomposta, em franco final de obras de remodelação, cheirava a estuque fresco e tinta acrílica. Cumprimentámos o senhor e tal e eu fiquei ali especada a olhar e coiso, observando a pureza das paredes e os fios que ainda havia a descoberto, plásticos soltos e outras coisas assaz interessantes.
O homem ficou a falar com o meu colega e eu, vendo que era um jovem senhor todo muito à-vontade e 'bora lá e mais não sei quê, escapuli-me para cuscar o resto da casa. Entrei numa pequena divisão onde alguns móveis simplórios ocupavam já o espaço. Aproximei-me da janela e olhei lá para fora. O que vi foi abismal...
Lisboa, 15 de Setembro de 2011 |
Mas que visão aflitiva! Isto é um buraco com janelas! Credo, como é que esta gente respira?!
Tirei as fotos que queria, fui clicando e clicando, mas sempre com uma ideia na cabeça:
'Devia perguntar ao senhor se não se importa...'
Estando eu nestes pensamentos algo titubeantes e ansiosos, sinto que alguém me observa. Virei-me para o lado. Não era um... Eram três homens. Das obras, homens que estavam lá a fazer as obras.
'Ups!', pensei eu, 'Fui apanhada.'
Devo ter feito uma cara de susto do caraças.
'Bolas, como é que eu saio daqui, onde é que me enfio... digo o quê, faço o quê, vou para onde...'
Mas lentamente fui descomprimindo, verfiquei que nenhum deles me ia ralhar, sorriam, até, rente ao embevecimento. Todos, sem exceção, exibiam aquela expressão que só uma mulher reconhece. De certo modo era uma visão bem mais aflitiva que o buraco com janelas...
Cumprimentei os senhores e afastei-me daquela vista surreal. Um deles, o mais sorridente, diz:
'Assustou-se?'
'Não...'
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