quarta-feira, 31 de março de 2010

Que


Tenho que escrever, tenho que escrever.
Tenho que escrever, tenho que escrever.
Tenho que escrever, tenho que escrever.
Tenho que escrever, tenho que escrever.

Não tenho que... Mas hoje desentorpeci um bocado. O escrever tem isto: cria habituação e ao mesmo tempo necessita de treino. E já que eu gosto destas coisas de escrever, olha... estou de volta.
Tenho andado meio insensível à vida. Digo meio porque às vezes a sinto muito e outras vezes não sinto nada. Sustêm-me uns quantos fármacos mas não são eles que me arrancam a sensibilidade, não. É uma dor qualquer que me força a ficar insensível para que não doa tanto e depois vão-se as palavras e as ideias e perco aquele estalar de dedo, aquela mola impulsionadora que me faz escrever. O que estou a fazer neste momento mais não é que depositar ideias e sentimentos um tanto ou quanto distorcidas. Mas eu gosto de escrever. Gosto, gosto. E por hoje aqui me fico.


'A Folha da Rosa'


Criei uma ideia nova. Era engraçada, todos os dias elegeria um assunto ou momento passado na rua da Rosa porque há sempre coisas dignas de registo passadas naquela rua. Deixou de fazer sentido, o que não quer dizer que não tenha pena de lhe ter perdido o norte, ao sentido, e o que não quer dizer que ele não retorne.

'A Folha da Rosa', era o nome da ideia, uma espécie de jornal.
Estou triste por isto tudo ser assim.


Rebuçados


Tem havido muitos rebuçados na minha vida ultimamente.
Comprei uns brincos e a senhora fez um embrulho semelhante a um rebuçado.
Um dos meus fornecedores devolveu-me uma peça que eu lhe mandara para amostra embrulhada num papel de rebuçado de mel e limão.
Fui a uma loja na baixa onde fazem rebuçados artesanalmente e à vista do cliente, do presumível cliente e do visitante. Eu era uma das presumíveis: fui ver e comprei. Provei duas amostras: melancia e flores. Eram bons, o de melancia bem melhor. Ao momento não havia mais para me amostrar... Acabei por escolher uns que a senhora disse serem fora do comum em paladar e textura: anis e envolvidos em alcaçuz.
Ora bem, aquilo é rebuçado de gajo! Só pode! Eu e outras não os suportamos. Mas... O Clóvis adorou, o Sô Ventura gostou, o Zé do gás também gostou e repetiu, o colega, o senhor Raúl detestou, não foi na onda, o Rodrigo não gostou e o senhor Joaquim nem sequer quis provar. É que o senhor Joaquim sabe de uma história de alcaçuz...
Há muitos anos houve um velhote que andou a carregar sacas de alcaçuz. As sacas eram de sarapilheira e o alcaçuz é um pó que com o andar e o roçar se entranhou na respiração e na pele do homem. Só para terminar: o alcaçuz diz que é um poderoso afrodisíaco... Pobre homem!

Nota: pesquisei, superficialmente, ou seja, não perdi muito tempo com a pesquisa, e não encontrei nada que provasse que o alcaçuz tem propriedades para fazer aquilo ao pobre homem. No entanto a história, que é antiga, persiste. Fica assim, faz de conta que é uma lenda e pronto.


Adenda


Para escrever 'A luz' e 'Azul' são precisas as mesmas letras.

E com o verde?... 'A luz' e 'Verde' não repetem uma só letra.

A luz azul




A luz azul ali é para acalmar, pensei eu. Perguntei ao senhor doutor e ele disse que sim, eu estava certa. O azul é calmante.
Para o meu blogue escolhi o verde. O verde fará o quê, ou é o quê? Conduz / induz / introduz a esperança na mente das pessoas somente? Sendo a cor da clorofila, celebra a vida? Não fará nada de mais extraordinário ainda?


Borbulhas


Desta vez não são as minhas, são as de outra, as da grávida. É que ela desde que engravidou não tem acne... Tem uma pele sedosa e limpa. Que não se diga que os filhos não fazem nada pelos pais.


Fim do mês


'O fim do mês é só para alguns!' exclamarão alguns. Eu nego, o fim do mês é o fim do mês é para toda a gente.


Prima-bera


Porra para o frio mais o raio que o parta que já cá não faz falta nenhuma!


Diálogo


- O senhor é mecânico?

- ...

- Disseram-me que o senhor era mecânico...

- Falo com eles!

- Ah...

segunda-feira, 29 de março de 2010

23:51


Nada há mais certo que um dia atrás do outro.
Continuo a sentir qualquer coisa a despontar, qualquer coisa que quer sobressair. É bem, é sinal que estou viva. Se estivesse morta deixaria de sentir as coisas e os dias atrás uns dos outros, o que não deixaria de ser uma certeza. A morte, quero eu dizer.
Hoje não há fotografias, não há posts, não há porra nenhuma. Apenas uma astenia e uma vontade que lhe está subjacente. Seja lá o que fôr, o que isto quer dizer.


domingo, 28 de março de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (26)








As fotografias são três, eu sei, mas como é uma sequência de um só momento achei que podia quebrar a regra, até que foi para serem quebradas que as regras foram inventadas...
Este gato não era nada tímido, veio logo ter comigo. Viu-se perfeitamente que é um animal habituado a ver estranhos.

Loures, 28 de março de 2010

E agora vou-me embora


Ou então não.

Conselho


Fiz arroz de pato. Sobrou qualquer coisa. Aqueci para comermos no dia seguinte (hoje). Alguns bagos de arroz mudaram de cor, parecem lagartas minúsculas. Aconselho a que não se guarde arroz de pato de um dia para o outro. Ou então que se coma frio, que não se requente. Não é bom achar que estamos a comer lagartas. Por pequenas que sejam.

Agradecimento:
Bem hajam, caros (as) leitores(as), por lerem este post tão carregado de originalidade e graça.


Mudou a hora


Amanhã, este povo que é fraco, dado a queixas e atreito a males de muitas espécies, vai andar cheio de olheiras e sem apetite por causa do novo horário que nem é fuso nem nada.


Houve rasgões no céu













Local e data da fotografia: Loures, 28 de março de 2010

Houve jogo de futebol




O Pinheiro de Loures perdeu 1-0 para o Alta de Lisboa mas nada como pôr aqui uma bola que o rico filho (o jovem da direita) cortou ao adversário para animar a malta...


Post número um de hoje


Ora bem, vamos lá começar a escrever que isto o dia esteve bonito.

sábado, 27 de março de 2010

Contacto
















Fui fazer um contacto com a natureza. Eu, que moro ladeada de montes, rodeada de árvores e pássaros e coberta de céu.
Fui respirar o mesmo ar. Não foi mau mas eu queria que tivesse sido muito bom.


Local e data da fotografia: Loures, 27 de março de 2010


sexta-feira, 26 de março de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (25)




Nada como terminar a maratona de posts de hoje com uma fotografia tirada à socapa. É um quintal muito ornamentado e por isso mesmo, muito original.
Não vou revelar onde existe este quintal porque a minha máquina, não eu, invadiu uma propriedade privada. Eu fiquei de fora mas a máquina entrou lá dentro e eu clique!
No entanto, se algum(a) leitor(a) quiser muito saber... pergunte.

... ?, 26 de março de 2010


Fim do dia


Agora acho que não é preciso ser doida para estar ali. É, antes, necessário ser parva, é isso.
A minha mãe tem uma expressão gira para designar uma pessoa parva, diz que é aleijada dos cornos. É isso: eu, para tanto persistir em algo que me torna tão infeliz, só posso estar aleijada dos cornos.


Aqui


Aqui tenho a sorte de ninguém me vir dizer que há quem esteja pior que eu. Ao menos isso.
Tenho escrito muito ultimamente, talvez demasiado. E talvez escreva demasiado porque não obtenho grande resposta. Até é bom que ninguém me diga nada, contrariamente ao que costumo querer, e quero (quase) sempre muito receber comentários.
Mas agora não, agora sabe bem a solidão. Eu acabo muito melhor com as mágoas estando sozinha. É por isso que escrevo. Eu já disse alguma vez que um dos motivos porque escrevo é para que as coisas se tornem insignificantes? Pois é, se não disse está agora dito.


A senhora


Alguém que diga àquele senhor assim-assim que não me cumprimente deste modo: 'Como vai minha senhora, vai bem?'
Porque eu já pedi e não fui atendida, já ordenei e não fui obedecida. Só falta implorar mas isso eu deixo convosco.


Coisas boas


'Tu tens é que pensar em coisas boas!'

(Hum-hum...)

O casamento feliz
Os ricos filhos saudáveis
Os passeios pelos mesmos locais, é certo, mas sempre tão diferentes
O fotografar tudo e mais alguma coisa
A minha escrita, fugaz e superficial, ou fluente e intensa
Os blogues interessantíssimos de que sou autora
A minha cabeça, o meu tronco e os meus membros... mesmo avariados
Os meus cinco sentidos (quase) sempre alerta
Os bolos maravilhosos que confecciono
O sol luminoso que já se anuncia
A lua enorme e brilhante
As nuvens à frente do sol e atrás dele
As flores e suas cores, formas e texturas
A neve que não me cai em cima do pêlo
As sombras e os sombreados na parede de um prédio, numa calçada
A fruta sumarenta e doce, ou a granulada, ou a de sabor suave
O café da manhã
Quadradinhos de chocolate, muitos, preferencialmente
A minha cabeça pensante, quando pensa em coisas boas


Mulher boa


- Como é que um gajo diz a um amigo que ele tem uma mulher muita boa?!

Não lhe respondi, não me era conveniente para continuarem pensando que sou uma senhora às direitas. Mas aqui, que é onde costumo partir a louça toda, digo qualquer coisita:

'Um gajo não diz, um gajo usa a linguagem corporal. Se ela vem lá ao longe e se dirige aos dois (o gajo e o amigo), um gajo volta-lhe as costas e o amigo, se for observador, fica logo a saber...
Acontece, porém, que não há gajo (ou amigo) ao cimo da terra que tenha este saber... Este tipo de perspicácia é pertença das gajas.'


Cantilena


O Zezinho comeu a sopinha...
E engasgou-se;
Depois quis batatinhas à rebolão...
E o pai...
Deu-lhe um chapadão que é para não se armar em parvalhão!


Acho esta cantilena uma obra literária muito bem conseguida. E o leitor(a), que acha?


Piadas d' homem


Qual é o macho da cotovia? O cuteviu...

Qual é a fêmea do atum? Atua...

T-shirts de macho


Afinal, bem vistas as coisas, há também t-shirts para homem estampadas com caras de homem.
Não sei que pensarão eles acerca desta temática, se terão uma posição igual à minha, que não acho boa ideia andar na rua com a fuça de uma caramela qualquer mesmo em cima dos peitorais... Macho que é macho certamente pensará que é coisa amaricada andar com o trombil de um gajo roçando os mamilos...


quinta-feira, 25 de março de 2010

Dê-prê


Eu ia cuscar os brincos e os colares e tudo o resto que havia na loja. A funcionária era faladora. E falou, no seu sotaque brasileiro:
- Ai, tou cheia de tonturas. Tou com uma depressão e a médica já me falou que os comprimidos podem dar nisso...
Faltava-me fulgor, não me apetecia fazer mais nada senão ficar ali e, bem vistas as coisas, nem era preciso fazer coisa nenhuma. Fiz-me a vontade: fiquei queda e pousei o olhar nela.
Que tinha ataques de pânico. Que tinha vómitos ao mexer em certas substâncias. Que queria matar-se. Que fugia do trabalho. Que tinha medo das pessoas. Que não tinha vontade de fazer nada. Que tinha dores pelo corpo todo. Que tinha muito frio.
Que. Que. Que. Que.
Revi-me em toda aquela catrefada de queixas. Não disse nada, não ia haver espaço para as minhas lamúrias.


A tradutora


Cá em casa, o Pinto da Costa é agora Little chicken of the coast. Ideia e tradução da rica filha.


Fui à mercearia...


Buscar alhos. Buscar alhos. Buscar alhos.

Nota: ler rápido, por favor.


Bom aspecto


Nas conversas doentes disseram-me assim:
- Isso é a sério?! Mas olhe que tem muito bom aspecto!
Claro que tenho bom aspecto! Eu sou uma mulher giríssima... Para mais: sou tão gira, tão gira que me falta um pedacinho assim...


... Para ser linda!
E agora que já dei colo ao ego e espantei as mágoas, vou-me embora.



    Wonderful World


    I've been down so low people look at me and they know,
    they can tell something is wrong
    like I dont belong,
    well, staring through a window standing outside there just to happy to care tonight
    and I wanna be like them but I'll mess it up again,
    I tripped them out when God kicked outside everybody's soul.


    And I know that it's a wonderful world
    But I cant feel it right now,
    I thought I was doing well but I just want to cry now,
    Well I know that its a wonderful world from the sky down to the sea,
    but I can only see when you're here, here with me.

    Sometimes I feel so full that it just comes spilling out,
    it's uncomfortable to see I give it away so easily,
    but if I had someone I would do anything and never never never never let you feel alone
    I wont, I wont leave u on your own,
    who am I to dream, dreams are for fools, they let you down.


    And I know that it's a wonderful world
    But I cant feel it right now,
    Well I thought I was doing well but I just want to cry now,
    Well I know that its a wonderful world from the sky down to the sea,
    but I can only see when you're here, here with me.

    And I wish that I could make it better,
    I'd give anything for you to call me,
    Maybe just a little letter
    Oh it could start again.


    And I know that it's a wonderful world
    But I cant feel it right now,
    I thought I was doing well but I just want to cry now,
    Well I know that its a wonderful world from the sky down to the sea,
    but I can only see when you're here, here with me.

    I know that its a wonderful world
    but I cant feel it right now,
    I've got all the right clothes to wear I just wanna cry now,
    I know that it's a wonderful world from the sky down to the sea,
    But I can only see well when you're here, here with me.

    And I know that it's a wonderful world
    When you're with me.

    James Morrison



Fonte: http://vagalume.uol.com.br

Imitações


Ninguém me fala no Messenger porque eu não falo a ninguém.
Eu não falo a ninguém no Messenger porque ninguém me fala.


Listas


'Faz listas das condições que queres e de etapas que queres ver concretizadas' disseram-me.
Mas eu, já de mim aversa a listas e adepta ferrenha da espontaneidade, pressinto-as como um inútil gasto de tempo e um acumular de anseios indesejados e inglórios.
A minha vida não vai mudar. Não que não queira. Mas não vai.


Uma fotografia por dia que bem iria... (24)




Não sei que dizer. Sei que a fotografia é linda e pronto.
Só se disser que as senhoras na paragem da camioneta do outro lado da rua me olhavam. Só se for isso.
... nada disso - a fotografia é linda e pronto.

Loures, 24 de março de 2010


Fui




Fui com o intuito de ver o ambiente. Não foi bom. Não foi mau. Parece que estou em cima de uma linha invisível e intransponível. Não quero pensar no dia em que a transpuser porque não tenho certezas boas, ou perspectivas agradáveis. Posso pensar que o mal está na minha cabeça, na verdade está. Posso pensar que tenho de ser positiva, que se for positiva lá chegarei. Ao bom, quero eu dizer.

Local e data da fotografia: Lisboa, 24 de março de 2010


A caminho


Achei por bem fazer o caminho habitual. Saí duas estações antes e fui o resto a pé. Fui revendo os locias do costume, tentando alegrar-me com as cores e os sons e as gentes, porque a vida é bela e é assim que eu a quero sentir. Isto tudo era a ver se não me dava nenhuma coisa daquelas. Porém, não me escapei... Sentei-me só um bocadinho algures, depois continuei. Eu que sou uma lutadora, ah pois.
A dada altura vi uma senhora conhecida, ela não me viu e eu fiquei com pena. Mais à frente vi uma outra senhora que conheço, ela também não me viu mas aí não tive pena nenhuma... Depois vi ainda uma outra passeando o neto. Ia-lhe ensinando uma lenga-lenga:
- Diz lá filho! Como é? Diz lá para a avó ouvir, vá!
Cumprimentámo-nos com sorrisos e 'boas-tardes'. A cena do menino e a avó alentou-me. As gentes e os locais do costume, que a vida é mesmo para ser assim.
Respirei fundo antes de dobrar a esquina... A vida é para ser assim.


quarta-feira, 24 de março de 2010

Sair


E agora vou daqui para ali. Não vou confiante. Vou! Simplesmente vou. E é quanto baste porque não consigo que seja de outra maneira.


Há sempre alguém...


Considero deveras incongruente alguém dizer-me que há quem esteja pior que eu, que é só eu olhar para o lado e vejo logo grandes desgraças, todas elas muito maiores que a minha. Diz-se numa tentativa de me animar, é certo, mas eu acho incongruente mesmo assim. Coitadinhas das pessoas da Madeira, do Haiti, por exemplo. Ah pois, coitadas, sim. Mas que me interessa isso se é comigo que tenho de viver, se são os meus problemas o que me aflige? De que me serve estar muito preocupada com essas gentes? Acaso deixo de ter problemas ou resolvo-os a olhar para o lado, onde estão as maiores catástofres?! Não! Se calhar até fico mais deprimida ainda.
Eu nunca seria capaz de dizer coisas deste género a alguém porque eu, e é com orgulho que digo, possuo aquela inteligência emocional que não me deixa dizer barbaridades dessa natureza. Ouço a pessoa, ela diz o que tem a dizer de si e pronto. Se estou triste e doente deviam ouvir-me, principalmente, e falar comigo do que eu tenho e não compararem-me a pessoas que não conheço, minorando, e desprezando, até, as minhas razões. Mas não, as pessoas na Madeira e no Haiti não têm casa onde morar e assim... Claro.


Dilema


Estou num dilema: não sei se me sinta culpada pelo que não tenho feito, se culpe os outros pelo sofrimento atroz que me provocam.
Oh, coitadinhos deles? Ou então não, eles é que são os causadores da minha dor?


Fotografar




Ultimamente tenho tirado muitas fotografias, muitas mesmo. Não vejo reações muito variadas nas pessoas quando reparam que estou a fotografar. A maioria olha-me com espanto e estranheza. Não gosto muito, fico com a sensação que estou fora da realidade comum, isso não é salutar para mim, que ando numa fase de buscar uma normalidade ainda desconhecida.
Muito mais agradável foi o comentário de uma senhora que ao ver-me apontar a máquina a todas as flores e mais alguma (naquele dia em que montei um post com trinta e cinco fotografias de flores em homenagem ao rico filho) a jardineira do lugar onde me encontrava (Parque da Cidade, Loures) simpática e alegremente perguntou-me: - Então, andas a tirar fotografias às florzinhas? Fiz que sim com a cabeça, que ando parca em palavras. Ando mais parca em palavras quero eu dizer.
A fotografia apresentada em cima é um tipo de fotografia que não tenho o hábito de tirar - pessoas, não costumo fotografar pessoas por ter receio que não gostem, esta foi a primeira vez que o fiz.
Íamos na camioneta, eu a rica filha. Fiz-lhe notar a linha no casaco do senhor e disse-lhe que ainda conservo um tique dos meus tempos de costureira: não posso ver linhas pousadas nas roupas! E este senhor, sentado no banco à frente de nós, tinha uma linha preta num casaco branco, contraste do caraças! Cliquei, ante o olhar indignado da minha filha.


Desculpa


Desculpa que todas (salvo seja!) as mulheres proferem ao lhe entrar visitas inesperadas:

- Ai, desculpem lá esta desarrumação toda...

Resposta de todas (salvo raras excepções) as pessoas proferem lentamente e de sorriso aliviado nos lábios:

- Ah, não se preocupe com isso, eu não venho cá para arrumar nada!


Uma fotografia que bem iria... (23)




Há já muito que reparo neste portão que quanto a mim é original por ter os contornos do Bambi. Como é um sítio onde passo amiúde, tenho deixado o clique para depois. O depois chegou ontem, porque ontem, surpresa das surpresas, um gato gordo e luzidio espreitava entre o Bambi.

Loures, 23 de março de 2010


Bolo Gourmet




Quando viu este bolo a rica filha chamou-lhe Bolo Gourmet. A receita base é a que apresentei aqui, feito numa forma sem buraco e depois coberto com merengue.
O merengue é composto por claras batidas em castelo com açúcar em pó. As quantidades são de 50 gramas por cada clara de ovo. Eu usei 4 claras e 200 gramas de açúcar sem ser em pó e resultou muito bem. Por último polvilhei o bolo com chocolate em pó para ficar mais bem apresentado mas é facultativo. Tê-lo-ia coberto com amêndoas laminadas se as tivesse na despensa...

Bom apetite!


terça-feira, 23 de março de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (22)




É assim! Cada um pendura-se como pode. Não havendo cacifos... há árvores!

Terra de ninguém, 23 de março de 2010


Nota: esta Terra de ninguém é a mesma de que já falei aqui. Só que desta vez é do outro lado da estrada.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (21)




Subia a Calçada de São Francisco em Lisboa. Olhei para trás e vi esta bela paisagem, saquei da máquina e clique!
Ao longe vê-se o Castelo de São Jorge por entre as chaminés e os fios do eléctrico, apesar do crepúsculo.

Lisboa, 22 de março de 2010


Dia Mundial da Água




Nem de propósito! Ontem tirei esta fotografia porque achei muita graça ao fio de água correndo de uma velha torneira. Hoje de manhã ouço no radio que hoje é o Dia Mundial da Água.

Declaração Universal dos Direitos da Água

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta. Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.


Fonte da pesquisa: http://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_mundial_da_agua.htm


Pachorra


Tenho para mim que aquelas pessoas pachorrentas que levam sempre tudo nas calmas, que nunca se enervam nem nunca se deixam abater por mal algum e tal e tal, são assim porque descansam nos outros. Depois os outros, os irritadiços, andam aos ésses porque fazem tudo, tudo, tudo. E enervam-se, ou irritam-se e essas coisas e nunca estão bem. Já os outros... Dizem: 'a gente tem de ter calma', 'não serve para nada estar mal-disposto', 'eu sempre tenho levado a vida a bem'. Que merda...

domingo, 21 de março de 2010

22:43


E é assim: tive um dia cheio mas não um dia em cheio. Queria fazer o que não fiz e fiz algumas coisas que não queria fazer.
Trocadilhos e quês... Quando quero escrever e na realidade não posso escrever o que quero sai-me textos assim trocados, que esta vida dá a ideia que está ao contrário mas não está, esta vida é mesmo assim.
Desejo aos leitores uma boa noite de sono ou de outra coisa qualquer, que eu vou ali tomar a porra de mais um comprimido para dormir bem, sim que eu vou dormir, para amanhã acordar e levantar-me aos 'ésses' e achando que a vida está aqui mesmo ao lado e ao meu alcance mas não será para mim porque eu não me apetece nada fazer coisa nenhuma.


Uma fotografia por dia que bem iria... (20)




Chegou a primavera e eu mudei o aspecto do blogue. Pus lá em cima uma fotografia tirada hoje a uma catrefa de azedas de costas, abundantemente contempladas pelo sol reluzente que hoje se viu em algumas horas do dia.
A mesma fotografia que é a de hoje, daquelas fotografias do tipo: 'Uma fotografia por dia...' e blá blá blá.
Espero que a novidade agrade aos leitores.
Agora a sério:

O meu blogue está lindo!

Pinheiro de Loures, 21 de março de 2010.


Chegou a primavera






Pinheiro de Loures, 21 de março de 2010

Houve jogo de futebol


O meu futebol hoje foi assim... Verniz nas unhas e salto alto.




Azul




A rica filha já pinta a unhas de azul. Pinto-lhas eu, quero dizer. Diz que ficava bem na roupa e que pode usar esta cor berrante e fora do comum porque tem 18 anos...


Sinais do tempo que passou



O rico filho ajudou o pai a pôr no lixo uma máquina de secar roupa que foi comprada quando ele nasceu...

Lembro-me da senhora que trata dos equipamentos de futebol da equipa onde joga o rico filho. Lembro-me dela há uns trinta anos atrás, tinha-lhe nascido um menino e ela lavava fraldas num tanque lá no seu quintal...


Às compras


  • No corredor dos pacotes de natas e de molho béchamel ouvi uma voz roufenha e descombinada com o burburinho próprio de um supermercado em hora de aperto. Era uma gravação, pois claro. Alguém falava através de uma coluna escondida como o molho béchamel da marca tal e tal era bom e gostoso e como aliviava as donas de casa aumentando-lhes o tempo de lazer... Tretas!
  • Dois paneleiros (jovens!) faziam as suas compras semanais. Dizer que são compras semanais sou eu a querer meter-me na vida das pessoas, podiam ser compras diárias, sei lá eu! Mas faz de conta.
    Achei interessante que só um deles conduzia o carrinho e o outro é que escolhia as coisas e assim. Pareciam um casal. Isto de os paneleiros e as fufas parecerem casais, à medida que o tempo passa é mais comum. Eu, para me habituar às modernices e à igualdade de direitos em relação às opções sexuais, devia ter começado este item com: um casal de homosexuais e blá blá blá...
  • Na fila para pagar (não escrevo bicha para não parecer mal...) atrás de mim uma senhora diz para outra: 'Agora vou daqui fazer uma sopinha de feijão verde!'
    Soubera ela o que eu detesto feijão verde e teria escolhido outra hora para dizer semelhante barbaridade.
    À semelhança do que escrevi uns posts atrás tinha-me dado jeito ter escrito na nuca que não suporto feijão verde!


sábado, 20 de março de 2010

Sonhos


Ontem sonhei com um gato. Enterrou a cabeça na areia e depois levantou-a trazendo muita areia agarrada à cabeça assemelhando-se bastante à juba de um leão.
Eu gostava que isto significasse que eu vou desenterrar-me, vou sair do buraco onde estou, sair de lá mais forte que nunca. Se isto fosse verdade e se realizasse era mesmo bom.

Hoje sonhei que um homem que não conheço pegou em mim ao colo para me elevar até ao cimo de uma escada. Ele pegou em mim porque eu mostrara medo, ajudou-me a superá-lo. Chegada lá acima senti-me muito bem, aliviada e feliz com a ajuda preciosa do homem desconhecido, eu tinha emergido do fundo onde estou.
Este sonho é para concluir como o anterior: se isto fosse verdade e se realizasse era mesmo bom.


Ah!...


Isto está melhor: ao tempo que estou a escrever as coisas do costume.


Escritos e assim


Eu devia ter escrito na testa que não posso ser contrariada. Hoje, na feira, numa daquelas bancas que tem artigos ao preço da uva mijona, uma senhora agarrou no casaco que eu queria, o casaco que eu já tinha acariciado e dito que estava apaixonada por ele. Larguei-o só por um pouquinho de tempo e zuca, ela pegou-lhe, gostou, pagou e bazou toda feliz.
Lá está, se eu tivesse escrito na testa (pensando bem, convinha que estivesse escrito na nuca também para poder ser visionado por duas prespectivas, ao menos) que estou doente da cabeça, o casaco era meu.


T-shirts


Há pelas lojas toda uma parafernália de t-shirts estampadas com caras de mulher.
E eu lá quero andar com a fuça de uma gaja qualquer em cima das mamas?! Quem terá inventado tal coisa?


Letras


Quando escrevo omito letras involuntariamente porque este teclado tem migalhas de bolachas e de pão, pingos de leite já seco, pó de unhas e pingos de acetona e também é bem capaz de haver nas entranhas do dito alguns baguinhos de arroz...
Muito bem escrevo eu, ainda assim. Quer dizer, muito bem escreve o teclado, pois.

Também omito letras em escrevendo manualmente. Aí já não sei que se passa, o papel não absorve nada daquilo que referi acima.


Roupa


- Acabei hoje mais uma saia. Já fiz duas! - Conto-lhe eu cheia de orgulho.

- Sério? E faltam-te quantas? - Pergunta ele meio sarcástico.

- Faltam quatro vestidos, três blusas, um top, umas calças... e duas saias!

- ...?!



Publicidade


Agora vê-se por aí nos placares publicidade a uma marca de lingerie. Apresentam uma moça sem curvas e sem mamas mas de cuecas e soutien, num campo que parece de flores, digo parece porque o fundo da imagem está difuso, com o caule de uma flor enfiado na boca a fingir que chupa. Acho eu que finge...
É uma visão um pouco estranha, ninguém vai para o campo assim vestida chupar caules de flores, a não ser que se lhes pague, claro. Mas se a moda pega... É que mesmo nem pagando nem nada, se ela pega...


Duas perguntas parvas:


Eu: - Os shampôs de cabeleireiro são mesmo melhores que os de supermercado?

Cabeleireira: - Que é que acha, menina Gina?!


O mundo ao contrário


Diz que o mundo está do avesso. Discordo, o mundo está como é. Se o virassem para o outro lado, o do lado direito, não ficava bem, entornava-se tudo.


O ovo


Comprei uma dúzia de ovos. Um deles apresentava-se com a casca muito rugosa e mal acabada numa das extremidades.
Ainda bem que este ovo não deu em pinto porque se calhar dava em pinto deficiente. Sem patas, ou olhos, ou bico e assim. Folgo que este ovo tenha vindo a fazer parte do arroz doce que acabei de fazer agora mesmo. Folgo, ao sério que folgo.


sexta-feira, 19 de março de 2010

Hoje


Hoje o dia foi estranho, usando um eufemismo. O dia foi para lá de estranho, na verdade...
Eu, que até sou do tipo: 'Deixa-te de merdas, Gina Maria, e 'bora lá!', agora ando nisto, uma insensibilidade emocional que é qualquer coisa que sinto que devia temer mas não temo devido exactamente à insensibilidade. Sinto as coisas mas não as sinto e fico-me. E não me chateia nada ficar parada, não me dá raiva, não me leva a querer fazer coisas a ver se isto passa.


Uma fotografia por dia que bem iria (20)




É musgo seco, ou então é outra coisa qualquer. O que eu sei é que é uma erva seca e já velha que ainda não morreu, aguenta estoicamente as intempéries. Estava em cima de um muro e agora está aqui. É uma visão muito mais bonita ao vivo, garantidamente, mas foi o que se pôde arranjar.

Loures, 19 de março de 2010


quinta-feira, 18 de março de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (19)





Andei em Lisboa às voltas. Gastando o tempo e aproveitando para passear. Outra vez vendo montras e pessoas. As pessoas não me assustam, agora. Comi a minha maçã andando e depois comprei uma queijadinha porque tinha que meter mais alguma coisa para dentro para tomar a porra do comprimido. Era fixe que a senhora doutora me tivesse receitado antes fumar umas ganzas e apanhar umas bebedeiras. Os efeitos que produziriam seriam bem parecidos aos que sinto.
A dada altura fiz-me lembrar uma sem-arbigo: solitária e invisível, carregada de sacos com as mais variadas coisas, inclusivé a bucha. Sempre que queria ver as horas tinha que pousar a trouxa toda no chão e fuçar dentro da mala para descobrir o telemóvel. Bem, nesta parte do telemóvel talvez não me assemelhasse muito uma sem-abrigo...
Depois, quando já anoitecia, sentei-me aqui de onde tirei esta fotografia. O Rio Tejo ficava lá bem à frente, vi partirem uma série de barcos e fiquei a olhá-los no seu percurso até à outra margem. Ali onde eu estava havia um agradável cheiro a rio. Cheirava a Lisboa.
Depois acabou. Larguei aquilo tudo e embrenhei-me de novo no meio das gentes. É indubitável: a vida são as pessoas.


Lisboa - Cais do Sodré, 17 de março de 2010



Uma espécie de regresso



Não tenho tido grande vontade de escrever. Posso até dizer que alguns dos últimos posts foram forçados.
Agora é como se não vivesse, estou grande parte do tempo apática e distante. Nos momentos em que a apatia me abandona sinto que não gosto dela, que quero viver, quero ver as coisas e ter vontade de as transformar em texto.
Estou em casa... a descansar, vá. Isso por si só é sinónimo de pouca coisa a partilhar.


Nomes


Que não se diga que o aspecto físico não é importante. Que se deixem de tretas do tipo:'o que interessa é o interior da pessoa, o exterior não conta para nada'.
As pessoas diferentes não têm nome. São 'gordos', 'vesgos', 'coxos' e por aí fora. O impacto visual tem sempre a máxima importância e somos nós que lhe damos essa importância.


Adenda a um post que está uns três ou quatro abaixo deste, para aí... Aquele que tem trinta e cinco fotografias de flores, esse mesmo!


Rico filho, a mãe também tira fotografias a:

Quadros;

Aviões;

Pionaises;

Bonecos a dar beijinho;

Gatos;

Cães;

Mosaicos;

Janelas;

Puxadores;

Bichos às pintinhas e...

Burricos!

























E, por último, tiro fotografias ao teu futebol, ao que nos divertimos todos por te ir ver jogar...





Descobertas


Descobri um viveiro de meias entre os lençóis ao fundo da cama do rico filho. No quarto da rica filha também há viveiros: de pacotes de bolacha vazios.


Sol



'Banho de frescura' e 'o sol e a cidade' li numa revista enquanto esperava o senhor doutor.
É bem, está sol. Mas o banho de frescura e o sol e a cidade ainda não combinam assim lá muito bem com estes dias...


As senhoras



No metropolitano:

A senhora do broche na lapela (ficava tão mal!) mirava a senhora das unhas lilás que mirava a senhora da flor de feltro na lapela (ficava mesmo bem!) que não mirava ninguém.


Fotografar flores

Rico filho, sarcasticamente:
Mãe, para que é que levas a máquina? É para tirar fotografias às flores?








































Mãe, cheia de orgulho:
Que tal, rico filho?