quinta-feira, 31 de março de 2011

Ouvir

Não é que eu seja toda ouvidos, sou outras coisitas também, mas, em querendo, os leitores podem falar comigo, não tenham problemas, primariamente sou pela paz.

Dores do céu

Não sei para que é que existem dores de cabeça. Qual será a finalidade? Lembrar-me que tenho cabeça?! Então deus, ou o universo, ou lá que é, invente-me cabeçadas num sítio qualquer e pronto, lembrar-me-ei que tenho cabeça, seguramente. Para saber que tenho cabeça não é preciso acordar com a sensação de que um camião me calcou o cérebro. Não é preciso levantar-me e os ouvidos zunirem ao mesmo ritmo das marteladas - uéum, uéum, uéum - enquanto iço uma cabeça que me pesa toneladas. Não é preciso ficar impedida de rir, de falar, de olhar o dia. Quando sinto que a minha cabeça vai rebentar e os miolos me vão sair pelos buracos dos olhos a vida fica desengraçada, é que nem as florinhas têm piada...
Vá lá, hostes de uma qualquer classe, que isso pouco importa agora, lembrem-me a existência da minha cabeça, sim senhores, mas de uma forma suave, sim? Obrigadinha.

Música

O homem do tambor reparou nos meus brincos clave de sol. Quanta perspicácia!

Ressalva: o homem do tambor é músico.

Lembrete: aqui, às vezes, o homem do tambor é o senhor professor.


Sarrabulho

Sarrabulho é quando me agarro a uma bobine de fio e para aviar o cliente escolho a ponta pertencente ao final do mesmo. Não, não é desalinho que se chama, chama-se sarrabulho porque a minha vida fica uma grande confusão nesse momento.

Sarrabulho, substantivo masculino

1. Sangue, coagulado, de porco.
2. Guisado feito com esse sangue, fígado e banha de porco derretida.
3. Reg. Matança dos porcos nas aldeias e actos!atos subsequentes.
4. Fig. Desordem, confusão.

Fonte: priberam.pt

Uma questão de cacis

Eu tenho esta idade toda e não sei como é que se diz cacifro. Ou cacifo, também não sei como se diz cacifo.
Se calhar cacifro diz-se cacifo e cacifo, cacifro. Quando eu quero dizer cacifro tenho de dizer cacifo. Mas se disser cacifo é porque devia dizer cacifro.

Querendo dizer cacifro é cacifo, querendo dizer cacifo é cacifro. Querendo dizer cacifro é cacifo, querendo dizer cacifo é cacifro. Querendo dizer cacifro é cacifo, querendo dizer cacifo é cacifro. Querendo dizer cacifro é cacifo, querendo dizer cacifo é cacifro.


É cacifo!


Cacifo, substantivo masculino


1. Cesto, caixa, gaveta, etc., para coisas de pouco valor.
2. Vão pequeno aberto na parede.
3. Cubículo, quarto pequeno.
4. Joc. Cofre, burra.
5. Medida equivalente ao antigo celamim.



Fonte: priberam.pt

Provérbio

Matar dois coelhos com uma cajadada só é isto: encontrar a dona Antonieta e a dona Maria do Céu conversando animadamente numa esquina e eu, simpatiquíssima e detentora de uma esducação esmerada, cumprimentá-las com um efusivo:

- Olás!

As minhas manhãs

Ando um bocado longe do juízo... De manhã, depois do bocejo, espreguiçadela, chichizinho e outras coisas não mencionáveis por ora, tomo uma colher de argila e um dente de alho aos quais vou juntando dois copos de água conforme ganho coragem.

Uma mulher entre homens

Era uma vez dois homens e uma mulher. Cheia de um pesar fingido, fazendo beicinho e tudo, diz ela assim:
– Vocês nem repararam que eu tirei o verniz roxo das unhas...
– Roxo, quê? De infeccção?! - Desdenha um deles.
– Não, de verniz mesmo! - E continua: - Amanhã vou pintar de branco e vocês vão reparar imediatamento no meu verniz lindíssimo, tenho a certeza!
Não discordaram, nem se atreveram não fosse ela prantear logo ali. A vida dá voltas: tornaram-se eles os pobrezinhos, coitadinhos...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Piscadelas d' hoje

Lisboa escondida

Avenida de Madrid

Rua Edison

Rua Edison

Lisboa, 30 de Março de 2011

Ai ai...

Hoje estou cheia de ais. O motivo é apenas um: não me suporto.

É dificil acreditar que eu não consigo fazer aquilo que tu fazes com tanta facilidade.

É preciso uma grande coragem para assumir que não consigo. É preciso mais coragem para confessar do que para continuar a tentar fazer o que sei de antemão que não conseguirei fazer nunca. Nunca, por nunca.
A desistência, quando confessada, é troçada por todo aquele que ouve, segue-se o desprezo e o abandono. Todas essas coisas doem mais que um sem número de chibatadas nas costas.

O moço

O moço do escritório estava na pausa vespertina. Fumava um cigarro com prazer, pé apoiado na parede, mão contrária enfiada no bolso das calças, ar descontraído... Precisava falar-lhe. Precisava muito... O bom senso avisava-me com todas as campaínhas que esta era uma oportunidade que não me podia escapar. Esta era a oportunidade.
O moço do escritório tem como função efectuar pagamentos, de maneiras que eu precisava muito falar com o moço do escritório. Muito mesmo... Cheguei-me o mais que pude a ele, por modo a falar baixinho, e desbobinei a cantilena habitual dos credores. Apanhei-o mesmo acabado de chupar o fumo, naquela altura em que os fumadores ficam com o seu interior empestado de nicotina. O moço do escritório, esse jovem simpático e de trato fácil, tinha os pulmões cheios de fumo mas não podia expeli-lo porque eu estava tão perto da cara dele, falando da dívida em surdina. Pobrezito...

Turbulência

O som do piano ecoava pelo ar e enchia o espaço sem o preencher por completo, acordes sinistros ou cheios de vivacidade, mas sempre lindos. Deixei-me estar sentada ouvindo e apreciando.
Apercebi-me de um vai-vêm entre entre dois seguranças no centro comercial onde me encontrava. Por meio de gestos quase imperceptíveis, acenos de cabeça e outros esgares vagos e monossílabos, comunicavam entre si. Pensei, que fixe, anda alguém suspeito por aqui, vai haver perseguição e, quem sabe(?), porrada! Daqui a nada vejo um destes com alguém pelo braço.
Mas não, demorei pouco tempo a perceber que a 'conversa' era acerca da paparoca. Assim que vi um deles com o saquinho da burguer king na mão vi logo que tipo de comunicação era, um deles ia jantar e o outro teria de ficar duplamente atento...

Para que conste:

Deixei cair uma pilha de pratos de plástico daqueles que fazem pendent com os vasos. Partiram-se três. Eu bem digo...

Agora me lembro: há que tempos não parto uma lâmpada! Vá lá, só uma lâmpadazinha daquelas piriris... 

Parte! Parte! Parte!

Rebusca

Ver casacos.
Ando com a mesma roupa há que tempos porque quero. Agora já não está tanto frio.
Ver casacos.
Rebuscar armários e gavetas. Eu tenho roupa primaveril. Eu sei que tenho porque me lembro dela. Alguma peça de roupa apropriada hei-de encontrar.

terça-feira, 29 de março de 2011

Se for para me espevitar, eu aceito. Se for para se espevitar a ele próprio, também aceito. Mas será que não se consegue espevitar um amorfo sem ser desvarolizando tudo o que faz?!

A depressão

Um homem disse que as depressões só se instalam se a gente as deixar.

É verdade, filho dum cabrão, é sim senhor. Eu, que ao momento estou deprimida num grau relativamente inferior, antes que a coisa descambe, e em acabando de escrever este post, vou a correr até ao aerporto, saco do cartão de crédito, compro um bilhete de avião que me transporte até um trópico qualquer e fico lá refastelada, admirando a paisagem paradisíaca e os nativos. A bagagem terá apenas o bilhete de identidade e o cartão de crédito, o resto compro lá. Acabado o plafond... corto os pulsos, espeto um punhal no peito, ou dou um tiro nos cornos, deprimida é que eu não fico!

Se as experiências não nos matam, tornam-nos mais fortes, ou, quando muito, diferentes. A minha loucura adquiriu uma seriedade cujo controle não sustenho, por muito que tente. E se eu tento!
Às vezes ponho-me a pensar: espera aí, esta é a loucura boa, aquela doutros tempos? Ou é a que é novidade, a que me toma os sentidos? Vê lá isso bem, pensa! Qual é a loucura d' agora?

Ele há coisas...

Ele há coisas esquisitas. A senhora doutora telefonou, que tinha a torneira a pingar e queria que se lá fosse arranjar. Sabe, dizia ela, aquela torneira do tanque. A mulher a falar comigo, marcando o trabalho, e eu a pensar:

Ao telefone

Ouvi uma conversa telefónica, o que quer dizer que só ouvi metade da conversa. Dizia ele que não pode fazer nenhum daqueles exercícios físicos da área holística, que o põem nervoso, sai de lá cheio de tasquicardias.

Há pessoas assim: às avessas.

O senhor arquitecto

É um homem inquieto,
o senhor arquitecto.
Fala que se desunha e não está parado nem um instante.
Comprou duas bilhas de gás lá em Espanha e
ficou tão admirado com o preço
que fez o que achou correcto:
uma espécie de prospecto.
Tirou logo uma fotografia e
escarrapachou-a no Fuçasbuque.
Se alguém lá cair, vai ficar circunspecto,
com a espécie de prospecto
do senhor arquitecto.
Hum... Não é que falte atenção e afecto,
ao senhor arquitecto
mas acho que vou pesquisar
e achar o Fuças do senhor arquitecto,
esse homem inquieto.
Dele, até sei o nome completo...

Encontro

Encontrei uma amiga de infância. Tem uma filha que ronda a idade dos meus e um filho ainda criança, com nove anos. Apresentou-me aos filhos como eu sendo a sua melhor amiga de infância, que sou aquela pessoa de quem por vezes se fala lá em casa.
Hum, interessante, muito interessante. Eu era de facto a sua melhor amiga tal como ela era a minha. Mas passados tantos anos, não me sabia tão importante. Gostei da sensação. Obrigadinha, amiga. A vida muda e talvez as coisas já não sejam o que eram, a gente agora está nos 'entas', as parvoeiras da infância e juventude onde andam elas (?), já não temos idade para fazer colares com flores do campo ou para falar de rapazes e namoros. Mas gostei muito de saber que é assim que me recordas: a tua melhor amiga. Obrigadinha.

A videira

Lisboa, 29 de Março de 2011


Daqui a uns tempos esta videira vai sentir a falta do ti Manel...

Quem espera, desespera

A impaciente de mim lembrou-se imediatamente que tinha coisas bem mais interessantes para fazer – escrever, por exemplo - do que ficar especada a olhar para um galifão.
A pacífica de mim pensou, pronto a gente espera, enquanto estou aqui não estou ali, já que o ali em questão não é lá muito bem vindo.
A condescendente de mim pensou, há que saber esperar...

Eu ali, à espera, sem saber onde pôr as mãos porque não tenho bolsos nem cinto e cuzar os braços parece mal a quem trabalha.
É um bocado aborrecido estar à espera que os clientes me deêm o dinheiro enquanto eles, desatentos, digitam sms.

?!

Acerca da minha tristeza por não saber fazer montras bonitas:

«Porque não tiras uma fotografia às montras e pões no blogue a ver se as pessoas gostam?»

• «Ninguém responde às perguntas que deixo na blogosfera.

• Basta-me a minha opinião, é negativa o bastante para um montão de pessoas.»

Era um cão de raça pequena:

O meu pai chama-lhe o 'troco'... Como é muito pequenino...

Não é que ache a alcunha desengraçada, mas eu, que sei das coisas, devolvo muitas vezes trocos bem mais avultados que a compra.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dias de um ginásio

Lisboa - Cais de Santos, 28 de Março

Hora da fotografia - 19:28

Agora chega-se de dia ao ginásio. Há uns seis meses que não via o Tejo, tinha saudades dele e nem sabia.
A fotografia não mostra o Tejo mas ele está lá. Está também no meu pensamento e no meu modo de admirar esta paisagem. Não se vê o Tejo, paciência. Está de chuva, paciência.
Vá, vai lá correr a ver se ficas tão cansada que depois nem te hás-de lembrar de ti. Vá, vai lá correr enquanto pensas nas roupinhas que vais fazer para vestir em chegando o Verão, pastéis de nata e gelado de morango. Vá, vai lá correr e distrai-te mirando as moças que bailam lá em baixo ao som de músicas da moda. Vá, vai lá correr que nem uma maluca e deixa-te de pesares.

A queda de um chuveiro

Há chuveiros muito bem fabricados. Os de cabeleireiro, por exemplo. São tão bem fabricados que podem ter vida própria e dar um impulso, se bem que suave, e escorreguarem-me das mãos. Olha, caiu! Caiu mas não rebolou, antes saltou. Saltou e não demorou nada de tempo até eu perceber o que o fez saltar tão alegremente: é um pedacinho de borracha encastrado no dito, parte da tola do chuveiro é semelhante a uma bola. Essa borrachinha há-de ser para as cabeleireiras, essas brutas, atirarem de encontro ao lavatório de cabeças quando acham que já chega de derramar água por sobre as guedelhas das clientes.
Há chuveiros muito bem fabricados, há sim senhor. Para além da brutalidade das cabeleireiras, o designer deve ter imaginado empregadas de balcão desajeitadas como eu, que deixo cair tudo, e desenhou ali, exactamente ali, bem na tola do chuveiro, um sitiozinho para um pedaço de borracha. A borracha pesa mais que o plástico, logo, a borracha chega primeiro ao chão, o plástico toca no chão de raspão e quando a queda já desvaneceu. Os designers pensam nas coisinhas todas, indubitavelmente. Há chuveiros muito bem fabricados...

O senhor do blogue

Fui ao senhor Salvador comprar buéda cenas para fazer doces em vindo o fim de semana. Estava lá o senhor que eu acho que é o senhor do blogue, porque o imagino assim – fatinho e gravata, todo muito aprumado e algo emproado, ar distante e conservador.
Fui atendida e saí. O senhor que eu acho que é o senhor do blogue ficou lá a ser aviado. Die as minhas voltinhas e de repente vi-o, lá estava ele, o senhor que eu acho que é o senhor do blogue, parado no meio da rua, observando a as pessoas que passavam e a paisagem em derredor. Uma rapariga ralhava com o Blé, essa conhecida figura das redondezas, gritando que arrotar na cara de um transeunte não é coisa que se faça. O Blé ria com aquele riso incrivelmente puro para um homem de cinquenta e tal. O senhor que eu acho que é o senhor do blogue observava, olhar frio e distante mas muito atento. Se calhar vai escrever no blogue que o Blé assim-assim e tal... Não vai?! Então escrevo eu.

Sabes?

Não.
Não sei e tenho muita raiva de quem sabe tanto quanto eu.

Realidade (?) II

Sonhei que vendia carvão...

O que é a realidade? Tudo quanto vejo ou sinto, independentemente de ser ficção, quimera, sonho, vislumbre ou razão.

Realidade (?) I

A realidade vai espreitando. Aos poucos perde a timidez. Olha-me de soslaio. Vai-se infiltrando lenta e dolorosamente. Observa-me de frente, agora. Atinge-me impiedosamente. Morri.

A côr

Nos meus desenhos o sol é amarelo mas hoje podia ser doutra cor qualquer, não há vestígios gloriosos do astro-rei por aqui. Quando as nuvens forem embora, a glória solar reinará com toda a certeza. Por agora fica-nos a fraca luminosidade que um céu embrulhado filtra.

Preto

Esteve de roda do carro de um amigo. Matou saudades da mecânica automóvel, comeu, bebeu e confraternizou.
Ah, e trouxe as cutículas cheias do negrume oleoso como nos velhos tempos. Quando mostrou aos ricos filhos e lhes perguntou se eles de lembravam de como era dantes, um deles, o rico filho, respondeu:
– Parecem os olhos da minha stôra de história... Ela mete aquela cena bué escura!
Conhecedora das coisas, a mana interviu e esclareceu:
– O eyeliner.

Pregas

Diz ele que está a emagrecer na zona dos olhos. Que não está a envelhecer, isso não. Aquelas pregas em redor dos olhos estão ali porque ele está mais magro. Tem piada, o gajo. Tem, tem.

Adeus

Por esta altura pensei que já todos teríamos esgotado as despedidas ao Artur Agostinho mas... ao que parece, nem por isso.

Desprezadas revistas cor-de-rosa: continuem apregoando adeuses ao senhor Artur Agostinho, então. Esmiucem o acontecimento até nos parecer ridículo. Vendam muito,vá.

domingo, 27 de março de 2011

Fim de semana

Fim de semana que é fim de semana não é fim de semana sem sem escrever de comida.
Comprei sementes de mostarda cuja aplicação desconheço em grande parte. Sendo que sou boa a inventar, presumo que tais sementes se aplicarão essencialmente em pratos de carne e peixe, nunca em doces. Para não me esquecer de as usar e ir experimentando e aprendendo tenho-as dentro de um copo ao pé do fogão. Todas as vezes que olho para as ditas sementes, penso:
«A ver se é amanhã que compro o frasquinho para pôr as sementes...»
Mas o amanhã nunca mais chega, todos os dias me esqueço. E as sementes vão ficando ali ao ar, se calhar a estragar-se, não sei.
Ao momento têm pó da casa e também pó da farinha que anda pelo ar sempre que faço bolos e que depois repousa onde pode. Quando mudo de copo – que eu sou muito asseadinha, só não me lembro é de comprar a porra dum frasquinho para pôr as sementes de mostarda – lá está a farinha no fundo do copo.
Este fim de semana as minhas sementinhas adquiriram uma nova cobertura: salpicos de natas...

sábado, 26 de março de 2011

Da secção 'Perdidos&Achados'

Pau de canela & Café sublime / 0,65 euros

Os paus de canela saem-me a sessenta e cinco cêntimos cada um. Caros p'ra caraças! Acompanham um café sublime que tomo quase todos os dias. Desses dias que são quase todos, há os dias em que não uso o pau de canela para dar um toque especial ao café, guardo-os para o arroz-doce e outras comidinhas doces.

As melhores coisas do mundo

Hoje fiz o melhor arroz-doce do mundo e a melhor lasanha do mundo com o melhor molho béchamel do mundo. Bolas, estou cansada de tanta perfeição...

Ricos filhos

Ola pa ito, tan lindos!


A rica filha anunciou-me que ia ali levantar dinheiro pela primeira vez. Não sei se diga que me sinto velha... Não, não digo! Pois é, a rica filha já tem cartão multibanco e a sua primeira transacção fica aqui registada, já que a minha primeira vez nesta matéria não está registada em lado nenhum porque o meu blogue não chega lá tão longe assim.

O rico filho... pois bem, o rico filha não tem cartão multibanco ainda mas continua a esforçar-se por manter o viveiro de meias ao fundo da cama e entre os lençóis. Ele esforça-se mas eu acabo-lhe com as ideias! Ah, e foi jogar futebol mas perdeu. Que pena...

Cheirinho

Não se pode estar na minha varanda! Cheira a estrume de vaca. Eu bem digo que vivo no campo.

Pedicure

Está de chuva mas eu pintei as unhas dos pés porque adoro desafios. Amanhã vai estar sol. E pronto, tenho dito. Escrito.

Loures?! A sério?


Até para mim, saloia digna desse título, me parece estranho que o que aparece na fotografia d'hoje é Loures. Bem pertinho do centro de Loures, garanto. Eu vivo no campo, sei que sim.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Humor

O senhor Nuno Markl esteve ao pé de mim e eu nem o vi. Não seria preciso, já sei que é feio. Para mais, não gosto por aí além do tipo de humor dele, nem simpatizo grande coisa com o que ele aparenta.
O senhor Nuno Markl, nas crónicas da Radio Comercial 'Caderneta de Cromos', dá-se a ver como um homem cobarde e bastante retraído, cheio de complexos de inferioridade, isso atrai-me pouco. Complexos tenho os meus, obrigadinha.
Talvez eu não goste do senhor Nuno Markl porque tenho inveja do modo como sabe escrever, da facilidade com que arranja adjectivos - e outras cenas que agora não me lembro - para se exprimir. A expressão, para mim... é estrondosamente difícil em algumas vezes. Parvidades de fêmea rebaixada à sua insignificância, talvez. Invejas e isso. Complexos, vá.
O senhor Nuno Markl esteve ao pé de mim, na minha rua... E eu na pedicura! Soube-se logo que ele estava na rua. Logo. Mulheres! E eu de pé em riste com a Henriqueta de roda das minhas calosidades...
O senhor Nuno Markl adorou a torta de laranja, disse-me o senhor do café, depois. Já temos alguma coisita em comum, senhor Nuno Markl.
Estou para aqui a pensar - que eu sou uma mulher que pensa muito mais do que aquilo que escreve - que é uma pena o senhor Nuno Markl não ter aparecido na hora de expediente, logo foi apanhar-me na pausa. Estou para aqui a pensar que era giro vender-lhe um desentupidor de borracha, ou então uma antiga máquina de barbear da Wilkinson para ele depois fazer um cromo lá para a radio. O senhor Nuno Markl depois ia logo contar lá na radio que uma senhora super-simpática e mui diligente que ele encpontrara por mero acaso numa drogaria jurássica sita num rua desinteresante de Lisboa lhe havia explicado tim-tim por tim-tim como usar uma máquina de barbear doutros tempos... Mau timing, senhor Nuno Markl, mau timing.

Tanto escrevi - ...? - acerca do senhor Nuno Markl que já gosto um nadinha dele. Até me estou a lembrar dum 'Cromo' recente que ouvi na Radio Comercial onde ele fala acerca das maravilhas do comércio tradicional e das drogarias em geral. Espreitem aqui e ouçam. Podem aproveitar para me ver retratada nesse 'Cromo', o Nuno Markl não andou nada longe do que é uma drogaria, muito antes pelo contrário...

Ó senhor Joaquim!

Ó senhor Joaquim, que dia é hoje?

Então hoje é Sexta-feira, filha!

Ó senhor Joaquim, não é que eu seja parva mas julgava que hoje era Sábado!

Não, filha, é Sexta...

Ó senhor Joaquim, é que eu não leio o jornal, não vejo TV... Nunca sei a quantas ando!

Então não lê o jornal porquê?

Eu não! Não tenho olhos para as letras miúdas!

Ups!

Uma empregada de balcão não tem desculpa para se enganar nas contas... mas engana-se. Enganei-me mas dei conta do erro e desfi-lo logo a seguir. A senhora riu-se muito, foi o que valeu, afinal de contas também faço rir as pessoas, um dia 'inda dou em humorista... Mas o mais engraçado nem foi isso, o mais engraçado foi ela dizer enquanto ria:
«Ah, não me faça rir!»
Lembrei-me logo deste post...

Um cadeado de segredo é um objecto odioso. Irrita-me, pronto. É rara a vez em que no cumprimento dos meus deveres de vendedora não dê cabo dum...

Post 4444

É só: o post 4444.

Escusado seria dizer...

Ah venda-me lá cera para o bigode! É que a minha tia tem os pêlos tão grossos!

Formas

Lisboa, 25 de AMrço de 2011

Eis as formas geométricas de que falei uns posts atrás. São escadas em caracol.

A Primavera

Lisboa, 24 de Março de 2011


«Mesmo com o tempo embrulhado não sentes no ar uma vida qualquer a despontar?»

«Hum-hum! As coisas brilham mesmo sem sol e há flores por todo o lado.»

Montra

Primeiro lembrei-me de tirar fotografias às montras para mostrar aos leitores como sou competente na arte da exposição.
Depois achei que era melhor deixar-me de coisas, senão, à luz desse trabalho espectacular, iam querer contratar-me para vitrinista e eu agora não posso largar o emprego que tenho.
Logo a seguir tirei mesmo fotografias. Não resisti. Montes de fotografias. De lado, de frente, de baixo, de cima, de viés.
E agora deixo aqui uma delas para os leitores poderem apreciar a magnífica obra da arte de expôr que eu criei.


quinta-feira, 24 de março de 2011

Namoro


«Olha ali tão giros os pombinhos a namorar! Já viste? A dar beijinhos...»

«Oh! Se eu te bicasse assim a cabeça não dizias o mesmo!»

Homens

Achei muita piada a um senhor que me comprou uma escova de lavar roupa. Havia em branco e azul, perguntei-lhe qual a cor que preferia e ele ficou todo atrapalhado com a pergunta, tanto que escolhi eu: azul.
Os homens atrapalham-se, alguns de sobremaneira, se confrontados com escolhas que normalmente pertencem ao universo feminino. E eu acho-lhes um piadão. Deu-me até vontade de escrever mas fui-me esquecendo. Lembrei-me agora, por isto:

Saíu daqui um cliente com ares de mariconço, todo ele era trejeitos sem qualquer ponta de virilidade, fez-me lembrar uma borboletinha frágil acabada de sair do casulo mas não sei porquê, talvez pela beleza e aprumo.
O jovem queria um espelho dourado e escovado para pôr na fechadura, que o que tinha lá era cromado e mais não sei quê. O motivo era simples: o puxador era dourado, queria que a porta combinasse em termos de tons, não gostava nada daquilo assim tão feio. Percebe o que eu quero dizer, perguntou ele. Percebo, percebo, disse eu. Mas pensei, sou mulher, adoro escolher e combinar cores... Até das escovas.

Indignação

A mulher era realmente um tanto ou quanto esquisita, vim a saber depois que é pintora de quadros.
Enquanto me explicava o que queria toda ela se exprimia com gestos largos e a voz, essa, era meio entaramelada. Queria o quê? Ah pois... Queria um certo tipo de betume que serve para reparar buracos e fissuras em paredes. Esse betume, segundo ela, com espontaneidade e perícia dá para criar um quadro lindo.
Que me desculpem os nomes grandes destas coisas da escultura e afins mas o meu sentimento em relação a este tipo de arte é muito semelhante ao que sinto ao ler um livro. Se eu sinto que seria capaz de o escrever, para mim é prenúncio de um livro medíocre, falta-lhe o elemento surpresa, é fundamental. E eu acho que era bem capaz de fazer um quadro com relevos feitos com aguaplast, uma espátula e espontaneidade, a perícia seria desnecessária...

Mas esta mulher é mais uma. Mais uma que me fez uma festinha na cara. Foi depois de eu me recusar a enfiar-lhe a chave dentro de uma argola, desculpando-me que tinha o verniz fresco. Primeiro fez-se de ofendida, brincou dizendo que eu não não lhe enfiava a chave na argola porque não estava para a aturar. Lá me arranjei como pude, para ser sincera nem me lembro já o que disse à mulher. E ela... Olha, faz-me festinha na cara cheia de ternura.
Eu tenho 42 anos e as pessoas fazem-me festinhas na cara como se eu fosse uma criança. Isto não é maravilhoso?

Não se pode ser velho

Se fores uma velhinha vais ver que é fácil gostar de mim. É fácil porque eu dou atenção às velhinhas.

A dona Raqueline viu-me de roda das montras e achou-as muito bonitas, muito bem-feitas. Não contrariei a ideia dela, claro, seria indelicado da minha parte.

A dona Luísa queria porque queria, porque queria que eu fosse lanchar com ela. Fui. O sumo de maçã com canela e o pastel de Tentúgal souberam que nem ginjas. Obrigadinha dona Luísa.

Eu não faço grande coisa, digo ainda menos, mas as velhinhas curtem-me...

De suma importância

Agora é aquele momento solene em que eu me convém dar uma
de mulher culta e informada escrevendo acerca do governo. Ok, então lá vai:

Governo.

O dinheiro

Um daqueles arrumadores à paisana veio saber o preço de um artigo. Veja lá não me peça muito dinheiro, que eu hoje arranjei pouco, ainda não ganhei para o jantar, disse ele.
Não fiquei com pena. Não tenho pena de quem pede descaradamente como os 'arrumadores'. 'Arrumadores' como ele, que gasta o que pedincha em copos, não tenho pena nenhuma, não. Quer comer? Não beba!

quarta-feira, 23 de março de 2011

Formas


Quando vi esta imagem a única coisa que me veio à cabeça foi: formas geométricas. E são mesmo. Para quem não conhece o local é natural que não perceba o que retratei hoje. Mas eu, como sou ruim na quinta casa, não vou descrever o retrato de hoje.

12:38

Então e escrever, como é?!

Não é.

terça-feira, 22 de março de 2011

Ó leitor(a)!

Espera lá, não te mexas. Fica sossegadinho(a) aí. A não ser que queiras ler mais qualquer coisa. Nesse caso mexe os dedos para fazeres scroll com o rato para que a imagem do teu computador desça. E mexe os olhos também.

Parti uma tesoura.

Avisem-me, caso achem isto normal.

Uma certa saudade

Tenho saudades do senhor Rogério. De quando ele me perguntava assim:
'Olha lá, estás a rir para mim ou de mim?'
Eu, sincera que sou, talvez em demasia, respondia sempre que me estava a rir dele. Tenho umas certas saudades do senhor Rogério...

A besta

Ando na fase bestóide. Não saúdo ninguém quando entro em lojas nem agradeço com a mão se param na passadeira para eu passar. Estas minhas fases são cada vez mais longas. Prevejo mais uma semaninha disto assim. 
Os caríssimos leitores aguentem lá este meu estado de alma e não se coíbam de cá vir, sim?  E até podem dizer qualquer coisita que eu não me importo. Isto leva tempo mas passa. Além do mais podem crer que apenas mordo géneros alimentícios e comer pessoas... não faz o meu género.
Obrigadinha pela atenção.

Lisboa, 22 de Março de 2011

A vida não é bela, a gente é que a pinta assim a ver se a conseguimos aguentar.

Tenho de me concentrar na beleza das florinhas. Vou falar com aquele senhor ali e vou pensar na macieza das pétalas e no cheiro agradável das florinhas. Mas não vou pensar que ele é uma delas, isso não! Coitadinhas das florinhas...

A vida

A vida é feita de pequenos nadas, diz o poeta Sérgio Godinho.
É como o amor, digo eu. O amor é feito de coisinhas pequenininhas que depois se juntam todas para fazer uma coisa muito grande. Que... mesmo depois de estar enorme, poderá não resistir e ser completamente destruída por uma coisinha pequenininha.

Ouvido de passagem:

Você sabe quem eu sou?

Dito de passagem:

Uma parva qualquer que vai a passar na rua.

Ouvido de passagem:

A gente não pode ser prestável...

Dito de passagem:

Pois é, a gente caga sempre em cima de quem nos presta seja lá aquilo que for.

Ai que esquecida...

A dona Luísa quis saber se eu sou do tempo em que não se podia dizer merda. Se a minha mãe me deixava dizer merda, queria ela dizer. E não é que eu não me lembro?!

52? Bolas...

Vieram perguntar-me se eu me lembrava do caso de uma menina que morreu soterrada há 52 anos ali assim-assim.
Das duas uma: ou eu tenho um ar bem mais velho do que realmente sou, ou a pessoa, por tão velha ser, está completamente perdida no espaço de tempo.

Perguntar respostas

Gosto de perguntar.
Gosto mesmo.
Procurar respostas não é muito a minha onda, no entanto.
Porque não aceitar que há coisas na vida que não se esmiuçam? Gosto de deixar essas coisas como são.
Gosto mesmo.

Sabes como é quando a gente não lhe apetece fazer porra nenhuma?



Pronto, então é isso.

Caras de...

Tanto podem ser de rato como de gorila, depende da hora do dia. Também as há de passarinho. Essas são mais vistosas.

O que é uma complicona?

Eu explico: é uma mulher complicada.

Que é que achas?

Acho que sim.

Sabes?

Sei, pois.

De certeza?

Claro.

Hum...

Quer dizer... pelo menos tenho a minha opinião.


Pronto, ok, tenho a minha opinião mas não excluo a hipótese de estar errada. Está bem assim?

Não.

Oh p'ra mim!

Primeiro vi uma senhora com um casaco aos quadrados igualzinho ao meu. Mas eu tinha um doutra cor...
Depois vi uma rapariga com um casaco verde igualzinho ao meu... Mas eu tinha um doutra cor...
Hoje... hoje não, ontem. Ontem... tinha eu o meu casaco verde vestido... E vi uma senhora com um igualzinho mas em vermelho escuro, doutra cor, portanto.
A ver se me abasteço de trapos noutro lugar. Estão a ver porque é que eu gosto de fazer as minhas roupinhas? Ninguém tem um vestido verde igual ao meu, nem ao das ricas, nem ao das bolinhas.

segunda-feira, 21 de março de 2011

14:05

Lisboa - Rua Oliveira Martins, 21 de Março de 2011


Chegou a estação do ano em que posso sentar-me num banco de jardim sem sentir muito frio ou, por outro lado, muito calor.

A ideia de que estou cansada das minhas parvoíces escritas agiganta-se a cada dia que passa. Sinto falta de leituras alheias à minha pessoa. Agora ando com o livro dentro da mala. Hoje essa carga deu frutos.

A cama

Falava-se de infatilidades e um deles referiu o lugar-comum: «todos temos uma criança dentro de nós». Respondi muito depressa: «hum, eu já tive duas mas sairam...»
Um outro fez-se muito escandalizado com o que eu dissera. O homem que come a cunhada a escandalizar-se com uma frase tão pura e verdadeira como aquela! O homem que come a cunhada... Bah!
Como é que eu sei que eles...? Simples, disfarcei-me de fronha uma das vezes. Numa vez a a seguir disfracei-me de toalha de bidé mas fui descoberta. A partir daí nunca mais vi nada.

Olá, olha eu aqui!

Lisboa, 21 de AMrço de 2011

Olá, eu sou um vaso-jarrão de barro e tenho umas plantas dentro de mim que querem extrapolar para fora das minhas paredes. Querem ir de encontro ao sol, que as faz crescer.

13:45

Está frio.

Passou uma mulher um tanto ou quanto longe da juventude mas ainda toda enxuta. O Clóvis ficou especado a olhar para aquilo bambolendo-se de costas para nós e eu fiquei a olhar para ele...
– Eh pá, ó Clóvis, também se pode ser muita boa aos cinquenta, hein?!

O que vale é que ninguém me liga...


Pronto, tinha de ser, andei a mudar as montras e... ploc! Parti um vidro grosso que se farta.
Tirei fotografias de dentro da montra. Apesar da total ausência de arte quero deixar uma delas aqui. Tenho vontade de perguntar aos leitores se conhecem o sítio retratado. Caso não conheçam, se querem saber que sítio é, o local, a rua.
Dou-me mal com este tipo de post, os das perguntas disto e daquilo. Ninguém responde mas não sei porquê, ninguém dá a mínima atenção às perguntas que deixo.
Na verdade isso por agora pouco importa. Importa é que eu, levada por esse pensamento, vou deixar um desafio aos leitores:

Onde é que fica a minha drogaria? Procurem-me. Rebusquem Lisboa inteira. Encontrem-me, vá... Quando derem pela minha presença eu prometo que serei uma mocinha simpática.

O que vale é que ninguém me liga, claro.

No poupar está um ganho qualquer

A mulher não queria saco, trazia-lo dentro da mala. Há clientes assim – poupadinhos/as. O que comprou custava a caber dentro do saco, porém... Andámos as duas de roda daquilo algum tempo. Diz ela assim:
– Faz de conta que estamos a vestir uma mulher gorda.
Respondo eu:
– A quem o vestido não serve...

Caríssimos ranhosos:

Quereis lenços de assoar com cheirinho mentolado? Quereis com alma? Coração? Querei-los com o nariz? Provavelmente. Então fazei por ter o pacote dos mesmos em cima de cânfora durante uns dias e tereis o que tanto desejais...

O resto


Diz que esteve na Austrália trabalhando durante décadas, tem lá toda a sua descendência mas ela não ficou. Mostrou-me fotografias, numa delas estava uma linda mulher na casa dos trinta, uma fotografia tirada nos anos '70, seguramente. Calças justinhas e camisa com botões desapertados em demasia... Era ela. Tão linda...
Agora mora ali na Calçada dos Barbadinhos, num prédio com duzentos anos. Tem a casa a cair e diz que os donos não fazem obras nenhumas, que esperam as pessoas morrer para depois venderem o imóvel como está.
São restos de vida, as pessoas velhas estão como vivendo em restos de vida. Esperam a morte no que resta da sua vida. E eu, com a idade que tenho, pergunto-me: terá mesmo de ser assim?

Ora bem...

… Saio à rua e sinto um sol um tudo-nada ardente. Ardente na medida do possível para o início da Primavera.

Material desnecessário: luvas e cachecol.
Objectos de primeira necessidade: óculos escuros e casaco leve.

domingo, 20 de março de 2011

Caríssimos leitores e/ou meros visitantes:


Tende um resto de dia muito bom. Eu vou ali buscar a Primavera. Volto já!





Loures, 20 de Março de 2011

21:11

Amanhã e segunda-feira. E depois?
Estará um dia lindo: sol, calor, elementos desencadeadores da boa disposição.
Aproveita!
Amanhã é segunda-feira. E depois?
Pinta os lábios, enfia um anel no dedo, brincos nas orelhas, veste uma roupa diferente. Está calor!
Amanhã é segunda-feira. E depois?
Deixa-te de tristezas, vai trabalhar! Mas feliz, vá!
Amanhã é segunda-feira. E depois?
Depois é terça-feira...

...

'Tou aqui que não posso só porque sim. Quem manda a mim deixar-me estar neste estado?! Sai daí, pá!

...

Uma mulher que rapar a cabeça a um homem... é uma mulher feliz. Não é todo o homem que me deixa mexer-lhe na cabeça.

Os vestidinhos

É impreterível terminar o vestido verde hoje. Está feito!
O vestido às riscas está prontinho, prontinho.
O vestido às bolinhas só falta coser as missangas. Não o acabei porque o buraco da agulha é demasiado largo para as missangas que comprei...
Não esquecer: amanhã comprar uma agulha de buraco extrafino. Uma agulha daquelas que faz doer os olhos tentar enfiar.
Só falta um pouquinho mais de calor para usar os meus vestidinhos...

sexta-feira, 18 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

Post sem título


Existe um fosso entre a pessoa que sou e a que almejo ser, o que me deprime ao ponto de me sentir doente. Escrever não é sempre bom, há vezes em que deixo transparecer naquilo que escrevo o pedaço de gente miserável que sou.
Estou numa fase estranha: levo ao exagero tudo aquilo que gosto de fazer e, sendo o escrever uma das coisas que mais me agrada, exagerei. Percebi que tinha de me afastar para ponderar o que quero fazer de mim e da minha vida, concentrar-me em algo mais importante, mais não foi do que uma paragem necessária. Assim fiz, parei os escritos. Tanto que a última batalha está ganha e hoje a alegria mora por aqui. Não pretendo que este post seja, nem por sombras, um post triste. Quero-o alegre e comedido.
Por agora estou de volta. Aí para baixo estão as apresentações do costume, porém, sem lamúrias, antes são como trovoadas secas, rápidas e concisas mas nunca sem emoção. É assim que eu sei escrever.

Pinguinho, pinguinho

Interrompi o atendimento a um cliente:
'Ah, desculpe lá mas eu tenho que me ir assoar...'
Uma vez que a matéria era abundante a aspersão fez-se ruidosamente.

Vergonha: grau rasteiro

Desembaraço: grau elevadíssimo

Arranja aí, se faz favor!

A dona Luísa quer porque quer, porque quer, que eu lhe arranje uma casinha, mesmo em mau estado, não faz diferença, ela depois logo faz as obras necessárias, quer é viver em paz e está com muito medo de endoidecer com aquela depressão que trouxe lá de Angola, que as vizinhas são umas cabras e mais não sei quê. Só faltou pôr-se de joelhos, a dona Luísa... E gastou-me o nome:
– Ah, Gina, por favor, por favor, se souber de alguma casinha, Gina, mesmo pequenina, eu depois faço as obras, Gina, por favor, por favor, lembre-se de mim, Gina, por favor...
Dá-me pena, do fundo do coração, estas velhinhas sós e dou-lhes atenção o mais que posso, mas há favores que não consigo fazer. A ladaínha da dona Luísa roçava a pedinchice, o que ela queria realmente era que eu procurasse uma casa para ela.

Mandamento peremptório:

É pecado cobiçar a mulher do próximo.

Opção benvinda:

Atentai e cobiçai, pois, a mulher do outro a seguir.

Mamas

A Triumph diz que dá cinco euros pelo meu soutien. Quintipliquem a oferta e eu prometo que me debruço sobre o assunto.

Coisas da mudança de estação

Entrar num provador, tirar o cachecol, o casacão e três camisolas para experimentar uma blusinha de alças.

Calma!

Tenhamos calma. Muita calma. Ainda não se pode falar da crise, agora sopram ventos fortes lá para os lados do Japão e a terra ainda treme a toda a hora. Só mais uma semaninha, está quase. Está quase...

Ah, e a radioatividade parece que também é um grande problema no país dos tamagochis.

Conversa

Olha, a preta do escritório assim-assim disse-me que está a aproveitar este solinho para ir desapertando o cachecol, abrindo um botão do casaco aqui, outro da camisa ali e tal, para a pele se ir adaptando ao calor. Faz isso! Começa, vá, desaperta o casaco!

Eu não quero ser como a preta do escritório assim-assim, ok?!

Senhora dona

Conheci a sô dona Fininha, de seu nome de baptismo: Delfina. À porta tinha três chapéus de chuva de boa qualidade dentro de um jarrão que veio de África, um vulgar aparador na casa de entrada serviam de poiso à jarra com flores secas fazendo pendent com o clássico cinzeiro que serve para descansar os molhos de chaves e o busto dum africano, uma escrivaninha minúscula, um telefone moderno em cima dela e uns papéis rasgados contendo dois ou três números de telefone num tamanho espantosamente gigantesco, espetados por pionaises na parede forrada a corticite.
É quase cega, a sô dona Fininha... Daí o tamanho dos números. Mas observava atentamente a operação que se fazia na sua fechadura. A curiosidade e o interesse podem não ter olhos sãos.

Dona Júlia! Ê cá queria daquelas palmilhas pró chulé, fazendo favori!

Blá blá, blá blá?

Sim, omén! Daquelas veeerdis!

Blás.

Bolas, pá!

Diz que o taberneiro tem de aturar bebedeiras, faz parte. Diz que a enfermeira tem de aturar maluqueiras, faz parte. Diz que o médico tem de aturar queixas extremas, faz parte.

Eu não sou nada disso, sou uma simples empregada de balcão onde não se vende bebidas, mas... Já se percebeu, ?

Caros clientes:

Aviso:
Tenho o verniz das unhas ainda susceptível de ser riscado e todo o trabalho artístico feito pela Henriqueta será deitado por terra se eu hoje sair daqui com um risquinho no esmalte.

Pedido:
Não me peçam: vasos, alguidares, bichas de espécie nenhuma, cabo d'aço, duplicação de chaves, ou qualquer artigo que tenha de ser retirado de dentro das caixas.

Advertência:
Mas não deixem de cá vir! Peçam-me outras coisas, vá... Toda a classe de embalagens, vassouraria, pincelaria, plásticos e louças. Coisinhas que seja só retirar da prateleira e introduzir no saquinho. E, efectivamente, comprem-nas, sim?

Apresentação e agradecimento:
A humilde e momentanemente gestora deste estaminé, agradece: Obrigadinha!

Queixume

A senhora que sempre me compra luvas fininhas da vileda estava no café da praça. O pobre moço que a atendia, coitadinho, estendeu-lhe o café...
'Minha senhora, o garoto é para si? Minha senhora, tem aqui o seu garoto! Olhe, o garoto é para si, não é? Minha senhora!'
É cansativo, eu sei, mas pode crer, caro colega de profissão, é bem pior ouvir a indignação e aturar as consequentes queixas acerca do preço das luvas.

A gorda nunca morre

Um senhor despediu-se de mim dizendo que ia dormir. Percebi que ele estava na brincadeira e o que realmente ia fazer era trabalhar. Continuei a brincadeira, recomendei-lhe que não sonhasse comigo. Depois ele disse qualquer coisa como eu ser um pesadelo, por ser pesada, mas que já fui mais pesadelo.
Eu já fui gorda, verdadeiramente gorda. Não há muito tempo descobri que a gorda nunca morre. Quem já foi gorda (ou gordo) sabe ao que me refiro, por mais que se tente, por muito felizes que estejamos com o nosso novo aspecto... a gorda nunca morrerá, sempre está num cantinho do cérebro prontinha a ser avivada. Com esta pequena conversa descobri que a gorda não morreu na cabeça dos outros também. Que pena.

Que...

Num pequeno descuido, dois sacos de água quente escorregaram para um buraco, literalmente.
Primeiro pensamento: já fiz merda...
Segundo pensamento: Como é que eu vou tirar aquela merda dali?
Terceiro pensamento: que merda!
Quarto pensamento: merda!

...

Estive com o Shrek. Voz entaramelada e pronúncia do norte, um pouco pálido, talvez, mas era ele. Era ele em maluco, vinha dum centro social qualquer e queria soda cáustica.

Ai o Verão...

As revistas Burda estão a dar comigo em doida. Tenho comprado todos os meses desde o início do ano, ao momento já não sei se faça um top giríssimo e tão fácil de fazer da última revista, ou remonte ao mês de Janeiro e faça o vestido tal...

O beijo

Veio um teste numa revista que publicitava um novo tipo de baton. Um teste e uma amostra do dito baton. Dizia que a marca do beijo revela algo da personalidade. Achei piada e quis testar, toca de pintar as beiças e repenicar um sonoro beijo num pedaço de papel. Saíu-me isto:

Beijo ondulado

- É extremamente criativa e tem uma imaginação muito fértil...

- É uma artista...

- O seu talento é reconhecido e apreciado por todos...

Eu já sabia que sou artista, só não sabia que os outros sabem tanto quanto eu. Isso é que foi a verdadeira surpresa. O que vale é que eu não ligo nada a estas coisas...

segunda-feira, 14 de março de 2011

10:11

É de manhã que se começa o dia.
Deixo-me de parvoeiras e mudo de atitude, o que, neste caso, consiste em fazer as – algumas?! - coisas às avessas.
Posso começar por não escrever mais nada após o próximo ponto final.

domingo, 13 de março de 2011

Ele e eu na cozinha

Note bem: na cozinha.

Ele e eu na cozinha... A gente dá-se bem na cozinha. Ele é louco, eu ponderada. Ele prova qualquer coisa - jacarés, aranhas, lagartixas -, eu não. Ele tem o paladar rude, eu tenho-o apurado. De maneiras que a gente os dois amanha-se bem na cozinha, equilibramo-nos.
Depois há aquelas vezes - claro que este post tinha de trazer água no bico - em que eu salvo o peixe de ser panado com açúcar amarelo ao invés de com pão ralado...

Ah pois estão, pois estão...

O meu vestido às riscas e o meu vestido às bolinhas estão muito bem. Muito bem mesmo. Eles e eu, claro. Eles por causa de eu, claro. Não fora eu e os vestidos nem se podiam ver, claro.

Tons de nuvem


Ementa

Quecão* de chocolate com cobertura de manteiga de amendoim;

Tostas de queijo parmesão e cebolinho.

Havia mais coisas: caril de borrego, risoto primavera, sopa à lavrador e pipocas com chocolate. Não houve foi fotografias para estes itens porque:

quando me lembrei do caril e do risoto já tínhamos comido tudo,
a sopa sou eu que não quero fotografar porque tenho cenas bem mais interessantes para fazer
e, por último, as pipocas estavam fixes mas feias que se farta e eu não quero coisas feias no meu blogue.

* Quecão de chocolate é o nome que dei ao bolo deste fim de semana porque a receita original é para fazer queques, só que eu resolvi simplificar a coisa e fiz um grande queque - quecão.

?!

Enganei-me e escrevi uma data que há-de ser daqui a vinte e um mil anos: 13 de Março de 23011. Já nem blogues devem existir nessa altura...

Muito estranho...

Eu escrevo coisas!

Que estranho!

Eu tenho um blogue...

Isto é super-interessante:

Um filme onde se vê a toda a hora um marmanjo giro que se farta perde todo o interesse assim que aparece a gaja boa. E quando eles se juntam no final do filme? Então é mesmo odioso...

Porque sim


Esta imagem é só porque sim. Apanhei um prospecto de cima de uma mesa onde existiam vários, todos na onda das arte e cultura, mirei-o e adorei a imagem. Pássaros - desenhados, fotografados ou admirados ao vivo - em pleno voo sempre farão lembrar liberdade. Invejo esta liberdade criada e exposta por alguém num pedaço de papel. Eu, por mim, cortei a imagem o mais que pude e dei-lhe um brilho um tanto ou quanto irreal para combinar comigo.

sábado, 12 de março de 2011

Orvalho

Loures, 12 de Março de 2011

Primariamente escrevo porque sim. Depois escrevo por coisas. Escrevo todas as coisas porque todas as coisas me fazem escrever.
Não acrescentem nada àquilo que escrevo, por favor. Não é que esteja lá tudo mas está tudo o que é preciso.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Repuxo

Sentir o escalpe repuxado é coisa para me fazer lembrar índios e cowboys. Pistolas, arcos de flecha, pó avermelhado, grandes rochas.

...

Isso é tudo frio?

É.

Está doente?

Estou.

Ora, está agora doente... Isso é tudo frio?

É.

(R)ima

Auto-estima
em cima...
rima.

Não a ostentar lá em baixo, portanto, ser-nos-á seguramente favorável.

12:53

Diz que hoje é sexta-feira. Eu cá ainda não dei por nada.

Forças da Natureza

E pronto! Tsunami no Japão e mais o caraças. Agora é que não vou poder dizer quão miserável é a minha vida e o resto do pessoal não vai poder queixar-se da crise e isso. Prevejo um jejum de quinze dias para lamúrias. Fica já em agenda: dia vinte e cinco de Março a gente já pode falar das nossas infelicidades. Agora não. Agora não que é pecado.

Festinhas

Um galigfão fez-me uma festinha na cara. Dizia-me ele, numa achega (des)construtiva, que tinha passado lá na loja à uma e dois porque precisava de umas lâmpadas e eu já tinha a porta fechada mas não tinha nada que estar porque eles às vezes sai do talho meia hora depois do fecho e nunca se queixa (Sério?! Será que não se queixa mesmo?! Esta achega não será uma espécie de desabafo, de queixa?!). Foi aqui que o galifão me fez a festinha na cara. Eh pá... A minha idade terá alguma coisa a ver com este tipo de reacções?!

Levar tampas

Uma senhora perguntou-se com desembaraço se eu ainda reciclava tampas. Ponderei o que ouvira... Eu? Tampas... Eu alguma vez reciclei tampas?! 
Depois decidi deixar a minha veia de pessoínha benfazeja fazer-se notar:
- Não... Mas se lhe custa andar com elas pode deixar aqui que eu ponho-as no contentor.
Quem disse que a mulher se fez difícil? Qual quê, nem agradeceu!

Forças da natureza

Agora ficas aqui sentadinha a descansar que bem precisas. Depois podes fazer as malas e partir. Só não vás é lá para os lados do Japão porque ao que parece a coisa está má.

A vergonha

Uma senhora pediu um sanitário, vulgo penico. Depois quis que o embrulhasse bem não fosse alguém ver o que ela levava dentro do saco. Com tanto pudor duvido que faça merda.

Teste

Um senhor de cabelo oleoso queria um espelho de carteira. Mirou-se muito bem e comprou. Passei a duvidar da qualidade deste artigo.

A maluqueira d'Arroios

O maluquinho d'Arroios plantou-se à porta da farmácia e meteu-se com o senhor doutor:
– Então ó João!
O senhor doutor tomou boleia e entrou na brincadeira:
– Então ó Zé!
E o outro:
– Então ó João!
– Então ó Zé!
– Então ó João!
– Então ó Zé!
E assim por diante. Em matéria de maluquice pode dizer-se que o senhor doutor faz uma grande companhia ao maluquinho d'Arroios.

Ai o caraças!

Ainda não perceberam que marimbo para a merda das asneiras, os pobres. Acham-me toda coisinha só porque sou mulher. Ainda não perceberam que marimbo se dizem foda-se, ou cona da tia. Parvos.

Coisa escura

Está ali uma manchinha que não me deixa ver em condições. Foi a minha cabeça que pôs a manchinha ali, exactamente naquele sítio, fê-lo com o propósito de me aliviar o sofrimento. 'Olhos que não veêm, coração que não sente', lá diz o ditado que a minha mãe tantas vezes refere.

Se

Se as pessoas à minha volta me percebessem eu ia gostar tanto... Se as pessoas percebessem que preciso falar, preciso escrever, agora mais do que nunca. Se as pessoas percebessem que quando digo que não sei falar nem escrever quero dizer que isso é (mesmo!) a minha verdade. Se as pessoas percebessem que o meu humor varia entre o cómico e o mórbido em dois segundos. Se as pessoas percebessem que eu preciso da atenção delas. Se as pessoas percebessem que eu não quero os conselhos delas. Se as pessoas percebessem que eu não quero estar triste. Se as pessoas percebessem que eu estou triste porque estou cansada de lutar contra a tristeza. Se as pessoas percebessem que a luta é vã. Se as pessoas percebessem que sim, não, pois, oh, quem sabe, não é nada disso, ah, talvez.

Disparidade

Aconteceu-me uma coisa curiosa: no espaço de sete ou oito horas a minha postura foi desdenhada em dois opostos.
A primeira foi uma senhora que se ofendeu porque eu estava a atendê-la e ia sorrindo e rindo. Indignou-se comigo, disse que eu achava graça a tudo quando ela não via graça em coisa nenhuma. Relembrei os tempos da minha juventude, tempos em que controlar as gargalhadas me era quase impossível, aborrecendo as pessoas à minha volta sem que essa fosse a minha intenção. Hoje não sou jovem mas ainda sofro um pouco com essa questão, o meu riso é mal interpretado muitas vezes.
A segunda foi um homem que me disse que eu tenho sempre um olhar assassino, cada vez que falo para ele fica com a ideia de que o quero é ver morto. Fiquei tão triste... Bolas. Não é que eu seja algum primor em simpatia, não sou, mas... eh pá, que aborrecido pensarem estas coisas da minha pessoa.
Estou certa de que nenhuma das duas pessoas tem ideia de como me magoou.

quinta-feira, 10 de março de 2011

O despontar da Primavera

Lisboa - Rua Brito Aranha, 10 de Março de 2011

Quem diz : a vida desponta, di-lo com razão. Agora há estes dias assim. Estamos em Março, de tarde é Verão. Há folhas novas nos parques, nos jardins, nas divisórias das avenidas... E noutros sítios que agora não me lembro.

O sorriso



Tenho uma nova imagem de apresentação no cimo do blogue. É um sorriso. Uma espécie de sorriso, um sorriso forçado por um objecto tão simples como um lápis. Ah, e é meu, o sorriso é meu.
Uma parte de mim, um sorriso e um lápis têm tudo a ver com este blogue.

Não é que sorria pouco, sorrio muitas vezes e normalmente não é forçado. Às vezes tenho de sorrir para não chorar. Sabem como é, aquela coisa de termos de contrariar os ímpetos, aldrabar sentimentos, parecer bem-disposta sem o estar por modo a enganar-nos a nós mesmos em primeiro lugar e aos outros por acréscimo, dar uma ideia de sincera boa-disposição a quem connosco convive.

Mas o sorriso sincero e espontâneo é o melhor que há. E eu, por mim, posso dizer que exibo esse tipo de sorriso todos os dias da minha vida. Sorrio porque gosto disto ou daquilo, sorrio porque estou divertida, sorrio porque sou simpática, sorrio porque o sorriso destrona e evita a palavra. Sorrio porque sim, em suma. Sorrio e pronto.

Homens queridos e fofinhos:

Não me pisquem o olho, não estou habituada a tanta atenção e depois derreto-me toda e fico espalhada pelo chão. Apesar de toda a querideza e fofura existentes nas vossas cabecinhas lindas, não vão querer apanhar-me do chão, certamente... Não me pisquem o olho, vá.

Ai as fardas!

Uma mulher fardada de militar, cheirando bem p'ra caraças é uma coisa para me tirar do sério. Fala a minha parte macha, aquela que de vez em quando vem ao cimo e diz umas coisas. Ou escreve, por assim dizer.

O Verão mais desejado

Uma anda de vestido leve às florinhas e sandálias, outra de calças brancas de linho. E eu pergunto-me: esta malta vestirá o quê em vindo o Verão? Nada, andam nuas, só pode.

A saber:

Tenho dois vestidos: um às bolas, outro às riscas. Fiz eu.
Só falta os acabamentos, tenho de comprar umas missangas para bordar um deles. Vou gastar mais dinheiro nas missangas do que gastei no tecido. Não troco por miúdos a disparidade numérica porque depois chamavam-me maluca. E eu não gosto nada que me chamem coisas que não sou.

Musculatura

Há por aí umas calças de ganga quer levantam as nalgas. Em a usuária precisando erguê-las, claro.

O escadote

As senhoras velhinhas recomendam-me que tenha cuidado ao subir o escadote. Não sabem os milhares de vezes que o subi mas talvez saibam a quantidade de vezes que estive em desiquilíbrio.

Os monos

Andei no armazém mexendo em porcarias que não lembram a ninguém. No cimo de uma prateleira descobri uma caixa com lâmpadas de 15w duma referência já descontinuada. Agarrei na caixa, cuidadosamente porque estava numa posição de desiquilíbrio eminente, enquanto ia pensando:
'Ainda me aparece dentro da caixa algum rato morto, ou caraças...'
E pimba! A porra da caixa abriu-se por baixo, cairam uma data de lâmpadas no meio do chão, mais o pó acumulado pelos anos de desuso. Que bela ocasião para pensar em ratos mortos, não?!

Não me digam nada, por favor!

Não sinto a falta de ninguém. De oposição, de confronto, da discórdia. Para mais, odeio essas coisas todas.
Sinto falta que me digam:
'Ah, és tão bondosa, tão ternurenta, tão amiguinha...'
Sinto falta das palavras que nunca me disseram, das horas em que não vivo e das gargalhadas que não dou.

Blá, blá, blá

Mediante uma oferta simbólica deixaram-me uma brochura contendo informações acerca daquilo que julgo ser uma religião, ou então uma espécie disso: 'Meditação&Superconsciência'.
Passei uma vista de olhos rápida pela brochura e mesmo assim, sem aprofundar a leitura, tirei conclusões. Verifiquei que para alcançar aquele estado de graça e de pura felicidade que todos desejamos as pessoas têm de se isolar. Isolar, isolar mesmo. Ora eu, que sou uma cabecinha pensante, deduzi rapidamente que vivendo solitariamente não há atritos de espécie nenhuma. Onde estão as pessoas?! Não serei eu perfeita se não houver com quem argumentar, com quem me indignar? A quem provocar, chocar? Quem me vai notar os defeitos, abrir-me os olhos, aconselhar-me? Ninguém. E a parte material e prática dessa vida, come-se o quê? Faz-se chichi onde? E não se toma banho?! Ora...
Talvez existam pessoas vivendo dessa maneira mas para mim seria um sacrifício tremendo, creio que não passa de um modo de viver muito àquem daquele para o qual o ser humano existe. E vou repetir-me mas não faz mal, é por uma boa causa: a vida e o mundo são as pessoas e a sociedade, o resto é pura composição ou adorno.

FB e amizade

O Fuçasbuque, ou o mundo virtual em geral, é algo que move massas. Sendo virtual não o acho diferente do mundo em geral, há pessoas com boas intenções, pessoas com más intenções, pessoas sinceras, pessoas hipócritas. O mundo virtual é tão imperfeito quanto o real.
Diz-se deste mundo virtual, das amizades e assim, que é um grande engano, bom mesmo é viver a amizade pessoalmente, olho no olho é que é fixe, ouvir a voz dos amigos, isso sim, é maravilhoso. Concordo em pleno. Apenas acho que a grande diferença entre os dois mundos é a capacidade aumentada que se tem para 'ouvir' e 'ser ouvido', na internet as pessoas analisam mais e melhor, prestam-se atenção. Atenção essa mútua. Ai é, comentaste o meu Fuçasbuque? Então vou já a correr comentar o teu. E vão mesmo. E falam das coisas mais simplórias que existem.
Testei, por assim dizer, o Fuçasbuque ao nível da atenção que as pessoas poderão demonstrar àquilo que escrevo, uma vez que aqui pouco me ligam. Deixei lá escrito que tinha morangos com merengue e ofereci: alguém quer? Responderam duas pessoas. Não é o máximo? Já deixei pairando na blogosfera dezenas de perguntas carentes de atenção, posts sobre os quais ia gostar tanto de ler comentários mas aos quais nunca ninguém respondeu. E no Fuçasbuque foi tão rápido obter respostas...
Mas ainda cá vou às amizades, não sou pessoa para saber viver as amizades saudavelmente, ou sequer sei como prolongá-las. Dentro da amizade é necessário haver um certo desprendimento, por incrível que pareça, e eu não o possuo. Penso demasiado, analiso tudo pormenorizadamente, necessito de largo tempo para digerir o que ouço. Sou um complicadinha do caraças, é o que é.