Vi um olhar que me cativou no momento e nunca mais esqueci. Já passaram anos e hoje, de repente, lembrei-me daquele olhar.
Era uma mulher que estava sentada ao balcão de uma cervejaria esperando qualquer companhia que se dispusesse a acompanhá-la. Caçava homem, notoriamente.
Entrámos, eu e o Luís, indo ele ligeiramente mais à frente que eu. Instintivamente o olhar dela alcançou-o a ele indo imediatamente a seguir pousar no meu onde se demorou dois segundos apenas. Durante os tais dois segundos percebeu que aquele homem já tinha dona...
Não quero que este post faça parecer que uma mulher se atirou ao meu marido, não é isso o que quero transmitir, até porque nem foi isso o que na verdade aconteceu.
O que eu quero transmitir é isto - em apenas dois segundos vi num olhar pousado casualmente a carência de alguém que está sozinho, a ternura que ainda consegue sentir apesar da solidão, passando daí à beleza de quem contempla a felicidade de alguém e de seguida adquiriu um ar de consternação resignada, raspando a maternalidade... e... por fim... reinou a solidão e o desamparo.
2 comentários:
Tão bem que descreves este momento, este olhar. É que é extremammente difícil levar a leitora, neste caso eu, a sentir na pele o arrepio que o olhar da caçadora lançou sobre a potencial presa... a chama da esperança, logo seguida pelo desânimo conformado de quem já viveu aquele momento vezes demais!
Eu senti
Muito obrigada, Inês.
Bem-vinda. :)
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