quarta-feira, 19 de maio de 2010

Fumo


O homem do tambor descai um pouco a cada dia. Lá estava ele sentado à mesa de uma esplanada, as mãos ocupadas com o copo de vinho, o cigarro e a bengala, o olhar fitando o nada.
Calhou ele estar no meio de uma conversa entre mim e a rapariga da porta ao lado. Ela fumava e queixava-se do frio e veio-me à cabeça perguntar-lhe se o cigarro não a aquecia. O homem do tambor meteu-se e diz numa voz rouca pelos anos de fumo:
- A mim não me aquece nem me arrefece!
Inclui-o na conversa, eu que sou uma boa alma, e para prolongar o debate perguntei-lhe se lhe sabe sempre bem o fumo e aquela coisa toda que o fumar envolve.
- É fumadora?
- Não.
Ante a minha resposta o bicho remata com desdém:
- Então fume e assim fica a saber!
OK, homem do tambor, queres matar a conversa à nascença porque és parvo. O que eu agora devia fazer era pedir à rapariga da porta ao lado para te mandar o fumo direito às ventas!


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