sexta-feira, 30 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (35)




Não sei o nome da rua. Só sei que passei, vi, voltei atrás, tirei a máquina da mala e clique. Alguém perdeu e outro alguém encontrou e pôs ali, achando que estaria mais visível.
Conheço o modelo da chave, pertence a um velho Peugeot, ou velho Citroën, ou velho Renault, cujas ignições costumam ser da marca Neiman. Este modelo de chave é: NE 55 P, ao presente é uma antiguidade em matéria de chaves de automóvel. Como é que sei estas coisas todas? Sei porque faço chaves...

No dia seguinte, quando passei, a chave já lá não estava. Alguém viu e também levou. Eu cá só fotografei!


Lisboa, 29 de abril de 2010



quinta-feira, 29 de abril de 2010

Passear


Ando lenta. Muito lenta. Para mexer o pé direito este tem que perguntar ao esquerdo se pode. Ele diz que sim e o outro avança. Chegada a vez de avançar o esquerdo, não o faz sem pedir a devida licença ao direito. Aquele diz que sim senhor, avance! E assim sucessivamente. Levo um tempo do caraças a chegar ao meu destino.
Há lentidão na escrita também, as palavras não me chegam, atropelam-se, engalfinham-se. E depois levo um tempo do caraças a escrever, eu que era tão despachada nisto...


O casalinho


Na vida profissional tenho a possibilidade de penetrar em mundos que não me pertencem, nada têm a ver comigo, com a benesse de não se dar pela minha presença.
Eu estava num colégio para meninos em idade pré-escolar. Num mundo - o infantil - que sinto longe por não existirem crianças na minha vida há alguns anos.
Eram dois, a hora era adiantada. Esperavam os pais e enquanto estes não se faziam chegados, um menino e uma menina cirandavam pela sala distraindo-se ora com a TV, ora com livros e brinquedos, ou ainda um com o outro.
Às tantas o menino inclinou-se na direcção da menina:
- Dá-me um beijinho!
Ela fica aflita e enjoada.
- Não...
Ele insiste.
- Dá-me um beijinho!
O corpinho todo debruçado sobre ela, a ponto de cair. A menina não ia na conversa. Desesperada, franzia-se e tapava as bochechas, desprezando por completo o gesto ternurento do seu colega.
- Não!
De repente, o menino arranjou uma contrapartida.
- Já não vais mais à minha casa!
Ela estacou. Pensou, pensou e, resignada, acedeu...


Condução


Vi-o, reconheci-o e voltei atrás para o cumprimentar.
- Boa-tarde. Se calhar não me conhece mas como me ensinou a conduzir queria cumprimentá-lo.
Estendi-lhe a mão que ele apertou com vontade, mesmo sem ainda me ter reconhecido.
- Tira lá os óculos! - Pediu e eu acedi.
- Lembra-se de mim?
- Lembro, lembro.
- Eu agora conduzo melhor! Ainda não amandei nenhum poste abaixo!
Defendi-me, era com isso que ele costumava brincar. Riu-se.
- Agora conduzes melhor? Então só te ensinei a conduzir um bocadinho...
- Pois.
Gostei mesmo de o ver. Dificilmente esqueço quem já me ensinou. Guardo uma recordação e um sentimento do meu instrutor de condução muito semelhantes às da minha professora primária.


Especialmente


Numa loja, para me incentivar a comprar, o homem disse que fazia um desconto especial para mim. Perguntei imediatamente:
- Especial para mim, porquê?
Vi-lhe espanto e uma espécie de temor no olhar, o que me fez pensar:
«Quando é que deixas de parecer um bicho, pá?! Dizes coisas destas às pessoas não mostras um sorriso nem nada e depois queres ter amigos...»


O calor e o sol


Eram duas e vinham falando de biquinis e lingerie. Mulheres!

Abril


Já deixei passar o dia do sorriso, o dia do beijo, o dia da liberdade, o dia da terra, o dia da dança e outros mais, talvez.
A ver se não deixo o abril acabar sem contar uma história que ouço a minha mãe contar desde a minha meninice.

- Atão compadre, como vai a famila?

- Bem... Olhe, sabe uma coisa?

- Diga lá!

- A minha filha casa pa abrila!

- Oh! Atão avera de ser pa fechá-la?!


Do blogue


Afinal o blogue ainda mexe. Não tinha nada a dizer, era como que um quebranto, e ao mesmo tempo tinha saudades. Estranho, isto.


domingo, 25 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (34)




Espero que a imagem fale por si porque não tenho palavras para escrever acerca dela.

Venda do Pinheiro, 25 de abril de 2010


sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pontos Resplandecentes de Positividade


Para ficarem mais escondidos os últimos posts que acho darem a ideia de que sou alguém que sofre horrivelmente (?) com uma loucura tão teimosa, mas tão teimosa que não me abandona, vou deixar escritos três pontos positivos do dia de hoje.

1 - Pensei e escrevi

2 - Estou viva

3 – Não caí nem me aleijei


Ui… Que desenvoltura…


...


Acho que já não sei escrever, ou fotografar, ou assim. A perda não será total mas estou a perder-me de vista. Agora sou outra e não gosto nada dela.


Futuro


Um dia, bem longe ainda, espero, vou andar e falar ao mesmo tempo e nem vou dar por isso.


Raiva


Já sinto raiva. O pior é que eu não sei se isto é progredir...

Na cadeira laranja


Entrou um senhor na loja. Achei logo estranho, ali só se vende roupa feminina. Minutos depois trazia consigo três ou quatro cabides com vestidos e saias e blusas, tudo em preto e branco.
Vi a empregada tratando do registo, enquanto o homem passarinhava uma vez mais pela loja, aparentemente procurando por mais coisas para levar.
Não cheguei a ver mais nada mas imaginei muito.
Imaginei que o embrulho ia ser em papel de seda e depois seria colocado suavemente - com mãos de seda também, porque não? - numa caixa branca atada com fita vermelha a formar um laço muito aprumado bem no centro.
Imaginei o cliente ditando uma morada onde a caixa deveria ser entregue.
Imaginei que quem recebia a caixa era uma mulher linda e loura - tipo Marilyn Monroe, vá - que ficaria encantada com a surpresa do marido.
Por fim ocorreu-me que não imaginei nada. Apenas revi na minha cabeça cenas de filmes antigos, porque não imaginei o cartão de crédito pagando aquilo tudo.


Desenleio


Não, os dois anteriores posts não estão relacionados, não senhor. Não fui buscar um com o escrever do outro, não. É para ser assim e pronto, feito está.


Minhoca


Vi uma minhoca comprida e grossa, partida ao meio com as tripas de fora. Estive vai-não-vai para tirar uma fotografia mas o tempo que ia estar a focar o bicho-cadáver seria o suficiente para ficar mal disposta porque ver minhocas não faz parte dos meus gostos pessoais, ainda para mais partidas ao meio. Arriscava-me a vomitar no meio da rua e das gentes e não ia ser bom.


Azar


Entrei numa casa de banho pública para homens. Fi-lo sem querer, claro. E o homem estava lá dentro, para meu azar. E tinha aquilo na mão, para meu grande azar.
Ou então não, não é azar nenhum. Foi uma experiência fantástica. Não sendo imprescindível, há coisas que deviam acontecer na vida de todas as mulheres...


Estranho modelo


Agora anda aí um modelo de calçado... engraçado, vá. Sim, que aquilo bonito é que não é! São em forma de sandália e depois tem um pedaço do mesmo material que o resto a rodear o tornozelo.
Eu podia copiar da internet uma imagem para ilustrar, mostrando aos leitores o estranho modelo de que falo. Mas o trabalho que dá a procura a juntar ao que gosto de descrever coisas, é melhor deixar-me estar.
Mas eu queria dizer principalmente o seguinte: tinha esperança de aquilo não passar das montras das lojas e afinal já andam aí pisando as calçadas uma data de sapatos daqueles. A moda pegou.


Haver


Há chávenas de café com desenhos de caveiras.

Há talheres dourados.

Há pensos higiénicos cuja composição contém abacate e aloé vera.

Há pessoas de cachecol e sandálias.

Há alertas amarelos, laranjas e vermelhos para os pólenes.

Há objectos para introduzir numa entrada USB, criados com o intuito de libertar fragrâncias que perfumarão o ambiente.


?!


Encaixar não é meter em caixas.

Sonho


O cabelo era comprido e castanho-claro. As feições eram regulares e sem grande destaque. Tinha, porém, um sorriso franco, as palavras saíam-lhe facilmente, sempre acompanhadas pelo sorriso. Simpática, ela. Falava e deixava falar. Mesmo, mesmo como eu gosto.
Sonho muitas vezes com pessoas desconhecidas e sem rosto. Esta, não a conhecendo, criei-lhe um rosto. Criei um rosto a alguém de quem somente conheço as palavras. Coisas da internet...


quinta-feira, 22 de abril de 2010

Briozinho nos olhos


Vai fazer 58 anos de casada. Conta que o marido, ao ser-lhe perguntado durante a cerimónia de casamento se a aceitava como esposa, em lugar de responder simplesmente 'sim', foi além das expectativas da noiva e da assistência, quase declamando:
- É de minha livre e espontânea vontade!
Enquanto falava o brilho no olhar dela era espectacular. O brilho que só consegue ter quem é completamente feliz, mesmo que seja só naquele momento. Por uma nostalgia, ou saudade, não faz mal, é felicidade e é fantástico apreciá-la num estado tão puro. Admiro bastante este brilho no olhar dos já tão agastados pela vida, é algo que me contagia, fico feliz também.


?!


Eu - Então, ouvi dizer que já ouve melhor!

Ela - Hã?!

Duração


Durante toda esta semana o pessoal tem-me querido muito. A bateria do meu telemóvel durou metade do tempo habitual.
Também se pode dizer que eu liguei mais ou que a bateria está a dar as últimas mas eu não quero saber. Para mim o pessoal esta semana tem-me querido muito, daí o 'querido' em lugar do 'ligado'...


Passividade


Diz ele que as mulheres lidam com o dinheiro passivamente, e é convicto quando diz. Olhei-o na esperança de o ouvir desenrolar uma patranha ou um gracejo qualquer que desmentisse tal afirmação. Mas não, apenas remata com isto:
- Eu não sou machista.
E eu soltei um ‘ah está bem...’ por não me lembrar de mais nada para dizer, o que às vezes é porreiro.
Só mentiras, quanto a mim. Nem as mulheres lidam com o dinheiro passivamente, nem há homens que não sejam machistas.


14:43


Gina Maria, deixa-te de merdas e vai trabalhar!

A loja


Tem um expositor enorme ao centro, uma espécie de mesa, com malas e sapatos. O tecto suspende um longo fio que depois termina numa simples lâmpada.
De notar será talvez o facto de estar observando a cena em viés e cortada ao meio, não podendo ser muito concisa na descrição, portanto.
Ali junto à lâmpada saem dúzias de finas peças metálicas na horizontal que prendem papéis com escritos. A lâmpada deixou de ser simples e tornou-se num candeeiro original.
Tudo isto não terá interesse, suponho. O que me interessa mesmo é saber o que está escrito nos papéis...
Se posso lá ir? Posso, é um lugar público. Mas não consigo achar nenhum motivo condizente com a minha pessoa e a loja em questão. Não tenho jeitinho nenhum para rodeios, unicamente está ao meu alcance entrar e perguntar:
- Olhe, posso ler o que tem aqui escrito?


terça-feira, 20 de abril de 2010

Segundo encontro


Encontrei a dona Suzete. Achei-a mais magra e comentei o facto. Ela negou, disse estar na mesma. Pela expressão da dona Suzete percebi que ela tinha percebido que eu reparara na magreza porque ela está é mais velha, mais carregada, mais enrugada, mais lenta nos gestos. Foi a partir da expressão dela que reparei no envelhecimento. A dona Suzete envelheceu, é a vida! Nada há que à vida não pertença, ou não fosse da vida tudo quanto há e é.


Primeiro encontro


Acho que já sou tão conhecida como o vinagre ou a Coca-Cola. Uma cliente de longa data encontrou-me em plena avenida.
- Olhe, menina, tem lá disto?
- Sim.
- E daquilo?
- Também.
- Ah, está bem!
- Então até logo...
- Até logo!

Ainda estou à espera...


Avós


- Mãe, tenho um post para tu escreveres! - Conta-me a rica filha entusiasmada.
- Sabes que a palavra 'avós' é a única que no plural é feminina?
- Olha... nunca tinha reparado.
- Não se diz 'avôs'... Fica bem num post, não fica? Vais escrever, mãe?
- Sim, se calhar...
- Oh, deixa estar. Não escrevas, não escrevas!

Escrevi. Claro que isto tinha mesmo que ficar registado. Os posts sobre os meus filhos são os que mais prazer me dão escrever. Este é o post número 222 dos ricos filhos.


Montras


Tenho andado empoleirada tratando das minhas colegas - as montras - que entretanto reparei serem cinco e não quatro como mencionei uns posts atrás. Empoleirada significa estar mais à vista e mais alta e por isso toda a gente reparar na minha presença, assim como significa haver algo que mexe – eu - num sítio onde supostamente tudo está imóvel.
- Olhe! - Ouvi eu ao longe mas mal reparando.
- Olhe! - Hum, aquilo não era comigo.
- Olhe! - … Não era para mim…
- Olhe! – Não resisti e virei-me para o sítio de onde vinha o som. Do lado de lá da rua estava uma senhora - a que gritava para mim, pois - queria que eu lhe gritasse onde é que vendiam senhas de passe…
E é assim. As pessoas querem-me, às vezes.


Dúvidas existenciais podem ser:


Saber de cor a data e a hora em que nasci sem me lembrar de ter nascido

Gostar do meu nome e não ter sequer participado na escolha

segunda-feira, 19 de abril de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

A prima





Quis o destino que a prima Adélia fizesse uma curta visita aos meus pais no mesmo dia que eu. O motivo da visita da prima Adélia era a morte da minha tia Delerina, porque não ficou 'sabendo a tempo que a moça tinha morrido', e depois mais adiante na conversa deixou-se dizer que não achou 'jeito nenhum o funeral ser lá tão longe...'.
Notei-lhe a pronúcia alentejana um tanto ou quanto suave e um vocabulário diferente e mais variado que o habitual lá na aldeia. Dada a pobreza em que vivera na juventude, tal como os meus pais, lembrei-me que a prima Adélia poderia ter tido a sorte de arranjar um marido rico e então ter experimentado costumes e lugares que de outra maneira não seria possível. Mas não, a culpa da pronúncia suave e do vocabulário variado nada tinha a ver com marido ou casamento - era da profissão, tinha sido professora. Quando soube fiquei encantada:
- A senhora era professora?
- Fui...
Respondeu 'fui', reparei. Era como se quisesse fugir à pergunta. Respondeu um 'fui' com um encolher de ombros e uma réstia de saudade no olhar.
À despedida demorou-se em conselhos aos ricos filhos. Aì, sabendo eu já da profissão da prima, revi nela toda a postura normal de uma profesora à moda antiga. Disse aos ricos filhos que a vida é tão boa conforme os fundamentos com que a contruirmos. Se a construirem com boas bases ela será forte e sólida, se não... Conversa mesmo, mesmo à professora. Parecia que estava a ensinar uma sala de aula cheia de meninos de bata branca sentados nas carteiras.
Os ricos filhos devem ter pensado: 'Bolas que até ao sábado a gente tem que gramar com stôras...' Mas eu cá achei muita graça à prima e à situação.

Nota: na fotografia: são os ricos filhos quando eram aindas umas criancinhas, expostos na casa dos meus pais.


Uma fotografia por dia que bem iria... (33)




A chuva de manhã no jardim de Loures.
Manhã feia e triste, dirão muitos. Manhã de lindas cores e cheiros agradáveis, digo eu.

Loures, 18 de abril de 2010

Quintal




Lá no quintal alentejano também há feijão verde a crescer. Eu detesto feijão verde, é um detestar que já vem desde miúda. Já nos tempos em que viviam cá, os meus pais tinham horta e plantavam, entre outras coisas, feijão verde. Mas eu cá não gosto. E desgosto tanto que assim que ontem vi este (ver fotografia) reconheci imediatamente que era feijão verde. Aqueles caulezinhos enrolando-se nas canas, hum... é feijão verde! Logo eu que não percebo nada de horta saber isto tão bem.
Há dias em que não me aborrece nada ter de tratar da ementa cá de casa, assim já não tenho de comer em feijão verde, nem cheirar feijão verde, ou sequer vê-lo.


Arroz doce




Dizem que já comeram muito arroz doce mas como o meu... não.
Sabem bem estes elogios. Ouvem-se bem.
Também me dizem que sentem saudades, que faço falta, que sou interessante, que gostam de mim. E também sabem bem estes elogios. E também se ouvem bem.
É tudo bom. Até aqui tem sido. No post, quero eu dizer, no post é tudo bom.

Adenda:

Este post é para me animar. Às vezes sinto que ainda um dia hei-de morrer de tristeza. Este post é para contrariar.


sábado, 17 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (32)




É o faval dos meus pais. Diz que a terra ali naquele pedacinho do quintal, nunca tendo sido semeada, parece tão descansada que tudo quanto ali têm semeado cresce em abundância e vivacidade.

Albernoa, 17 de abril de 2010


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria (31)




Lindo, o céu, não?
Era o céu que estava ontem por cima do Miradouro da Penha de França.

(Ver uns quantos posts abaixo, por favor.)


Lisboa, 15 de abril de 2010

Penúltimo post de hoje


Estou felicíssima! Há que tempos não escrevia resmas de posts num só dia. Há que tempos não tinha ideias tão diversas e tanta vontade de as escrever. Eh pá, estou mesmo feliz!


Passo


(Vou chamar-lhe dona Ludovina.)

A dona Ludovina vai à minha frente no seu passo sensual. Tem collants cinza claro com florinhas e mini-saia e mais um casaquinho justo que deixa ver as curvas. Uau! Que gingar maravilhoso... Todo o conjunto fez-me lembrar daquela canção Popless dos GNR:

    Ai lá vai ela sabendo que é boa
    E que esta cabeça ficou à toa
    La vem ela sabendo que mexe
    Um peito assim até mais cresce
    Ai lá vem ela mostrando interesse
    E lá vem ela sabendo que é bela
    E que à janela eu fico à espera
    À espera de vê-la...



Entretanto, e porque o passo sensual da dona Ludovina e o meu não têm a mesma velocidade, ultrapassei-a e vi-lhe a cara. Credo, que susto! Tinha cara de dona Ludovina, pois...


Fonte da letra: vagalume.br


Notas


Um ia a entrar, o outro ia a sair. O que ia a entrar não o chegou a fazer e depositou na mão do que (realmente) saiu umas quantas notas de vinte euros. O que (realmente) saiu agradeceu num sotaque brasuca:
- Oubrigado!
Descruzaram os caminhos, seguiram em sentidos opostos. Negócio sujo, suponho, e não devo estar errada. O que ia no mesmo sentido que eu era aquele que não chegou a entrar. Vi-lhe a figura por trás, tinha quase todo o cabelo grisalho, era calvo mas lá conseguia pentear-se de modo a fazer um rabo-de-cavalo. A roupa era toda de ganga. Pelo pouco que podia ver acho que aparentava aquele desfasamento característico nas pessoas que fazem o que podem para parecer jovens quando já não o são.
Hum... Negócio sujo, é? Apeteceu-me brincar aos polícias e ladrões e fixei o olhar no homem, segui-lo-ia sorrateiramente a ver se faria mais algum negócio e depois eu apanhava-o em pleno acto e desmascarava-o e ainda o ia entregar à Polícia.
Foi então que percebi que o caminho dele não era igual ao meu e desisti imediatamente da ideia que ao início me parecera tão emplogante, a coisa perdeu toda a piada, desvaneceu-se. ... Ser polícia deve dar cá uma trabalheira...


14:17


Estou aqui a fazer nada. A fazer nada, não, que o fazer já implica alguma coisa. Estou aqui, pronto.
Penso. Se penso já estou a fazer alguma coisa, não estou sem fazer nada. Penso em posts assim como este.

Não sei se é por força do hábito que tenho de escrever manualmente em público, parece que as pessoas deixaram de se espantar com esta minha postura absorta e escrevedora. Talvez esteja eu absorta, então. Pois, se estou absorta sou eu que não dou pelas pessoas. Estou num país distante ou que raio é isto.

Às vezes olho lá para o fundo e vejo-me. Tenho medo de me ver lá. Tenho medo de estar lá. Tenho medo que isto seja mau sinal. Mesmo assim ainda tenho uma molhada de medos...

O vazio da mente, o estar sem fazer nada, a falta de assunto para explorar, não é tão negativo assim, é até frutífero. A mente vazia é uma tela em branco que depois pinto com as cores que quero.

Acordei. A cadeira onde estou sentada é cor-de-laranja. O senhor ao meu lado já dormia quando aqui cheguei e ainda dorme. Numa cadeira igual.
São 14:28. Tenho que sair daqui para parar mais adiante.


Vulcão


O vulcão mais mediático do momento, aquele que anda na boca do povo, vá, tem um nome incompatível com a nossa fonética: Eyjafjallajokull.
Oh, isto sou eu a exagerar porque até se consegue ler alto... Mas fica tão esquisito!
Mesmo assim acho que os padrinhos dos vulcões e de outras razões da natureza, sabendo de antemão a dimensão da coisa, sabendo que se iria espalhar a notícia tanto, mas tanto, sempre podiam arranjar um nome conciliante com as fonéticas do planeta em geral...
Estou a lembrar-me que devia pôr aqui a imagem de um vulcão a ilustrar o post. Podia procurar na internet e assim... É uma coisa que eu tenho, isto de gostar de usar a prata da casa, e agora não me apetece nada ir à Islândia tirar fotografias ao vulcão.


Amoníacos


De um cliente que me peça uma embalagem de Sonasol Amoniacal e meio litro de amoníaco, eu não tenho nada, mesmo nada, que pensar que aquilo é para injectar na veia...
Cada um compra o que quer e injecta na veia o que quer. O senhor ia era lavar uma catrefa de vidros, isso sim!

(Será?! Hum...)

O cliente podia ter também comprado o limpa-vidros extensível mas em calhando já tinha um lá em casa... Se tivesse comprado o limpa-vidros e também um balde, um pano de limpeza e um par de luvas, eu já nem me iria lembrar das veias do homem. Ao sério que não! É que muita coisa distrai uma pessoa de pensamentos ruins e sem fundamento...


Frase verdadeira / Queixa comum / Dietas


Eu evito comer mas estou sempre com fome!

Quanto a mim esta é uma grande verdade - evitando comer fica-se com fome. Ou estarei a ser demasiadamente pragmática e racional?


Colegas


Uma montra faz as vezes de um empregado, ouvi dizer. Isto significa que tenho quatro colegas. Quatro! E eu que nunca me tinha lembrado de tal coisa...
Diz que os colegas fazem a vida negra uns aos outros. Tem graça que eu dou-me muito mal com as minhas (sendo assim) colegas. Muito mal mesmo.


Ontem


Ontem fui entregar umas coisas a um cliente, ou seja, fui trabalhar em passeio, o que é uma coisa para lá de fantástica.
Chegada ao destino entreguei a mercadoria e não trouxe nada em troca...Dinheiro, quero eu dizer. Estranho, não?! Adiante.
À vinda, e aproveitando o facto de eu ser uma felizarda por o meu patrão não me contabilizar o tempo que gasto a fazer o quer que seja, e também porque sou uma mocinha que não tem medo de se cansar, decidi voltar por um caminho mais longo e muito mais bonito.

Subi a Rua Marques da Silva...



Com a ideia de parar no Miradouro da Penha de França...



E admirar a bela cidade de Lisboa. Descobrir ruas e sítios que conheço tão bem e vistos dali são tão pequeninos...



Lisboa, 15 de abril de 2010

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O menino


O menino abriu-me a porta do elevador e deu-me primazia na entrada. Que querido, pensei eu, tão novinho e já tão cavalheiro.
Depois premiu o botão do andar dele e de seguida premiu o meu. Espantei-me:
- Ena, sabes em que andar eu moro!
- Sei, eu já fui à sua casa - diz ele. Sorriu ingenuamente mostrando uns dentinhos tão alvos como só as crianças têm.
- Ah, pois foste - lembrei eu - buscar uma peça de roupa que a tua mãe deixou cair.
- Sim.
Passou-me pelo pensamento umas quantas coisas aborrecidas e suspirei, olhando o vazio, quase esquecida da presença do menino.
- Ó vida complicada! - Exclama ele, creio que impulsionado pelo meu suspiro, num tom de voz que detonava alguma tristeza resignada.
Espantei-me pela segunda vez. Numa viagem tão curta e tendo em conta a curta vida do meu companheiro, é obra!
- Tão novo e já tens uma vida complicada?!
- Sim...
- Porquê?
- Tenho que tomar conta dos meus irmãos e é difícil. - De novo aquele tom de voz triste e resignado.
Deu-me pena do pobre miúdo que não tem mais que oito ou nove anos e já com tanta responsabilidade em cima, dos manos um é ainda bebé de colo. Por momentos esqueci a minha amargura, a minha tristeza, os meus medos e as minhas vontades. Tinha à minha frente uma criança forte e corajosa, tudo coisas que eu não estava a conseguir ser. A vida é complicada e tramada também o é.
Ouvi dizer que o menino quer ser escritor. Aparenta possuir a sensibilidade e o entrosamento necessários à escrita. A ver se lhe pergunto para depois o aconselhar a criar um blogue...


=


É-se mais igual a toda a gente do que nos parece. Um ou outro, desta maneira ou daquela, é igual... ao litro.


A tia Delerina


Morreu. Tenho pena que assim seja mas nada posso fazer para contrariar um acontecimento tão triste como a morte.

A tia Delerina enviuvou dias (ou semanas, não sei ao certo) antes de eu nascer, tinha quarenta anos. Depois lutou, labutou. Tinha apenas uma filha mas lutou e labutou. Arranjou marido, que tenha feito parte da grande peleja é que não sei mas arranjou um marido, de seu nome António Chora, o que naquele tempo era visto como um descalabro.
O meu tio emprestado era tímido e distante, manifestava-se pouco e não se misturava com ninguém, se calhar devido ao 'descalabro'. A minha mãe dizia-me para cumprimentar o tio e eu cumprimentava na bochecha, naquele sitiozinho da cara dos homens onde não há barba, mas nunca consegui vê-lo como meu tio como via outros meus tios emprestados: o ti Chico João que fazia anos no mesmo dia que eu, ou o ti Chico Mestre sempre tão sossegado. Também os cumprimentava na bochecha onde não havia barba mas esses sentia-os como meus tios.
Voltando à minha tia: fazia queijos e ganhava prémios, sei que ganhou alguns prémios confeccionando o queijo de Serpa. Nesse tempo, o das vacas gordas, a minha tia usava ouro com fartura. Dedos, pescoço, pulsos, tudo cintilava. Era moda, era assim e não era nenhum descalabro...
Eu gostava muito de ir à da ti Delerina. Mesmo sendo em pleno Baixo Alentejo, a casa dela era tipo algarvia, tinha um terraço no telhado. Tinha bonecas em todas as divisões da casa que tinham sido, ou não, da minha prima. Olhava-as cheia de desejo de lhes tocar mas nem me atrevia a pedir porque o 'não' era o que tinha como mais certo.
E foi assim. Ao momento é o que recordo da minha tia Delerina. Quando soube que ela morreu deitei algumas lágrimas porque gostava dela, era a tia mais engraçada que eu tinha. Não foram lágrimas de dor pela separação física porque não costumo estar perto dela, foram lágrimas de uma dor que sinto sempre que morre alguém que está na minha memória, que é bem lembrada e bom lembrar.


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Parabéns!




O meu blogue faz hoje quatro anos. Não comecei nesta página mas noutra: http://verdeagua.blog.com/, em 14 de abril de 2006. O meu primeiro post foi assim:

Estava aqui a ver se me lembrava o que escrever… acho que hoje vai ficar só assim…

Não, não vai. Até porque eu tenho mesmo que começar a escrever aqui para me habituar a estas coisas.

Andei algum tempo a pensar criar um blog e hoje, antes que começasse a pensar muito resolvi fazer logo isto e pronto! Cá estou.



Nunca pensei que o meu blogue atingisse esta idade, está a ficar velho e pesado, acho. Não pensava chegar até aqui, principalmente se levar em conta o teor do meu primeiro post e o meu tipo de escrita em 2006. Houve evolução, é certo que houve. Talvez eu tenha evoluído ao longo dos anos o meu modo de escrever por ter visitantes e leitores, talvez... Mas não é só por isso, até porque leitores há poucos e visitantes nem sei, talvez nem haja nenhum.
O ano passado, neste dia 14 de abril, fiz um post agradecendo aos leitores e tal mas este ano vou pôr o altruísmo de lado e ser narcísica, e felicitar-me a mim e enaltecer a minha prestação como escrevente. Afinal o blogue é meu e eu sou a pedra fundamental, a que o sustém e mantém, estou aqui quase sempre sozinha e cá continuo sempre com vontade de escrever, que não é sempre a mesma, uma vezes está em alta e custo a manter-me 'calada', outras nem por isso.
Finalizo explicando o que tanto me incita a escrever, reeditando (não na íntegra) um post que escrevi há quase dois anos e que descreve em parte o que tem sido para mim esta aventura de patilhar ideias com o mundo.


Escrevo para esquecer e esqueço aquilo que escrevi


Não foi sempre assim mas foi algo a que me habituei propositadamente. Forcei o hábito pela timidez que sentia ao imaginar que alguém viria aqui ler isto.
Ao fim de algum tempo dispensei a timidez - os familiares e amigos a quem revelei a existência do meu blog e convidei a ler as minhas histórias, não vieram mais do que uma vez.
Depois que abalou de mim alguma da frustração que sentia, começou a saber-me muito bem, assim existia uma liberdade que de outro modo não existiria. Apercebi-me disso e vi o lado positivo da questão, virei-me do avesso. Comecei a sentir exactamente o inverso - era muito agradável que não viesse aqui ninguém que penetrasse dentro do meu olhar e conhecesse o tom da minha voz. Afinal de contas, não vinha cá ninguém impor o manual dos bons costumes nem discordar do meu comportamento nem oferecer-se para me ajudar a portar-me benzinho. Apeteceu-me escrever "merda", "porra", "puta" e outras palavras comichosas e peçonhentas e... escrevi! Apeteceu-me escrever que me sinto mal com a minha profissão, que faço comidas insípidas, que não gosto disto ou daquilo, que os homens pensam com a pila, que estou triste, que estou esfuziante de alegria porque vou de férias e... escrevi! A linha que delimita até onde posso ir afastou-se de mim, instigando-me a alcançá-la. Nessa tentativa estiquei-me tanto que me revelei loucamente. Não recuei. Não recuarei.
Na verdade, quando iniciei esta actividade ignorava a existência da loucura que há na liberdade de manifestar o que penso perante o mundo inteiro. Num processo gradual, que ainda hoje gradua, dei largas à imaginação, deixei-me dominar pela dita loucura ignorada até então e deu nisto que hoje se lê por aqui e que me faz voar o pensamento nem sei muito bem por onde mas sei que quero sempre escrever tudo aquilo que vejo, ouço ou sinto. Desenho a minha loucura com as palavras. Isso, sei eu.
Não acho que a minha escrita seja de baixa estirpe, embora não a classifique pela qualidade nem pretendo escrever pela qualidade. Normalmente classifico, ou qualifico, a minha escrita pelo prazer e pela intensidade com que escrevo. É nesse ponto que quero trabalhá-la. (..)
A vida é como uma esfera de grandes dimensões, lisinha e sem planícies ou sombras onde repousar. Viver é estonteante. Eu, por mim, gosto muito de me sentir tonta. E tu?


terça-feira, 13 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (30)




Escondida, sempre escondida. É o que faço melhor: esconder-me. Noto isso pela quantidade de vezes que passo invisível pela vida.

Loures, 18 de março de 2010


A minha mãe


Por causa do desmame lembrei-me da minha mãe. E lembrei-me do dia em que fiz cinco anos do qual já aqui falei.
Nesse ano a minha mãe ensinava-me assim: «Agora quando perguntarem, a minha filha diz que tem cinco anos. A minha filha agora já não tem quatro anos, tem cinco!»

Avisos de mãe... Aquela parte 'a minha filha isto' a minha filha aquilo' é um costume alentejano de falar. A minha mãe usava muito essa expressão.

Ora bem, ao que parece já não sei como colocar linques no blogue, portanto vai à moda antiga, o linque que eu queria colocar neste post tem o seguinte endereço:

http://verdeagua2.blogspot.com/2007/12/minha-me.html


Dias de um ginásio


Tenho uns ténis novos que ainda ninguém cobiçou nem bajulou nem coisa nenhuma...

Ver aqui, por favor. Em querendo, claro.


Neste post também queria pôr um linque de jeito e que fosse parar a um certo sítio onde falo que me farto dos meus ténis. Faço a coisa à moda de quem não percebe nada disto, como é o meu caso, ao que parece, e o linque é este:

http://verdeagua2.blogspot.com/search/label/Os%20meus%20t%C3%A9nis


Senhora Doutora


Fui à consulta. Estou na fase do desmame. É a segunda vez na minha vida que sou desmamada. A primeira não me lembro e esta a ver vamos como será. Prevejo a continuação de noites bem dormidas, mesmo sonhando à farta, e menos sonolência pela manhã.


Pingos


Andei à chuva. Foi bom, refresquei a cabeça. Refrescassem-me as ideias e teria sido melhor ainda.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Agressão


Fala-se muito no medo que os professores têm hoje em dia dos alunos, que a coisa se inverteu. Há casos graves de agressão física e verbal a professores por parte de alunos, é o que se lê e vê.
E que tal esta agressão verbal já por várias vezes proferida aos berros por uma professora dos meus filhos:

- Não sabem o que quer dizer isto ou aquilo?! Cambada de atrasados mentais! Se eu pudesse corria tudo à chapada!

Muito mau, não?


O furo


A dona Lurdes aparece-me à porta. Aponta com o indicador o alto da cabeça em movimentos repetitivos, como se o dedo fosse uma broca e ela quisesse furar o crânio. Não conseguindo percebê-la, fiquei parada e dobrada sobre o balcão olhando para ela.
- É que já tenho mais um! Setenta e um! - Apregoa ela, com a expressão dividida entre dois opostos: não sabia se rir, se chorar.
Fui de encontro a ela, dei-lhe os parabéns e votei para que ainda contasse muitos mais e ainda lhe dei dois beijinhos.
Fiquei também com a certeza de que o gesto dela a querer furar a cabeça era mais um ano que lhe entrava por ali adentro.


Dias de um ginásio


Há gordas que voltaram agora ao ginásio. Está calor, vem o verão, vai-se à praia, vai vestir-se biquíni, vai mostrar-se pele...
As gordas que voltaram são aquelas que nunca serão magras, que querem realmente sê-lo mas dificilmente o conseguirão. É preciso visitar o ginásio (e fazer os exercícios!) todo o ano e não apenas quando desponta o calor. Costumam também ter a particularidade de se queixarem de tudo, tudo, tudo e o 'não consigo' parece ser o seu lema.
É claro que também há aquelas gordas que frequentam o ginásio com assiduidade e vontade, e até nem melhoram a silhueta assim lá muito... Mas essas são sempre muuuuito simpáticas e muuuuito empreendedoras e muuuuito assíduas.


Papinhas


Perguntei aos ricos filhos o que acham da ideia de os cereias que eles comem estarem mesmo ao lado das papinhas para bebé.

Rica filha: - Acho que devias comprar dessas papas em vez dos cereais...

Rico filho: - Ya... são mesmo boas!


Embaraçá-los era a minha ideia...


Uma fotografia por dia que bem iria... (29)




Na semana passada fui com o Luís fazer um trabalho. «Vem comigo. Vais ver uma escada de que vais gostar de tirar fotografias». Não tenho tido lá muita vontade de fotografar mas acedi.
É, de facto, uma escada fora do vulgar, muito íngreme e muito enrolada, degraus ainda de madeira e corrimão de ferro abaulado, daqueles que a gente não se pode agarrar com muita força senão aleija as mãos.
A cliente ficou no átrio connosco enquanto o Luís fazia o que tinha a fazer. «Então, não é uma escada muito gira?» perguntou ele. Era uma deixa para mim mas eu estava um bocado envergonhada por estar lá a senhora. «Não queres tirar fotografias?» insistiu ele. Perguntei à senhora se não se importava. Claro que não se importava! Aquele prédio é já centenário, disse ela. Um prédio centenário e eu ali sem vontade de descruzar os braços, forcei-me a ganhar alento para não desperdiçar a oportunidade. A senhora até era uma simpatia e tudo... Aproveitei.

Hoje o telefone tocou. Do lado de lá:
- Olhe, quem fala? É a menina que tirou fotografias à minha escada?
- Sou eu mesma...
- Como está a menina? Eu queria saber da minha continha...

Lisboa, 9 de abril de 2010


domingo, 11 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (28)




Dia belo, este! Quentinho e muito soalheiro. Fomos à praia de São Julião lá para os lados da Ericeira. No caminho parámos para comer a bucha e eu tirei algumas fotografias. Escolhi esta.

Ericeira, 11 de abril de 2010


sábado, 10 de abril de 2010

Uma fotografia por dia que bem iria... (27)




É o sol na minha varanda, a minha roupa, as minhas molas, o meu estendal, eu e a minha máquina.
É, também, uma fotografia tirada há oito dias e que hoje descobri sem querer e verifiquei que já nem me lembrava dela. Não ando lá muito fotógrafa, agora.

Loures, 4 de abril de 2010


Vestir


Comprei uma peça de vestuário cujo modelo tem por nome 'loba slim' e a cor é 'pó de arroz'.

Pronto, tinha que escrever isto! Andava-me aqui atravessado.


Pessoas


Há pessoas que têm lá na loja umas ventosas que não conseguem vender. Não se vende por ruma razão muito simples mas não vou revelar porque não fica nada bem a uma negociante dizer mal do material que vende.
Há pessaos que têm ideias fantásticas para aplicar nas ventosas que não se vendem. Agora era aquela parte em que eu dizia: não insistam caros leitores, eu não vou dizer de que mal padecem as ventosas! Mas não digo...
Voltando à história das pessoas que têm ventosas para vender mas que por um motivo desinteressante não se vendem, foi assim: primeiro trouxe para casa, segundo pintei-as com verniz das unhas e até ficaram bem. Está vendido e aplicado!



Há pessoas que são muito, muito simpáticas para com os velhinhos, pessoas daquelas que dão atenção aos cotas e deixam-nos falar. Depois caem-lhes nas graças. O senhor Salvador adora-me! Comprei-lhe uma data de coisas e ele, como bónus pelo negócio e pela conversa ofereceu-me amêndoas da Páscoa, já fora dela, é certo mas deu. Deu das que ele mais gosta. Se deu das que ele mais gosta é prova da estima que me tem.



Há pessoas que aparentam sentir-se bem com uma esfregona na cabeça.
Aqui não há muito a acrescentar. Talvez deixar escrito que este tipo de atitude faz parte do processo da minha cura. E também posso deixar escrito que o (ou a) cliente que comprar esta esfregona vai ter em casa um objecto como mais ninguém tem, que antes de andar no chão já andou na minha cabeça.



Sábado


Afinal hoje é sábado e eu estou infeliz, contrariamente ao que escrevi no passado domigo. Que pena ter-me enganado...


quinta-feira, 8 de abril de 2010

Reaparecimento


A minha ausência não é por falta de inspiração ou de imaginação, elas têm andado sempre aqui perto. Eu não escrevo porque não me entrego à escrita. Estou um tanto ou quanto blasée.
Achei que isto do blasée ficava aqui mesmo bem. Descobri a palavra e apliquei-a. É uma palavra francesa, para dar prestígio à autora do blogue. Não sei se alguém acha prestigiante usar palavras francesas para se exprimir num blogue mas eu cá acho.


Blasé (palavra francesa)

Que ou quem demonstra apatia, indiferença ou tédio em relação àquilo que o rodeia.

Feminino: blasée.
Plural: blasés.


Fonte: priberam.pt


Bilhete de Identidade


Sempre que me pedem para tirar fotocópias ao BI, de soslaio cusco a data de nascimento dos clientes. O de hoje completou 30 anos no passado dia 8 de janeiro. E ainda consegui ver que foi emitido em 2007 e caducará em 2012.


Pecados


Os cegos não cometem o pecado da concupiscência dos olhos nem o pecado da concupiscência da carne. Querendo, sempre podem ser mais santificados. São uns felizardos... Em não querendo, pobrezitos.


As aparências


Aparentemente o mundo tem uma sorte das grandes. As pessoas costumam desejar toda a sorte do mundo.


Utopia


Agora eu desaparecia. No caminho levava comigo todos os sapatos coloridos e t-shirts giras que vi há bocado.


domingo, 4 de abril de 2010

...


Acho que se conhecesse alguém igual a mim não ia gostar nada dela.

Queria ser diferente mas se assim fosse, eu já não era eu.

Quando morrer quero estar tão pouco viva como me sinto agora.

Estou pouco convicta do que raio ando aqui a fazer.

Daqui a seis dias vou sentir-me muito melhor: é sábado.


Post 2701 (ou lá que é...)


Sinto uma certa nostalgia, uma falta de escrever, uma saudade de ver a cara do meu blogue. Solitário, como sempre.
Até nem me apetece escrever mas vim até aqui. Por tudo o referido em cima e pelo hábito também, creio.


Abril




Quando eu era miúdo tinha o sonho de ter uma casa com um árvore daquelas choronas. Seria o meu esconderijo secreto e depois levava lá os meus amigos... E deixava de ser segredo!