segunda-feira, 30 de junho de 2008

As histórias do meu merceeiro - as frutas que se vão embora

Diz que já não há morangos. Perguntei por eles e a resposta que ouvi foi que os morangos não gostam de se encontrar com as cerejas. Assim que estas chegam eles, os morangos, tratam logo de se ir embora.
Mas há mais - também diz que as cerejas não gostam das uvas nem do melão. Ora os melões já andam por aí... certamente já as cerejas ouviram a queixa dos melões reivindicando o espaço que lhes pertence... não tarda nada lá vão elas, as cerejas, embora... e os melões e as uvas vão ficando até... chegarem as pêras e os diospiros, será?

Isto é uma história com a verdade lá no fundo, ou então, é uma verdade superficial, se é que isso existe. Nem sempre as coisas acontecem assim porque depende de muitos factores - condições atmosféricas, fornecedores, clientes, da pessoa que gere o negócio e do próprio negócio.
Não obstante, engracei com o que ouvi e o meu merceeiro teve que repetir esta "história" para, pensou ele, eu entender. Mal sabe ele que só a repetiu porque o que eu queria muito era escrevê-la... pela muita graça que lhe achei...

domingo, 29 de junho de 2008

Era o ideal...

Era algo que eu idealizava como me convinha. Eu é que supunha, eu é que fazia, eu é que acontecia. Só eu é que me interessava. Só a mim é que interessava. Tudo para mim. Tudo meu. Eu e as minhas coisas. Eu e os meus pensamentos.
Pegava nas frases, juntava-lhe uma porção grande de fantasia, e tantas outras coisas que não caberiam aqui, em doses mais pequenas mas nunca iguais para não desequilibrar. Encaixava tudo muito bem. Era perfeito. Tão perfeito mas tão perfeito que só eu poderia saber e saborear. Depois fazia uma história que acontecia como eu queria e não terminava nunca. Era assim.

Estou a escrever no passado porque queria que isto já fizesse parte dele. Só que isto ainda mora no meu presente e na minha cabeça.
Se o meu blog fosse como um serviço telefónico daqueles grátis, depois de haveres chegado a esta página virtualmente verde, responder-te-ia assim:


Bem vindo ou bem vinda, dependendo do sexo. Bom dia ou boa noite, dependendo da hora actual.
O meu nome é Gina e acedeste à página do blog Verde Água.
Se aqui chegaste por recomendação:
Ia gostar que não desses por mal empregue o tempo que (espero eu!) gastarás a ler isto.
Se aqui chegaste porque calhou:
Alegro-me com a sorte que te calhou e gostava que sentisses o mesmo.
Em qualquer dos casos podes dispor do que aqui dou:

tecla 1 -
história
tecla 2 -
animação
tecla 3 -
humor
tecla 4 -
frustração
tecla 5 -
família
tecla 6 -
tristeza
tecla 7 -
indignação
tecla 8 - amizade
tecla 9 -
alegria
tecla 0 -
solidão
tecla * -
surpresa

sábado, 28 de junho de 2008

A Cris passou-me este desafio. Parece que não se sabe bem as regras mas sabe-se que é para nomear 11 blogs, atribuir-lhes um número ao calhas e depois responder ao questionário.
A minha maior dificuldade será "arranjar" 11 blog's uma vez que não leio tantos assim nem tenho uma relação profunda com nenhum dos seus autores.
Escolhi alguns casualmente e aí vão:


1 http://claras-em-castelo.blogspot.com/


2 http://vekikiprojects.blogspot.com/


3 http://dona-redonda.blogspot.com/


4 http://tretaseoutras.blogspot.com/


5 http://minhanuvem.blogspot.com/


6 http://frontofficestories.blogspot.com/


7 http://biclaranja.blogs.sapo.pt/


8 http://verao-azul.blogspot.com/


9 http://oblogquetevequeternome.blogspot.com/


10 http://ardosiaazul.blogspot.com/


11 http://bell-tira-teimas.blogspot.com/



Como encontraste o 4?


- Por acaso, tal como todos.


O que farias sem o 6?


- Ia rir muito menos...


O que farias se o 2 e 6 estivessem a namorar?


- Eh pá!... Acho que não faria nada. Isso era lá com elas.


O que farias se o 5 confessasse que ele/ela te ama?


- Nem sequer consigo imaginar...


Quem é o melhor amigo/a do 11?


Se calhar são as palavras.


Já te alimentaste perto do 1?


- Não sei...


Sentes saudades do 2?


- Posso dizer que sim. Vou sempre espreitar o blog dela.


Quem o 10 namora?


- Não sei. É enigmática...


O que achas do 3?


Parece-me uma rapariga (acho que é ainda uma rapariga) muito simpática e de fácil lidação. É a ideia que me transmite somente acerca do que leio no seu blog e, principalmente, através das palavras que deixa na caixa de comentários do meu blog.


O que achas do 9?


Uma rapariga de quem pouco sei. As palavras que deixa lá no seu blog parecem-se com pensamentos imediatamente transformados em palavras depois de pensados. Estarei certa?



O que farias se o 4 e o 7 estivessem a namorar?


- Aí seria lá com eles...


Casarias com o 8?


- Não.


Amas o 10?


- Não.


Já dormiste no mesmo quarto com alguns destes números?


- Nop!...



Quem se sentir desafiado/a espero que se sinta à vontade para responder e que me diga qualquer coisinha.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Parvoíces inerentes à tentativa de desviar a minha atenção ao assunto apresentado nos post´s anteriores:

Perguntei a alguém do sexo masculino (ai eu gosto tanto de escrever a palavra sexo!!!):
" Olá!" - primeiro cumprimentei porque sou muito educadinha. E logo a seguir directa e concisamente: - "Lembra-se de mim!?"
Seguidamente (e normalmente assim é) a cara que vi não foi de pessoa inteligente. Ficou boquiaberto e com ar de parvo, demorou quatro ou cinco segundos a pensar (que eu aproveitei para me divertir apesar de expectante) o que diria para não me ferir as susceptibilidades, aquelas que não possuo. Decidiu ficar de bico calado, convenhamos que não fica bem dizer que lembra a minha cara - poderia andar aí o meu dono (sim... nunca fiando...), ouvir "aquilo" e aproveitar para exercitar a musculatura tããããão necessitada de aliviar tensões. Nem fica bem dizer que não lembra os traços da minha fuça (também é giro escrever fuça...) - poderia ofender a minha pessoa que de tããããão frágil não aguentaria tamanha decepção...

Prós, contras e parvoíces inerentes à pesagem dos mesmos

Ora bem, prós:

· Adquirir conhecimentos aprendidos através de outrem
· Relacionar-me com pessoas fora do âmbito familiar e profissional
· Aprender a concentrar-me no que alguém divulga ou ensina
· Minimizar o desconforto da timidez
· Aplicar profissionalmente o que aprender
· Confronto directo com outras ideias e com outros ideais
· Dispor-me a trabalhar e aprender em grupo
· Possibilidade de viver num ambiente novo

Ora mal, contras:

· O tempo ficar ainda mais escasso
. Renúncia a passatempos e convívio com amigos
· Impossibilidade de frequentar o ginásio o mesmo número de vezes
· Grande possibilidade de voltar a ser gorda
· A ideia do ambiente novo ser ilusória
· Despesas extra
· Bloqueio à criatividade por estar ocupada em aprender e reter informação
· O que vou aprender não se coaduna com o que gosto realmente de fazer
· Receio não ter capacidade para levar a cabo o pretendido
· Menos tempo ainda passado com a família
· Tamanho sacrifício não ser recompensado proporcionalmente
· Não implica nem possibilita uma mudança a nível profissional


Conclusões:

· Os contras são em maior número
· Não tenho o mínimo jeito para fazer listas
· Saíram parvoíces da minha cabeça
· Ainda por cima escrevi-as

A indecisão anda por aqui, pairando à minha volta e eu é que estou tonta...



terça-feira, 24 de junho de 2008

Decidir

Cada vez que lá vou saio sempre feita num oito. Subi a avenida devagar ao contrário do meu costume. Andei devagar para gastar o tempo que me sobrava e porque queria que as ideias refrescassem. Tenho que tomar uma decisão importante, pesar os prós e os contras e ver para que lado se inclina mais a balança.
Se disser que sim tenho que deitar para o lixo muitas das coisas que já consegui e que valorizo hoje. Se disser que não estou a desperdiçar uma oportunidade que possivelmente não voltarei a ver chegar até mim. Assim também estarei a deitar algo para o lixo.
Enquanto caminhava pensava na mistura estranha e por vezes explosiva que é a minha vida. Tenho a família e o trabalho. E tenho o trabalho e a família. Que estão mescladas, juntinhas e entrelaçadas uma na outra. Por causa da mescla e da laçada sinto que não tenho vida profissional. Até parece que nem trabalho... mas trabalho. Faço parecer que não me dedico mas dedico-me. Faço parecer porque tanta dedicação será, possivelmente, inglória e debalde.
Certamente verei o desfecho daquilo que hoje faço enquanto me dedico. Vai haver um dia em que eu vou subir a calçada como se ontem nunca tivesse existido... e passar numa rua desconhecida com um propósito que hoje desconheço.

domingo, 22 de junho de 2008

Manifestei preocupação devido ao atraso dos meus sogros. Vinham cá jantar e não havia meio de chegarem.
- Mãe... ninguém se preocupa com os sogros... as pessoas dizem sempre mal dos sogros... - disse a rica filha.

Gosto desta anormalidade.
Sou anormal.
Mas já sabia.
E já gostava.

sábado, 21 de junho de 2008

O texto publicado no post imediatamente abaixo deste não é da minha autoria

E pronto!!! "Houve alguém que descreveu a Gina". Esse alguém é este senhor.
Sabe que tenho um blog desde que escrevi qualquer coisita acerca dele - segundo o mail que me enviou após ler o que eu escrevera, apenas referi a ponta do iceberg... mas que estava bem e por acaso era assim como o descrevi que ele gostava que as pessoas o "vissem". Depois nunca mais me visitou mas falava-me disto aqui de vez em quando. Eu ficava com vergonha porque é inexplicavelmente mais difícil ser lida por quem me conhece, fico mais exposta. Desejo que quem me conhece venha aqui ler mas tenho muita vergonha em simultâneo. Não se entende, nem eu entendo...
E assim houve um dia, ele há sempre um dia, em que este cavalheiro começou a ler o meu blog. Parece que se espantou com a estética da escrita e parece-me que, de uma maneira geral, gostou de ler. A mim espantou-me esta última e também a paciência que teve e o tempo usado para ler todo o blog.
Neste meio tempo anunciou-me que depois escreveria um comentário e escreveu mesmo mas verificou-se que não caberia na caixa de comentários e então disse-me que não via inconveniente nenhum em que o publicasse aqui. E eu publiquei.
Diz ele que a estética da minha escrita incide no discurso muito directo por ser escrito na primeira pessoa, que demonstra a procura da afirmação e da negação numa mesma frase e a passagem para a escrita da linguagem falada. Mas diz que não é crítico literário. E eu sei que não é mas gosto de saber, apesar de sentir vergonha, o que as pessoas pensam acerca daquilo que escrevo.

Daqui lhe agradeço uma vez mais. Agora publicamente.


Ah!... Considerei o texto muito fiel à minha realidade e a parte do "pijama imaculadamente dobrado" tem muita graça... e o meu cumprimento "bom dia sou Bento", nunca tinha reparado que falo assim... "trouxe-me as coisas todas?" também é certeira!... e o banco de banheira então!... fez-me rir... já o apaguei da minha memória bem como do livro das faltas... mas acho que na próxima Segunda-feira ainda lhe vou perguntar por ele!

Houve alguém que descreveu a Gina

1. PREÂMBULO

Porque penso já conhecer alguns dos traços psicológicos da Gina, deixo aqui as palavras que ela poderia escrever mas que provavelmente o não faria.
Não faço uma análise ao blog (já disse que o que mais me espanta é a estética da escrita), por isso transcrevo em palavras minhas numa hipotética descrição da Gina, aquilo que penso ser um dia na vida da blogger.
Se o que escrevo de qualquer forma se aproximar da realidade fico satisfeito (a minha observação das pessoas e do meio onde se movimentam consegue ainda descodificar a previsibilidade das suas acções e reacções).
Convenhamos que meio século de vivência, no mínimo dão-nos alguma experiência...



NAS LETRAS DE UM TECLADO AS PALAVRAS QUE NUNCA ESCREVERIA...OU TALVEZ SIM

Mais uma vez é segunda feira.
Mais um dia de trabalho.
Que merda - Oh Luís; merda posso escrever não posso?
(é este anátema pseudo-religioso que me censura o vocabulário)
Como estes dias se tornam repetitivos (os mesmos 1440 minutos dia após dia).

A fila de transito estende-se pela A8. É o túnel do Grilo que lentamente vai engolindo os automóveis.
- Alimenta-se bem este grilo!!!

Será que é hoje que vem o banco de banheira?

Sem café, isto hoje não vai lá:
- Olhe faz favor... é um bolo partido ao meio. - Luís queres café? – E é um café em 2 chávenas...

- Então são as molas de roupa e o pó para as pulgas? - São --- euros (percebi que as molas de roupa foram o pretexto para ganhar coragem na petição do pó).

Será que o banco de banheira está a chegar?

- Oh Gina escreve aí no livro de faltas as tintas para o cabelo!
(Nem sei porque se chama livro de faltas a umas folhas de papel “reciclado”, manualmente formatado num ziguezagueado A5 e presas por um grampo de mola...).

· - Bom dia D. Gina; bom dia Sr. Joaquim.
- Bom dia “sou” Bento. – Ai!!! ... o meu pulso.
(A mania que este sujeito tem de nos cumprimentar apertando vigorosamente a mão enquanto nos fixa nos olhos)
- Trouxe-me as “coisas” todas?
(reparo que veste a camisa de cor igual ao meu verniz e nos pés traz os sapatos da “viúva”)
- Tudo menos o banco de banheira.
- Então a fábrica faliu? (já está pedido há mais de 3 meses).

. Vou ao armazém buscar lixívia (antes passo pelo 13B para dar um beijinho no Luís).

- Então Bento ... hoje comemos cá?!
- Eu como onde quiser...; respondeu-me.
Não decifrei se o sorriso malicioso com que o disse foi genuíno, ou é esta minha fixação de que por defeito genético todos os homens pensam de baixo para cima.

- Ai que fome que eu tenho!!!!
Gritei para o empregado do restaurante onde costumo almoçar, ao mesmo tempo que ocupo o meu lugar na mesa, como habitualmente de frente para a rua.
Não sei se é mesmo fome ou esta minha incessante vontade de rapidamente sair para o meu “passeio diário de desintoxicação mental”.

Já me não recordo se as montras que olhei tinham sido redecoradas.
Mas continuam lá...

O cliente pediu e o patrão endereçou-me a pergunta:
- O banco de banheira já chegou?
- Não. Continua pedido.

Ninguém está na loja. É a minha hora sexual.
Pego na esferográfica e vou rabiscando num papel os tópicos da minha escrita de hoje.
Absorta, volto à realidade quando uma cliente me pede um saco de terra para plantas.
Afinal só “fodi” 5 minutos ao patrão.
Ainda bem que sou mulher, senão seria ejaculação precoce.

Está na hora de fechar a loja e vou até ao ginásio.
Mas onde raio poderei desencantar um banco de banheira?

Não sei o que vai ser o jantar.
Se tivéssemos visitas seria o Luís a fazê-lo.

Prometo a mim mesma que hoje não vou escrever pela enésima vez acerca dos meus ténis ... sapatilhas ... calcantes ... pisantes ...

Misturo a água. De pé na banheira sinto gota por gota o jacto de água tépida que o meu corpo recebe.
Dou por mim a falar com os botões do pijama que imaculadamente dobrado sobre o lavatório aguarda o meu regresso.
- Ainda bem que por hora não necessito de um banco de banheira...

Dou um beijo nos meus ricos filhos e vou deitar-me.

Esta Gina Nº 40 saiu melhor que a encomenda ... está mais sofisticada.


Space flyer

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Tocou a campaínha. O rico filho foi à porta e perguntou quem era através do auscultador. Quem lhe respondeu - vim a saber à posteriori - foi uma menina da idade dele que lhe contou laconicamente o motivo da visita:
- Quero comer.
O rico filho é, também ele, lacónico nas palavras. Mas abriu uma excepção e disse mais do que duas palavras de uma só vez e a resposta mascarada de sugestão saíu em tom muito indignado:
- Olha!... Vai comer ao lixo!!!

Acontecimentos muito importantes deste dia:

Acontecimento número um:

Uma rapariga entrou na loja e apanhou-me a cantar:

My dream is to fly over the rainbow so high
Rise up don't falling down again
Rise up long time I broke that chains
I try to fly
away so high direction sky
I try to fly away so high direction sky
My dream is to fly over the rainbow so high

(Yves LarocK)

Mostrou-se surpresa mas sorridente e eu disse-lhe que se levasse a vida a cantar "isto" não custava nada...

Acontecimento número dois:

Um senhor entrou na loja só para me dizer que hoje não queria fazer chaves, que já lá tinha estado no outro dia e que não podia gastar os euros todos em chaves.

Acontecimento número três:

Pintei as unhas esperançada de que ninguém aparecesse a querer um Linfer ou meio litro de amoníaco ou assim e eu borrasse a pintura toda... e não borrei.

É giro isto. É, é. E assim concluo que a minha vida profissional é cá uma animação!...

E antes da despedida formal da Primavera:

Começo com os bugalhos. Julgo que não era bem na Primavera que eu apanhava estas "bolas", abria-as ao meio e de dentro saía um bicho semelhante a uma aranha a correr o mais depressa que conseguia, julgo eu. Era divertido, aquilo.
Como andei a ver se via os bugalhos castanhos e só consegui encontrá-los cobertos com aquela capa verde, suponho que me divertia desta forma no final do Verão ou no Outono. Mas não tenho a certeza.
No post anterior desta série eu relato uma visita à Rua do Bêco. Um dos propósitos daquela visita era fotografar a própria árvore de onde eu arrancava os bugalhos. Infelizmente a árvore já não existe...

foto: Alcaínça

Esta planta tem a "sorte" de eu saber o nome dela. Mas só porque me deixaram escrito aqui - é uma das variedades do trevo forrageiro.
Uma vez quis saber se esta planta teria cheiro. E para ter mesmo a certeza enfiei uma no nariz. Deu-me um trabalhão tirá-la de lá!...

foto: Cabeço de Montachique

Estas eram as rosas que na Primavera saiam das grades do quintal de uma professora que morava lá ao pé de mim. Na Primavera, quando ia a caminho da escola eu observava em que estado estavam e quando havia botõezinhos apanháva-os e fazia um raminho. Estas rosas têm um cheirinho muito agradável.

foto: Mafra

Ainda hoje acho esta planta semelhante à salsa. Agora imagina quando tinha sete ou oito anos... Um dia mostrei à minha mãe que me disse que aquilo não era nada salsa! Que desilusão!...

foto: Alcaínça


Pois que aqui também não sei com se chama esta planta mas lembro-me muito bem de imaginar que era trigo e que se calhar daria para brincar às padarias. Para ter a certeza de que aquilo daria para fazer pão dissequei a planta e comi os grãozinhos. Não era mau... era bem capaz de dar para fazer farinha se eu soubesse como lá chegar...

foto: Loures

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Entardecer

Hoje o Luís trabalhou até mais tarde e eu andei por ali a gastar tempo.
A Alameda estava visivelmente agitada com a proximidade do jogo importante que iria decorrer.
Três mulheres passeavam cachecóis, com o escrito Portugal - Alemanha, na ânsia de deles se desfazerem para recuperar o investido.
E eu ali a vaguear, só.
Tanta coisa para fazer - e para escrever - e eu ali, só.
Andei por ruas de que não sei o nome e andei por ruas de que sei o nome mas não quis ir àquele jardim.
Não vou lá quando estou nostálgica.
Mudei o rumo e fiz uma volta diferente.
Parei e sentei-me algures.
Escrevi.
Ouvi vozes esganiçadas cantarem o hino.
Ri-me, só.
A rua deserta, o povo calado, a cidade centrada num acontecimento sem sentido para mim.
Ninguém ali.
O entardecer é tão bonito naquela rua!
Fui tomada por algum receio mas deixei-me ficar mais um pouco.
Quis esquecer o medo e esqueci mais um pouco... mais um pouco.
O céu escureceu.
Levantei-me e segui, só.

E eu a pensar que só eu é que brinco com quem falo mas não conheço:

Hoje fui à baixa lisboeta em trabalho. Um passeio na hora do patrão é diferente… para melhor!
Um número redondinho sito na Rua do Ouro era o destino. Cheguei e entrei directamente numa ourivesaria, o senhor de trás do balcão levantou-se para a eventualidade de eu querer negociar com ele mas… eu perguntei-lhe se a empresa tal e tal no andar assim assim ainda lá estava instalada. O senhor respondeu afirmativamente mas que não tinha elevador e não havia luz a partir do segundo andar porque o prédio estava em obras. Fiz um esgar qualquer, de certezinha, só não sei é de que tipo. Agradeci e disse que supostamente ninguém me faria mal pois sou boa rapariga. Já me estava a preparar para subir alguns lanços de escada feita de madeira tosca (leia-se podre) muito altas e muito estreitas, munida de coragem e da luz do meu telemóvel. Sim, porque actualmente um telemóvel não serve apenas para fazer e receber telefonemas, não é?
A esta altura já sei de que tipo era o esgar - era de medo. Num impulso preparei-me para subir. "ai... que vista desagradável. Enfim…’ bora lá Gina!..."
- Eu estava a brincar, o prédio tem elevador - um sorriso maroto acompanhou as palavras e conduziu-me até lá, carregou no botão do elevador e enquanto o dito não chegou ao rés-do-chão não largou a minha companhia...


Isto é para eu saber que há mais gente espontânea neste mundo. Ali éramos dois.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Oh vida minha!


- 'Cê tem rolo dji pintúrah?
- Sim. Para pintar com que tipo de tinta: água ou esmalte?
- Ah é daqueli ali, oh!.. - apontou para cima - Esse é dji vintxi centxímetros?
- Este é de 180 milímetros.
- Ah e o ouutro?
- É de 150 milímetros.
- Ah mi dá o grandji.
E enquanto eu lhe arranjava o pretendido:
- 'Cê faiz chavi?
- Sim, faço.
- Puxa!... 'Cê faz dji tudo, hein? E djinheiro, 'cê faiz?...
- Não. Mas se me emprestar uma nota posso tirar umas fotocópias.
- ah!ah!ah!ah!ah!ah!ah!
- Se eu soubesse fazer dinheiro não estava aqui a olhar para si...

(nem saberia que existem rolos de 180 ou de 150 milímetros, nem tinta de água ou de esmalte, seguramente)

Os meu óculos XL

Ia eu subindo a Avenida Guerra Junqueiro quando vejo uma senhora circulando no sentido oposto ao que eu seguia. Tinha um ar simpático e sorria levemente para mim. Primeiro pareceu-me apenas um olhar e um sorriso de apreço. Pensei:
"Eh lá!... Estes óculos ficam-me mesmo bem! Esta senhora está perdidamente apaixonada por mim...". Mas a senhora ia expandindo o sorriso à medida que nos aproximávamos uma da outra. O sorriso foi ficando maior e cada vez maior e cada vez maior e aqui já eu pensava:
"Ai o caraças! Mas eu conheço a mulher, é? Será que a conheço e não sei quem é? Porque estará a sorrir tanto?" Investiguei minuciosamente a senhora, tentando descobrir se seria alguém das minhas relações mas não, não conhecia, ou pelo menos não estava a reconhecer. E como não estava a reconhecê-la pensei:
"Xiça!... Sou (ou estou) mesmo gira!!! Olha o raio dos óculos, hein?!?! Só é pena... não ficar a saber se sou eu que fico bem com os óculos ou se são os óculos que ficam bem comigo..."
Pus a modéstia de parte, enxotei-a para longe com um valente pontapé nas fuças...

"Eh pá!... Eu acho que são mas é o raio dos óculos que ficam mesmo bem comigo!!!"

Na foto sou eu e os meus óculos tamanho XL. Para que não restem dúvidas...

Acerca do post anterior:

o meu amor gostou do que leu. Muito. Tinha os olhos brilhantes enquanto lia e quando acabou de ler disse-me:
- É... eu sou assim...
Está tudo dito.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Luís perguntou-me se já alguém tinha comentado o post que eu escrevi no dia do seu aniversário. Disse-lhe que tinham comentado mas apenas para lhe dar os parabéns, ninguém referiu nada acerca das minhas palavras.
Notei que ele até nem gostou tanto assim do que eu escrevi acerca da sua personalidade, aquele texto não coincide com a ideia que tem de si próprio. Quando criei aquele post centrei a minha atenção nas características do Luís mais viris e másculas, aquelas que são mais vulgares num homem e, se calhar, o resultado é um texto que revela grossaria, bruteza e vulgaridade.
Como não concordo nem um pouco com a ideia de eliminar post's, ainda por cima estando já comentados, achei que deveria publicar um texto que tenho no blog em rascunho já há mais de um ano. Vou publicá-lo tal como está, sem tirar ou acrescentar nada. Neste momento, para mim, não teria a menor piada alterá-lo.
Luís, espero que gostes.

Um perfil difícil...

O Luís tem um carisma extraordinário - é todo ele eloquência, emoção, raiva e bondade com tudo o que isso pode significar de negativo ou de positivo. Óptimo comunicador, dono de uma capacidade, quanto a mim invulgar, para falar acerca dos mais variados assuntos, mesmo aqueles que não conhece profundamente. Lança-se na conversa, emite a sua opinião, não importa do que se está a falar, ele está lá e diz abertamente o que pensa. Mesmo que discorde de alguém é com facilidade bem aceite, uma vez que se exprime com convicção.
Acho o Luís dócil porque é capaz de se emocionar com uma música, um filme, um livro, uma paisagem, o voo de um pássaro, um velhinho que passeia ou com uma criança que brinca. Em contrapartida, é capaz de se enervar com um condutor que não o deixa passar, com alguém que mente ou por não encontrar algo de que necessite urgentemente.
É também um "manteiga derretida" particularmente para com aqueles que ama. Não pode ver ninguém chorar ou queixar-se de alguma coisa, trata logo de fazer algo no sentido de melhorar o bem estar geral da família. Ele remove montanhas se for preciso, só para não os ver aflitos com o que quer que seja.
O Luís pratica artes marciais, mais propriamente Jiu Jitsu e... A-DO-RA!!! É doido por aquilo, no caminho para casa conta-me tudo, tudo, tudo. E eu ouço-o pacientemente e quase sempre penso que ele é espectacular a contar o que quer que seja.
Sempre achei que o Luís tem perfil de professor porque adora ensinar e por saber usar tão bem as palavras para se explicar.
No Ginásio, é onde ele dá largas ao gosto que tem pelo ensino. Quem vai de novo, tem ali um apoio espectacular, porque o Luís é um óptimo anfitrião. Em casa também o é e eu que o diga... quando temos visitas ele entretém muito bem os convidados, é espectacular!
Fomos convidados para ir almoçar a casa de um casal de primos do Luís que não vemos com frequência e a quem apenas nos ligamos por laços familiares, ou seja, ninguém cá de casa está minimamente habituado àquelas pessoas.
Enquanto conversávamos acerca da visita que se faria, a rica filha lembra-se de perguntar ao pai se os primos tinham filhos ao que o pai respondeu que não. O rico filho que estava numa outra divisão da casa, escutando esta conversa de longe prontamente questionou:
- Ó pai!... E filhas?...

O rico filho começa a dar os primeiros sinais de macho... já pensa, em primeiro lugar, com a pila. Enfim... enquanto a cabeça de baixo não tirar o juízo à de cima ainda vá que não vá.

Eu...

... de qualquer maneira, independentemente da minha vontade e até do que estou a sentir, faça muito, pouco, tudo ou nada, quer inove as minhas ideias quer as deixe ficar como estão - tenho sempre um ar aborrecido e contrariado.
Às vezes deixo andar, outras vezes quero mudar. Mas em todas estas vezes penso que desagrado em demasia.
A questão "para quê continuar?" subsiste, insiste e persiste.

domingo, 15 de junho de 2008

Desinteressante

Quando começo com parvoeiras na cabeça género "p' ra que é que isto me interessa?" é mau sinal. Porque se intensifica a ideia de que sou parva, o desinteresse por toda e qualquer coisa e a certeza de que não há nada que eu faça que valha realmente a pena. Todas esta ideias nascem pequeninas e simples, fáceis de lidar. Mas sem que eu dê por isso ganham tamanho dentro da minha cabeça, ficam assombrosamente gigantescas.
Realmente... p' ra que é que isto interressa?
Interessa-me para "qualquer coisa" ou não estaria a escrever desta forma. Só não consigo é descodificar a "qualquer coisa".
Pelo que conheço dela é má e estranha. Deseja mal a quem está feliz e não se fica por aí, é capaz de engenhosas artimanhas para levar a cabo os seus intentos. Pode levar mais ou menos tempo mas consegue sempre o que quer. A sua maldade contagia e corrói muito lentamente quem se aproximar. Lentidão propositada para causar sofrimento... não queria nada ser como ela... o melhor é afastar-me.

sábado, 14 de junho de 2008

Conversa que só poderia ocorrer num balneário feminino (por enquanto...)

- Ohhh!... Alguém tem um tampão?... - perguntou uma voz jovem mesclada de surpresa e aborrecimento.
A reacção imediata da minha pessoa foi maternal, pensei "coitadinha... veio-lhe o período..." mas não me movi para a ajudar porque não teria como, uma vez que não tinha na minha mochila aquilo de que ela precisava. Todas as outras se prontificaram, uma disse "só se for um penso..." outra "pera aí que eu acho que tenho aqui um..." e mais uma ou duas vasculhavam nas suas mochilas mantendo-se caladas mas com uma expressão de solidariedade. Uma delas encontrou, de facto, o solicitado para alívio de quem solicitara.
Conclusão: enquanto que o sentimento das meninas era solidário, o meu era maternal. Não quero nada achar-me velha mas bolas!... às vezes torna-se um bom bocado difícil...

O gesto tem valor

Tive a ideia de personalizar um dos meus top's bordando-o com número 68 porque foi o ano em que nasci. Mostrei ao rico filho e perguntei-lhe:
- Que tal André, o meu top está giro?

E o André respondeu não com palavras mas assim como se vê na foto abaixo. Um gesto tem sempre valor - ele gostou.

Eu até sei que isto é assim. Normalmente esqueço porque tenho que esquecer mas às vezes sou confrontada com esta minha maneira de estar. A vida não são só alegrias e hoje eu estou triste porque a criação é um acto solitário e quem me rodeia quer a minha companhia e eu preciso de estar sozinha. E afinal, valerá a pena? Não, porque a minha alma hoje é pequena. Não tenho espaço. As palavras não cabem aqui.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

amô!!! parabéns!!!

Acerca do post que se segue foi-me dada autorização prévia da pessoa descrita para a sua publicação, quer do texto quer da foto.
O Luís leu e gostou mas disse que acha que as pessoas vão ter uma ideia errada daquilo que ele é na realidade. Discordo...



o meu amor gosta de...

dar mergulhos

dormir a sesta

não fazer a barba

tirar fotografias

conduzir

ser conduzido

comer os bolos e os doces que eu faço

beber café

fazer arroz de atum

ver TV

praticar Jiu-Jitsu

acordar com o sol a bater-lhe na cara

ter o pandulho cheio

passear... comigo

fazer feijoada

jogar Sudoku

beber cerveja e...

arrotar que nem um porco

dormir com a almofada em cima da cara

música Heavy Metal

jogar Playstation

fazer amor... comigo

andar sem destino

deixar passar o tempo

comer que nem uma besta

jogar matraquilhos

eu escrever coisas sobre ele

fazer arroz basmati

conversar

ver filmes tipo "Zé Maria Bat n' Avó"

ir às compras

ensinar

fazer grelhados no carvão

tapar fendas e buracos nas paredes cá de casa

montar peças sem ler as instruções

música Jazz

que o tratem por tu

espreguiçar-se soltando grunhidos

dar-me a mão

saber como funcionam as coisas para...

explicar como funcionam as coisas

berrar que nem um perdido quando vê futebol

bater palmas em jeito de incentivo quando vê futebol

e...

gosta de...


MIM!!!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Dei de caras com um par de namorados adolescentes num vão de escada de um prédio qualquer. Não estavam a fazer nada de "mal", era apenas um par de namorados muito jovens namorando. O que torna a coisa curiosa é que o "namorado" eu já conheço desde a altura em que andava na barriga da sua mãe. É assim que me apercebo que já tenho uma data de Janeiros.
Hoje
dei
pelo
vento
porque
vesti
uma
saia
rodada...

foto: d' aqui

terça-feira, 10 de junho de 2008

O papel e a caneta

Escrever ajuda-me a esquecer alguns sentimentos e acontecimentos. A outros... intensifica-os. Escrever não é sempre o que preciso mas é sempre o que quero. Não sou equilibrada ao ponto de saber quando escrever ou não. Nem sei se é possível aprender isso. Eu quero é usar caneta e papel fazendo uso do reduzido vocabulário que tenho aprendido na escola que é a vida. O papel e a caneta são meus amigos e eu acho que posso ir ter com eles sempre. Mas mesmo a caneta e o caderno sendo meus amigos eu não deveria forçar a escrita. Mesmo que nem a caneta nem o caderno me desiludam há dias em que eu não deveria apoquentá-los. Devia deixá-los lá estar sossegadinhos para não pensar muito. Há dias em que me sinto excessivamente excessiva. Pareço-me com um excedente. Uma sobra que faz parecer faltar-me qualquer coisa.
O meu perfil fala assim:

Normalmente acho que não presto para nada. Por isso, talvez não deva escrever aqui mais nada.


Hoje apreteceu-me mudar a descrição e acrescentar isto:

Tenho qualidades que não lembram a ninguém. E nem a mim me ficam na memória. Os meus defeitos têm mais força. Perduram na minha memória. Deve ser por isso que me parece ter só defeitos. E agora não me apetece escrever sobre eles.


Estive em casa de alguém que (ainda) tem um pinguim em cima do frigorífico.
Nos anos '70 era comum os lares portugueses exibirem um pinguim em cima do frigorífico. Mas o meu lar nos anos '70 não tinha nenhum pinguim, tinha uma balança que era usada mais para guardar aspirinas do que para fazer pesagens.
Mesmo que o meu lar nos anos '70 fugisse ao comum não tendo um pinguim em cima do frigorífico, assim que vi aquele objecto reportei-me imediatamente àquela época.
O pinguim em cima do frigorífico é um ícone daqueles tempos...

a foto retirei do Google

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Será que tenho a cabeça no lugar?

À minha frente na fila do supermercado estava uma senhora a ser atendida. Pela conversa das duas percebi que eram colegas, mas agora uma delas estava na posição de cliente e a outra de caixeira.
A senhora da caixa era muito - mesmo, mesmo muito - simpática e à cliente também não lhe faltava vontade de falar e então não se calavam as duas. Achei-lhes graça e fiquei a observá-las. Nos primeiros instantes pelo canto do olho e depois abertamente pois não se sentiram minimamente intimidadas ou aborrecidas com o meu olhar e a minha atenção. Adorei o à-vontade que se gerou ali porque gosto muito de observar as pessoas.
De repente, a que estava no lugar de cliente exclamou:
- Ah!... ' Pera aí que eu esqueci-me de pesar isto!... Pára o meu talão e faz o desta senhora que eu venho já. - e correu para a balança.
- Ai ai ai... esta rapariga nem deve saber onde tem a cabeça...- disse a caixeira, falando para mim.
Ao que eu respondi muito pronta:
- É normal!... Não a está a ver!... - olhou-me atónita - Claro!... A senhora está a ver a sua cabeça?... Olhe, eu cá não estou a ver a minha!...

Acho que não tenho a cabeça no lugar. Pois certamente... que não.

domingo, 8 de junho de 2008

Modéstia? O que é isso???

Entrei numa loja de chocolates e cafés no momento em que uma senhora que estava a ser atendida respondia ao empregado como se estivesse zangada com ele:
- Já ontem cá estive e lhe disse que não quero saco!!!
Que fazer? Nada. Que responder? Nada. O homem guardou o saco e finalizou o atendimento fazendo-lhe o troco. A mulher saiu apressada, destilando cólera por todos os poros da pele. Tudo isto, aparentemente, sem motivo. E assim chegou a minha vez:
- Boa tarde. Eu quero dois KitKat, por favor - sorriso cúmplice. Compreendo tão bem quem está por trás de um balcão... por isso é que o meu sorriso foi cúmplice. Então, seguidamente:
Acontece-me muitas vezes, enquanto decido se verbalizo ou não o que estou a pensar, que quanto mais inclinada estou a manter a boca fechada para que não saia asneira, mais depressa essa mesma sai a uma velocidade que entontece, ainda que milésimos de segundo antes tenha decidido guardar para mim essas mesmas palavras. Sem ter tempo para tomar consciência da minha decisão disse rapidamente, qual corisco que rasga o céu e fende as nuvens:
- Ora bem eu não estive cá ontem mas também não quero saco! - saiu de um só fôlego.
Assim que passou a surpresa provocada pelas minhas palavras, o senhor e o colega entreolharam-se e sorriram. Acrescentei logo de seguida e novamente um corisco transluzente rasgou o céu:
- Puxa! Ela ' tava zangada! É melhor o senhor fixar a cara dela porque acho que amanhã...
- Sou capaz de levar alguma lambada!... - disse ele.
- Ah pois é!... - rematei.
Agora... para ser sincera, acho que a cara que aquele senhor não vai esquecer tão depressa... é a minha!... Quer-me lá ver amanhã e todos os dias a comprar KitKat's porque sou espontânea e muito divertida. Se todos os clientes fossem assim como eu, a vida daquele senhor seria ma-ra-vi-lho-sa!!!

Modéstia? O que é isso???

Visita

Há pessoas de quem gosto e que aprecio mas que contrastam muito com a minha maneira de ser e de estar. Há uma pessoa em particular, de quem eu gosto mesmo muito, mas que não entendo porque é como é e porque faz o que faz e como faz. Às vezes chego a sentir raiva e a pensar mal dela porque não a entendo. Mas gosto muito dela. A sério que gosto.
No dia em que estive de férias (Sexta-feira) fui lá visitá-la. Estava triste e abatida mas gostei de a ver porque até tenho saudades de a ver e de estar com ela. Bebi o café que não me apetecia e comprei o pão de que não precisava. Porque é que fiz isto? Não sei... para ajudar, talvez. Porque gosto dela e quero ajudar da maneira que sei. Não tenho o menor jeito para andar lá de roda dela mimando-a e adulando-a. Então faço assim, quando posso vou lá vê-la. Até nem me custa nada porque gosto dela, não finjo. Se fosse preciso fingir eu não iria lá.
Ela também gostou de me ver, mostrou-se feliz com a minha visita e manifestou isso agradecendo. Tenho a certeza que também não finge.

Ossos do ofício

Quando a vi ela estava de ferro de passar na mão. Tinha no olhar um certo quê de revolta e desprezo. Um olhar de gelo e contrariedade pousava na roupa e o ferro deslizava desfazendo vincos. Desejei que o vapor quebrasse o gelo. Porém, tal não aconteceu.
A TV emitia o novo videoclip da Madonna. Aproveitei para iniciar uma conversa e comentei o fulgor de alguém que está perto dos cinquenta anos ainda demonstra:
- A Madonna é incrível, não envelhece!...
- Sim... - responde ela sisuda - tem o mesmo aspecto há muitos anos. Mas também... com aquele dinheiro todo... eu faria o mesmo! - reclama com azedume na voz.
"Bolas!" - pensei eu - "Tou feita com esta caramela!"
- Ná... há pessoas que esquecem que vieram de baixo... - continuou ela.
Devo ter feito uma cara de espanto e pensei:
"Há pessoas que vieram de baixo?!?! Mas para que é que isso interessa?!?! É claro que a Madonna veio de baixo! Quando iniciou a carreira não tinha o sucesso de hoje, é óbvio! Quem terá feito tanto mal a esta rapariga, pá? ' Pera aí... isto é inveja da impura... só pode!"
Há pessoas assim - invejosas. Achei melhor não continuar a falar da Madonna já que a rapariga não reagira bem. E a conversa continuou sobre outros assuntos. Tive que fazer algum esforço para continuar a conversar com aquela rapariga uma vez que , por uma razão de índole profissional, eu não tinha o privilégio de poder fugir dali. Naquele momento, fugiria com prazer, se pudesse.
E assim, mesmo que o tema de conversa tenha alterado por diversas vezes, ali continuei a ouvir desabafos despropositados e queixas de quem tem a barriga cheia e a cabeça vazia.

sábado, 7 de junho de 2008

Não vou em futebois nem sou amiga de ver Futebol. Mas quando há estas ocasiões assim como a que se vive neste momento - o Europeu 2008 de Futebol - é bem verdade que o patriotismo que há em mim aflora e intensifica-se um bocado. Faltam cerca de 20 minutos para começar o jogo. Por isso:
Força Portugal! Vamos todos pensar zizitivo pa ganhar o Éru*!!!

*É favor consultar o post anterior.

Ora bem pessoal...

... hoje é dia 7 de Junho , é meia noite e picos e ontem disseram-me:


" Ai credo!... A gente tem que pensar zizitivo pa ganhar o Éru!!!"


'Bora lá todos pensar assim... zizitivo*!... Pa ganhar o Éru**!... Vá!!!



*é preciso traduzir? ok. zizitivo surgiu em vez de positivo
**aqui também é necessário tradução? ok. Éru surgiu em vez de Euro 2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Transgressão

Às vezes a rica filha diz-me:
- Mãe, tu fazes umas caras tão giras!...
E eu acho que hoje fiz uma cara que ela gostaria de ter visto. Cheguei ao hipermercado pela manhã para abastecer a minha despensa tãããão pobre e necessitada de alimentos e assim que saio do carro vejo um segurança vir na minha direcção montado numa daqueles coisas giríssimas - uma plataforma em cima de duas rodas, que mais parecem ser de tractor mas em tamanho minhon, com um eixo na vertical onde depois se insere a espécie de volante. "Aquilo" veio ter comigo e eu comecei a fazer a tal cara, suponho. Era - devia ser - uma cara género: "Ó pá!... Que é que eu fiz?..." e fiquei à espera de qualquer coisa mas sem fazer a mais pequena ideia do que seria. Estava tudo bem, o carro no sítio e tal... luzes apagadas... que quereria ele?
- A senhora não pode entrar assim... neste sentido - disse ele admoestando-me mas com simpatia e muita calma.
"Ufa! OK, OK... ele não vai ralhar!..." - respirei de alívio.
- Não?! - perguntei fingindo espanto - Ah...
- Não. Esta via tem duas faixas e um só sentido. Este parque de estacionamento funciona como se fosse uma rotunda. Se a senhora circular no sentido em que veio e dali vierem dois carros...
- Claro... choco com um deles - disse eu raciocinando rapidamente, revelando assim alguma lógica. Um estratagema que uso com frequência, dando a mão à palmatória é mais fácil gerir o aborrecimento inevitável de quem "leva nas orelhas". De seguida ele deu-me as indicações para eu chegar até ali onde costumo estacionar sem transgredir as regras de trânsito.
Eu já sabia que não se pode circular naquele sentido. Só que eu vou sempre por ali, o meu trajecto é sempre aquele, estaciono quase sempre no mesmo lugar e o hábito já tem tantos anos que me esqueço - mesmo!!! - que não posso ir por ali.
Pedi desculpa, agradeci e abandonei o local. Enquanto andava reparei nas setas que estão desenhadas no chão. De facto, estão lá indicando o sentido oposto àquele em que costumo circular.
Fiz as minhas comprinhas e dirigi-me ao carro. Enquanto punha as compras dentro do porta-bagagens lembrei-me deste pequeno episódio. Observei o sítio por onde costumo sair e lembrei-me que provavelmente também iria sair em sentido contrário. Olhei em redor para ver se via o segurança para lhe perguntar, não o vi. Depois olhei para o pavimento para ver se naquela via, paralela àquela em que eu entrara, teria setas desenhadas. Não tinha. Olhei outra vez em redor para ver se o via para lhe perguntar, não o vi. Entrei para dentro do carro, pu-lo a trabalhar, pus o cinto, olhei pelo espelho retrovisor pensando que era melhor sair para trás e apanhar o sentido correcto. Olhei outra vez em redor a ver se o via para lhe perguntar, não o vi. Olhei pelo espelho retrovisor a ver se o via para lhe perguntar, não o vi. Quase - quase! - inconscientemente engatei a mudança e arranquei... para a frente, para onde provavelmente seria sentido oposto. Circulei devagar para ver se via setas no chão que me tivessem passado despercebidas e também para ver se o via. Não havia setas nem o vi. Vi-o cá fora e pela maneira como olhou para mim eu percebi que fiz asneira. Tinha uma expressão género "se ela vem dali é porque vem em sentido contrário". Imaginei logo que o homem ia tirar a matrícula para fazer queixa à Polícia, imaginei que devia fazer os piscas todos e as perpendiculares todas muito bem-feitinhas como quando era maçarica para dar um ar de senhora pacata e idónea, imaginei que era melhor não acelerar muito para não parecer que me sentia culpada de alguma coisa e para não ter por cima da asneira de andar em sentido contrário o excesso de velocidade. Também aqui eu devo ter feito caras muito giras, imagino!
Na verdade o que me apetecia fazer era pisar na porra do acelerador, não fazer porra de piscas nenhuns, nem porra de perpendiculares nenhumas e fugir dali para fora tão depressa quanto possível!
Como é que esta história vai terminar? Espero sinceramente que já tenha terminado, logo se vê... Tão cedo não me vou esquecer de circular no parque de estacionamento do hipermercado no sentido em que devo circular.

Memórias


Tal como falei no post anterior, estou de férias. Como só tenho o dia de hoje tentei aproveitar o tempo e andei por aí à cata de plantas que eu lembro da minha infância para as fotografar. Era preciso que as plantas se encontrassem por estas paragens saloias mas em sítios onde pudesse parar o carro sem incomodar ninguém ou pôr-me em perigo. Andei por aí vagueando e soube-me muito bem estar disponível para criar algo.
E assim começo:
A foto de cima retrata uma planta que não sei o nome. No post anterior desta "Lista de ideias" tinha referido que não saberia o nome de algumas plantas que iria apresentar. Avanço já e digo de uma vez que no post inteirinho não sei o nome de nenhuma das plantas.
Nesta foto aparece em primeiro plano a planta já seca e a que aparece lá mais atrás julgo que seja da mesma espécie está ainda muito viva. Eu brincava quando ela já estava seca - puxava por ela e arrancava-lhe aqueles "olhinhos" deixando o caule despido ondulando ao vento...
Uma vez mais, a recordação que tenho do que fazia com esta planta não faz de mim uma menina bem-comportada.
Tirei esta foto em Santo António dos Cavaleiros, hoje.

Também gostava muito de apanhar e até de mexer nesta planta mas tinha um senão - cheirava muito mal. Mas eu achava aquela planta muito fofinha, dava gosto mexer nela apesar do mau cheiro que ficava nas minhas mãos. Eu sei que esta foto tem várias plantas mas aquela a que me refiro é a que tem os filamentos muito fininhos, parece uma renda verde. Tirei esta foto no Pinheiro de Loures, hoje. Curiosamente, na rua onde cresci. Fui lá e achei aquilo tão diferente. Uma senhora que não conheço foi à varanda onde morava a vizinha Gracinda e ficou a ver-me muito espantada. Não deve ser muito comum alguém aparecer na Rua do Bêco e pôr-se a tirar fotografias às plantas, presumo.

E com esta? O que é que a Gininha fazia com esta planta? Hã?! Arrancava e chupava... era doce...! Esta foto foi o Luís que tirou aqui em Loures.


E esta? Alguém sabe o segredo destes botõezinhos? Não? Eu sei - abria-os arrancando aquelas folhinhas secas e lá dentro estava algo semelhante a um queijinho. E o que é que a Gininha fazia com o "queijinho"? Comia-o, é claro!!! Tinha uma consistência estranha, é verdade, mas sabia bem. Esta foto tirei-a aqui ao pé da minha casa.

P.S. Acho que este post vai levar embora os meus leitores. Se eu já demonstrava alguma insanidade mental através de alguns post's que publico, agora ficaram com a certeza de que a autora deste blog já bate mal da tola desde canininha...


Bem... para começar:

HOJE EU ESTOU DE FÉRIAS!!!

Mas é só hoje. E agora vou escrever!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

O livre arbítrio

Passeando a pé cruzei-me com um cão que passeava o dono. Perdão!... (cof cof!)
Recomeçando:
O vento soprava Norte fazendo desfilar um frio que contrastava com o sol radioso, um sol daqueles que se via e sentia na pele. As folhas das árvores ondulavam lentamente ao sabor do vento e lembravam o calor porque reflectiam a luz dourada do sol.
Passeando a pé cruzei-me com um cão notoriamente satisfeito com a sua vida - abanava o rabo e farejava tudo, muito curioso. O dono seguia-o, pacientemente parava e esperava de cada vez que o bicho se resolvia a inspeccionar o local da maneira que o seu instinto o tinha ensinado a conhecer as coisas - cheirando.
Ali mesmo ao lado, quatro jovens jogavam à bola num recinto concebido para esse fim. De repente, a bola saltou mais alto e saiu do recinto. A primeira reacção do cão foi espetar as orelhas em sinal de alerta, a segunda foi preparar-se para correr atrás da bola como se a sua vida dependesse disso. O animal não começou sequer a correr, antes de ter tempo de o fazer o dono ordenou numa voz peremptória e baixa:
- Fica. Fica. - E o cão ali ficou, estático. Incrível!
Seguidamente imaginei como seria bom se os ricos filhos fossem obedientes assim como aquele cão...

- André. Não faças isso.

- Ana Cláudia. Não vás para aí.

Ao som da minha voz peremptória e baixa, dispensariam repetições pois obedeceriam solenemente... quietos e sossegados assim que eu emitisse ordens... funcionando como as máquinas do tempo... totalmente previsíveis... ficariam sem vida e sem personalidade... vazios... impávidos. Para eles não existiria o tal livre arbítrio que para nós seres humanos é tão importante. O poder da decisão dá-nos capacidade para observar e analisar tudo retendo o bem, o que nos interessa, o que nos convém. Mas isto, sempre com a mira centrada nas coisas boas da vida. É salutar haver dois caminhos diferentes, acho até que é o que equilibra a vida e lhe dá sentido. Se assim não fosse, a vida seria serena, porém, insípida. Destituída de algo.
Não é sempre fácil, aliás, nunca é fácil, mas é isto que eu tento transmitir aos meus filhos.
Não vou esperar que eles sejam tão obedientes como um cão ou que as suas expectativas perante a vida sejam semelhantes às de um animal. Assim é que eles seriam pessoas insípidas e desiquilibradas. Não ia ser bom. É muito melhor assim. Querendo o que não pode ser e demonstrando uma vontade própria que é muitas vezes oposta à minha e à do meu marido. Soa estranho mas na verdade é assim que penso.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ai ai... (grande suspiro)


... eu não devo pensar nem sequer dizer:

" Eh pá, ó borrego!... Essa merda não anda mais?!..." - quando apanho à minha frente um condutor lento, pois não?

'Tá bem, então eu não penso... nem sequer digo...

domingo, 1 de junho de 2008

Em Maio de '68

Durante o mês passado ouviu-se muito nos meios de comunicação social a pergunta: "Onde estava em Maio de '68? Que fazia?"
Se bem que ninguém me tenha feito tais questões, ainda assim, eu respondo:

Em Maio de '68 eu estava dentro da barriga da minha mãe, provavelmente já de cabecinha virada para baixo em jeito de desafio à gravidade e disposta a deixar passar o tempo que faltava para nascer tranquila e feliz. Ainda que não tenha memória disso, o que fazia era dormir, esticar as pernas aleijando as costelas à minha mãe e engolir líquido amniótico. É o que dizem mas não me lembro!... Em Maio de '68 a minha vida era assim... muito simplezinha. Em breve mudaria tudo.