Duas senhoras passeavam na livraria do bairro. Muito compostas, de braço dado. Mãe e filha, presumidamente. Presumo eu, quero dizer. Mas não presumi que conheço uma delas, a mais nova. Conheço-a, efetivamente. É a senhora doutora do cão, aquele cão que corre pela casa fazendo um chinfrim desgraçado, que o chão é de madeira corrida e muito polido, o bicho escorrega em cada passada e cai em muitas escorregadelas. O cão é giro... E a 'mãe' da senhora doutora também:
– Comissão das lágrimas?! Ai minha nossa senhora!
Exclama ela muito espanta ao ler o título do novo livro de António Lobo Antunes, que se encontra em lugar de destaque, estrategicamente colocado para quase esbarrarmos nele. Que o compremos, é o desejo da gerência, e aqui volto a presumir.
Não deve vir a ler este livro, a dita senhora, presumo uma vez mais, e é a última vez que o faço neste dia na forma escrita.
A 'filha' sorri-me, como que a desculpar-se do grande drama da 'mãe', mas não me reconheceu.
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