quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Bis

Lisboa, 30 de Novembro de 2011

Bisando a partir deste post. Hoje tirei uma fotografia que tem o mesmo cunho.

Quanto mais se vive mas marcado se está. Mas nem por isso mais marcante.

O 'escrever bem'

Tenho-me esforçado tanto... Mas tanto, tanto, tanto... Por não escrever 'coisa'. Oh céus, que difícil é!

En français

Tenho para mim que a minha vida dará meia-volta brevemente. Deixará de ser la même merde para passar a ser une merde très different.

O tema...

… 'Vendedores' é para mim terreno fértil. Agora tenho um que se baba. Fantástico.
Podia dizer que o escorrimento involuntário se deve a este colosso que é a minha beleza... Mas não, não é. É por causa do dente curto que ele tem ali na frente, a falta deixa escapar o líquido viscoso. Fantástico. Mesmo fantástico. Não sei onde aterrou o líquido, daí o fantástico. Este lado desnorteado da vida muito me apraz...

Traição

Lisboa, 30 de Novembro de 2011

O espanto dela foi grande quando viu que se faz chaves aqui. Diz que precisa de uma para o correio, que não tem, e pode às vezes o marido ter alguma 'menina' que lhe escreva cartas de amor... E ela quer pôr-se ao corrente da situação.
– Ah estou a brincar, estou a brincar... A gente tem que brincar, diz que faz bem a gente rir logo de manhã!

Pois faz, minha senhora, obrigadinha e um grande bem-haja para si.

Bengala

A minha relação com bengalas é vasta. Hoje vou-me debruçar apenas sobre uma.
Vinham dois. Um deles é velho, já se sabe. Bengala Velho, a maioria das vezes. Um era o senhor engenheiro/doutor, um homem com dois canudos, contou-me ele há uns tempos. O outro era o lambe-cús do senhor engenheiro/doutor, que também é velho (mas sem bengala) e foi logo todo mandão:
– Ó menina, veja aqui uma ponta de bengala para o senhor engenheiro, se faz favor!
Obedeci. O senhor engenheiro/doutor merece todo o respeito e consideração. O lambe-cús só merece o respeito porque eu sou bem-educada.

Uma figura da minha infância

Havia certos aviamentos que a minha mãe não ia à rua comprar, esperava pelo barateiro, o homem da carripana carregada com elásticos, botões, fechos, agulhas, linhas e talvez outros artigos que não recordo. Chegava ao beco e apitava como que avisando da presença, talvez, também não recordo. A minha mãe aparecia e cumprimentavam-se com um aperto de mão e diziam 'a paz do Senhor'. A mim também me era dirigido um cumprimento natural de pessoa adulta para criança, em calhando dizia-me que eu estava mais crescida desde a última vez. E eu ficava a mirar e remirar todo o conteúdo da carripana, aquele homem era um adulto que me deixava descontraída.
O irmão Barata era crente evangélico e a minha mãe havia sido em tempos, o cumprimento habitual continuava, não sei porquê. Depois da compra e venda efetuadas, ficavam um bocadinho a conversar das coisas de Deus, lembro-me de uma espécie de admoestação, simples e sem condenações de espécie nenhuma, da admiração que a minha mãe sentia em relação a este senhor calmo e sereno, detentor de uma expressão facial muito apaziguada, como se nenhuma tempestade fosse forte o suficiente para o abalar. Há pessoas assim, felizmente.
Houve uma altura em que íamos a casa deste irmão, a minha mãe sempre foi aquele género de pessoa visitante, cria saudades facilmente, gosta de rever.
Numa das paredes da casa havia um calendário daqueles que se arranca a folhinha diariamente contendo um pequeno versículo bíblico e um breve desenvolvimento. O primeiro sítio onde o meu olhar pousava era nesse calendário, nunca o encontrei fora da data corrente...
Uma coisa que nunca percebi: a minha mãe chamava-lhe barateiro por causa do nome Barata, ou seria ao contrário?

Fuçasbuque

Recebi um convite de amizade (acho que é assim que se diz...) no Fuçasbuque duma tal Paula. Lembrei uma antiga colega de escola, porque o nome coincidia, e fui cuscar o perfil da moça. Era ela. Aceitei, claro, é mais uma...
Entretanto chegaram as recordações.

Ficámos logo muito amigas no primeiro dia de escola, duas tímidas juntas é o que dá. Aprofundámos a amizade tanto quanto a pouca idade nos permitia. Fazíamos e dizíamos as parvoíces juntas. Dávamo-nos bem. Quero dizer, eu cá achava que sim.
Uma das parvoíces que a gente fazia era ir ao WC do Centro de Saúde que na altura funcionava num sítio diferente de agora. Íamos fazer chichi... Não sei mas acho que não. Íamos gastar papel e puxar o autoclismo, para aí... Um dia, ao descer as escadas, confessei-lhe a paixão assolapada que tinha pelos olhos verdes mais belos que eu já havia visto na minha curta vida. Pedi-lhe muito que não dissesse a ninguém, era um grande segredo, para mim seria tenebroso que alguém, principalmente ele, soubesse disto.


No dia seguinte a turma inteira sabia a minha vida em termos de paixões...
Uns tempos depois a amizade esfriou em muito, não tenho exatidão dos factos na memória mas às tantas teve a ver com o segredo revelado à traição. Nunca tive jeito para manter as pessoas por perto...

Nota: a imagem é o lembrete que escrevi à pressa num papelinho, a ver se não me esquecia de escrever este post.

Recadinho


O rico filho também vai à carteira da mãe... Ai vai, vai... E hoje nem é terça-feira...

A louca

Paulina é uma mulher nervosa. Tem na mala uma caixa de comprimidos que lhe receitou a senhora doutora, por causa dos nervos. Porá um desses debaixo da língua quando lhe der o piripaque habitual.

Paulina é uma mulher extrovertida, por isso tanto fala. A língua solta-se-lhe com uma facilidade extraordinária, é incontrolável.

Paulina é uma mulher corajosa. Até hoje nunca desistiu de lutar. Ainda que o sol esteja encoberto, as nuvens chorem, ela luta, incansavelmente. A loucura persegue-a mas ela não se deixa alcançar. E custa, oh se custa...

É uma grande mulher, esta Paulina. Um metro e cinquenta e poucochinho de pessoa.

Comparativamente

Loulé, 6 de Junho de 2011

A Razão rima com a Emoção só para contrariar...

Dias de um ginásio

Ainda a propósito de espelhos.
Tenho o hábito de me plantar lá à frente nas aulas de grupo. Tenho o hábito de dizer qualquer coisa que ninguém quer ouvir.
– Eu venho aqui para a frente porque sou narcisa!
Ninguém responde. Na sala não há ninguém com o hábito de dizer qualquer coisa que ninguém quer ouvir.
Aqui há tempos descobri que existe uma Narcisa na sala, o que me estragou por completo a piadinha feita à pressa.

A feia-mor

Diz que não há mulheres feias. Diz que em elas sabendo ajeitar-se, camuflando os defeitos e evidenciando as qualidades, sempre serão bonitas.
Hoje discordo. (Mas é só hoje!) Entrei naquela loja imensa... Oh céus, ai credo, que horror imenso, chega para lá o espelho!

Memorizar

A memória visual é do caraças! Às vezes eu tenho o trabalhinho todo já feito, o artigo em cima do balcão, o cliente convencido a comprar, inclusive, e dizem-me assim:
«Ah, eu acho que tenho isto lá em casa...»
E eu mostro um sorriso forçado, ou amarelo, quiçá, porque sendo assim não faremos negócio...

Ora, nem mais!


(Fernando Pessoa)

Pedido

Lisboa, 29 de Novembro de 2011

Peço aos fabricantes de sabão azul & branco que efetivamente fabriquem a parte branca do mesmo. Usem cloro ou assim, não sei, sejam criativos, adulterem a fórmula, quero lá saber, mas aclarem aquele cinzento do sabão, por favor!

O antigo é que é bom!

«Ai agora não há mas antigamente havia! Agora é tudo por atacado!»
Diz ela toda enxofrada, prestes a rebentar com a profunda indignação.
É lamentável que a espontaneidade que me caracteriza tenha de ser reprimida tantas vezes, pois desta haveria resposta:

«Pois é 'miga, antigamente você era toda gira e agora está uma carcaça enrugada e disforme. Então que foi isso, deixou de comer?»

Amostra

Mulher de roda duma banca de livros de culinária:

«Tenho lá em casa uma gaveta cheia de livros e revistas com receitas. Mas não trazem amostras! Se trouxessem é que valia a pena!»

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A marca

Lisboa, 29 de Novembro de 2011

Quanto mais se vive mas marcado se está. Mas nem por isso mais marcante.

Dias de um ginásio

Ando a tentar escrever sem sexualidade acerca do ginásio. Até agora tenho conseguido, já saltei dois posts 'ginásio & sexo'.
Um deles seria passado num balneário, com duas intervenientes: uma senhora sisuda e uma criança expedita de cinco anos, já o assunto... seriam pêlos púbicos. Mescla do caraças, eu sei.
O outro post que saltei foi o facto de ouvir o meu professor de Pilates mandar a gente fazer 'pelvic curl' quando estamos deitados no chão de pernas fletidas... Oh céus! 'Pelvic curl' sozinha, senhor professor?!

Posto isto, vou falar da vida veicular que observo lá fora enquanto treino.
Lá fora, na rua, passam carros, elétricos, bicicletas e motas. Também há pessoas a pé. Umas apressadas, outras em passeio. As que passeiam, espreitam, curiosas, as outras não.
Hum, escrever da vida veicular até é fixe...

Ah, bem podes estar aí toda 'coisa' que não te ligo nenhuma...

Há umas pessoas que cumprimentam outras com um aceno de cabeça bem enfático, o que me diverte de sobremaneira. Eu cá, como não valho um chavo e tenho a mania que sou engraçada, imagino aquelas cabeças com um valente par de cornos, tão custoso, mas tão custoso de suster... que faz o cumprimento parecer involuntário.

O senhor engenhocas

O meu colega rejeitou a ajuda do cliente, estava a ser dificultoso apertar uma série de parafusos numa porta bamboleante, se alguém segurasse na porta o trabalho seria facilitado. Eu também já me havia oferecido mas ele é assim, gosta de trabalhar sozinho. O cliente insistiu, eu idem. Ele nada.
– Olhe que eu sei bem como são essas coisas! - Diz o cliente em jeito de aviso.
– Não, deixe estar, não vale a pena, eu safo-me sozinho.
– Olhe que eu sei o que são parafusos, todos os dias trabalho com parafusos. Sou engenheiro!
– O senhor é engenheiro mas ele é engenhocas! - Respondo eu muito depressa.
E espantei-me cá por dentro. Engenheiro?! Este homem mais parece cirurgião ou assim. Por ser um homem muito decidido, talvez por isso, sempre lhe achei ar de médico, daqueles que gosta de cortar, retraçar, esventrar. Um amante do bisturi, portanto.

Artista de tubos

Entra com um metro e vinte de tubo PVC de dois diâmetros, um metido dentro do outro. Diz que é para fazer um instrumento musical e é preciso arranjar alguma coisa que lime a extremidade onde porá a boca. Mesmo com os tubos cheios de arestas, mostra-me o som. É bonito. Grave e bonito. Sai música dali. Fenomenal, de facto.
Não é a primeira vez que este jovem me aparece com berbichachos para resolver. Umas vezes safa-se, outras não. Esta vez foi uma das que não. Mas duas ou três portas abaixo havia solução.
Aproveitei o facto de ele ser bastante simpático e acessível e perguntei-lhe se por vezes não leva rótulo de maluco. Primeiro espanta-se e parece não perceber a pergunta (estou tão habituada a isso...) Repito-a e ele diz que sim...
Ah, pois! Como não?! Um rapaz guedelhudo a colocar dois tubos na boca que suposta e primariamente existem para estar dentro das paredes a fazer circular águas sujas com toda a classe de resíduos...

É arte, vá lá. É arte, o homem é artista.

O des-piropo

Se venho para aqui dizer que sou gira e contar dos piropos que ouço também tenho de vir contar do contrário.
Chamaram-me sopeira, que eu parecia uma sopeira.
– Eia, ganda sopeira!
A resposta pronta seria: «Pois é, filho dum cabrão, e a ti um dia vai-te cair a p...», ai perdão!
Claro que foi dito no sentido pejorativo, só por dizer que eu sei dar a volta ao sentido. O cavalheiro em questão teve de gastar tempo a avaliar... Dois ou três segundos que fossem, que importa? Perdeu tempo com a sopeira. E um dia vai-lhe cair a p..., ai perdão!

Pés e assim; calcantes e tal e coiso

A Paquita 'joga a patinha ao lado'. É como a minha mãe se refere às pessoas que metem os pés para fora.
Continuando.
A Paquita joga a patinha ao lado. Que gira.
Não há muito mais a dizer, a Paquita mostra-se pouco, na verdade mal falamos, é bom-dia; boa-tarde e mais nada. Agora anda de preto, morreu-lhe o pai.
Mais coisas, mais coisas, mais coisas... Não há.
É uma mulher banal e eu não lhe acho o cerne. Oh, desarmonia...

Pés e assim; calcantes e tal e coiso

A Henriqueta é mulher para me provocar calores. Põe-me os pés de molho numa água quentinha. Liga a máquina. Tú-ú-ú-ú, é o barulho da máquina a massajar-me por meio de saídas de ar pequeninas. E faz bolhinhas, muitas. A espuma sobe, vem às pernas; sobe, sobe; faz cócegas. Eu aqueço e coro. Que bom, com este frio... E chega a parte dolorosa, aquela em que me é repuxado tudo quanto seja pele por baixo das unhas. Eu suo. Suo, com este frio... É a Henriqueta a fazer-me calores, que é mulher para isso.

Matrimónio

Milena é uma mulher pobre. E casada. Bem casada?, perguntam-lhe sempre. Ela diz que sim, é a verdade. Há pouco a dizer quando se é feliz.

Mergulho

O senhor engenheiro é um homem já velho. Às cinco e meia da tarde está à mesa da pastelaria, frente a uma chávena cheia de café preto. Olha o líquido com gula. Vontade. A chávena inerte, o líquido oscilante. Grande chamariz. É então que ele mergulha a sandes de fiambre naquela profundeza escura. A sandes é elevada cheia de café, acastanhou e ganhou peso, tornou-se numa massa pastosa que é introduzida sem qualquer pejo na cavidade bucal do dito senhor. Do senhor engenheiro, esse homem já velho.

O meu pai punha (suponho que ainda põe) um pouco de vinagre no caldo verde, bem como em algumas sopas. Este estranho e particular gosto sempre me fez alguma impressão. Até hoje. O senhor engenheiro já se superou em estranheza aos meus olhos.

De abalada

Foi-se embora o Agostinho, o homem que cirandava por entre os carros estacionados à procura de trocos e objetos perdidos. Por causa das excursões sinuosas levava um ror de tempo nas compras diárias que fazia lá para a oficina. Ao que parece fazia-se lá o almocinho e o Agostinho era o responsável pela provisão diariamente. Sim, encontrava grandes achados. Ah, pois.
Agora, em vindo o tempo das cerejas, não mais receberei umas quantas das mãos do Agostinho, em vindo o tempo das uvas, não mais receberei um cachinho ou outro das mãos do Agostinho. Lamentavelmente.

Balcão

Clientela:

Há dois tipos de clientes: os que compram e os que não compram. Basicamente é isto.

Freguesia:

É assaz incrível a quantidade de pessoas que chegam aqui e se declaram clientes habituais mas dos quais não reconheço as feições.

BRRR!

A porra do frio chegou. A porra, mesmo porra do frio. O que faz mijaneiras do caraças e dor de cabeça. Porra. Agora daqui até Abrila é só sofrimento… Porra.

As horas

12:15

É meio-dia e tal. Apetece-me comer frango assado com puré de batata. Tenho para mim que comerei outra coisa qualquer não tarda nada. Tomara já, que estou cheia de fome.

15:05

O almoço foi sopa de couve com feijão e massinhas, bife de perú panado com arroz e uma salada composta por uma dúzia de tiras de alface, cinco dezenas de fios de cenoura e uma rodela de tomate.

De mim e de outros

De mim:

Ora bem, 'bora lá falar de mim, que é o que está a dar, por agora.
Dormi menos mal, ou pouco bem. Tive frio e calor, sonhei com fartura. Grande versatilidade, portanto.
Acordei com um penteado verdadeiramente espantoso. Mas pela negativa. Ele era caracol para a esquerda, reviravolta para a direita, carapinha por aqui e ali. Desfiz tudo num ápice. Horas depois alguém me perguntou se estou doente. Hum... É melhor ir tratar da cabeleira, é. Ainda há esperança...
Mudando de assunto, radicalmente - chegou a estação do frio, aquela em que tenho quatro camadas de roupa, o que me proporciona um par de mamas (in)decente.

De outros:

Acordei com uma grande dor de costas. Mas é preciso encerar o chão... Vesti-me a custo e fui à drogaria. Quando cheguei pedi uma cera amarela. O velhinho perguntou:
– Líquida ou sólida?
Raios partam isto, a mania que estas pessoas têm de complicar!
– Líquida.
– Amarela, não é?
– Sim. Ai, eu hoje acordei cá com uma dor de costas!...
Vi-me a queixar a um estranho e não é nada que costume fazer. Mas é que me dói tanto as costas...

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Gina, a mulher que tem um blogue

Não é de todo agradável que alguém conheça os meandros do meu escrevinhar. É mesmo difícil escrever num blogue, mostrar partes da vida cheias de salamaleques, intuições, insinuações e outros pensamentos, e depois mostrar-me diferentemente, ser outra pessoa quando falo. Esventrar a carne é desprezível, o espírito a gente sempre molda.
Tento (sempre) escrever sem a ideia de que há pessoas minhas conhecidas que vêm ler. Quero escrever sem essa ideia estar presente, alterando o que quero dizer.
Tento (sempre) ser o que habitualmente sou na escrita e no frente-a-frente: crua e/ou verdadeira.
Há dias andei para aí a escrever o 'alter-ego isto' e o 'alter-ego aquilo' mas tal não passa de meras considerações que não sei aprofundar. Há largos meses (se calhar anos) percebi que me exalto sempre que escrevo, que exagero, que extrapolo, mas isso, a bem dizer, são as tais parvoíces. Apenas. Isto é um blogue do caraças... Mas solitário e deveras patético. Ponto final.
Este blogue é feito sobretudo de ocorrências banais, verdades a que assisto e conto à minha maneira, sob o meu ponto de vista. Ainda que não escreva tudo quanto me apetece, escrevo o que quero, este é um texto que tenho de publicar, é impossível deixar passar em branco uma certeza que me chegou hoje: eu não poderei nunca transformar o blogue num livro, as pessoas não me entenderiam. Ofendo-as sem querer, faço-as aparecer e parecer como não se imaginam, ou como não suportam imaginar-se. Por alturas de se mostrar a personalidade (sempre mostramos a personalidade, não a escondemos ou sequer contornamos tanto quanto gostaríamos) a essência revela-se em gestos improváveis, inevitavelmente.
Tenho (alguma...) facilidade em perceber as pessoas, o que as pessoas são. E depois escrevo. Para mim é só isso mas entendo que o leitor retire ilações diferentes. Eu entendo. Já o leitor, talvez não.
A minha ideia ao escrever não é, nem nunca foi, ofender. Gosto de incidir ou provocar, há um poderio que me é particularmente agradável nesses sentimentos, mas considero a ofensa vil. É assim, eu sou assim.
Com este texto também pretendo desculpar-me um pouco, está em 'modo recadinho' propositadamente. Prefiro dizer já o que penso em modo escrito, uma vez que é a minha melhor forma de comunicar, do que estar para aqui a fazer posts ludibriados e cheios de subtilezas, extravasando, sim, mas sem clareza.

Se sei escrever doutra forma? Sei. Sei, pois. Ou por outra, ando a aprender. Inventa-se e assim. Pego nas características que vejo nas pessoas, as mesmas pessoas, descrevo os lugares, os mesmos lugares, e faço posts cheios de piada, porque me vão sempre achar a mesma piada. Mas vai-se escrevendo, pois não escrever seria um enorme desperdício.

O sô João, esse amor de velhinho

Talvez por volta do ano 1995, nos primórdios do meu balcão, havia um senhor que me dava nos nervos. Sei lá porquê! O homem afligia-me. Não sei se era a explícita avareza que ele detinha, se seria eu a confundir o notado desdém com que me tratava com uma curiosiodade crescente sobre a minha presença neste lugar. Não sei o que era, o homem chateava-me, os seus comentários aborreciam-me, a sua presença atingia-me negativamente.
Um dia, (ainda estamos nos primórdios do meu balcão) andava eu de roda das montras, era necessário andar para cá e para lá, retirando e colocando artigos. Como o sô João estivesse presente na loja (que é exígua), era imprescindível passar rente a esse senhor, que ainda não era velhinho nem nenhum amor. E eu, que sempre fui dotada de uma capacidade invulgar para atuar inesperadamente, cada vez que passava juntinho, muito juntinho ao seu ouvido (ele é da minha altura, sensivelmente), rosnava-lhe porque não gostava dele. Ele, atónito, voltava-se rapidamente na minha direção. Eu, séria, fazia a minha vidinha, colocando as coisinhas na montra. Ele descansava. Pouco depois eu voltava à carga. Isto aconteceu umas três ou quatro vezes, até eu achar que já chegava. Fiquei toda contente com a minha prestação, inchada que nem uma perua com a coragem que tivera, convencida que havia feito algo glorioso, completamente vingada.
Bem, isto passou-se.
Um dia, (continuamos nos primórdios do meu balcão), o sô João falou com a rica filha, a menina que sempre foi espevitada e comunicativa. Comparou-a com o neto, um menino mais ou menos da mesma idade (quatro anos) que pouco ou nada dizia, e o que dizia era tudo atabalhoado. Ficou tão surpreendido que elogiou a minha criança, que era muito engraçada, muito faladora, dizia tudo e blás.
Ora bem... 'Quem meus filhos beija, minha boca adoça'... Comecei por ser condescendente para com o sô João, dar-lhe um tipo de atenção diferente, observá-lo sob outro ponto de vista, afinal de contas o homem tinha ficado abismado com a inteligência suprema da rica filha, havia necessidade de mudar as coisas...
Os anos passaram, eu evoluí em algumas áreas, experienciei uma série de coisas, amadureci. O sô João sempre tinha alguma coisa a dizer-me, com o seu jeito peculiar de comunicar, parecendo ele que estava muito zangado... Quando não estava.
Mais recentemente, dei por mim escrevendo no blogue acerca do sô João, esse amor de velhinho. Mas não que o seja, eu é que o vejo assim, aprendi a dar-lhe a volta...

O sô João, esse amor de velhinho, está a morrer. Não há esperança, o próximo estágio será a morte.
Pensei em visitá-lo, por uma questão de cordialidade, mas foi-me aconselhado a não me meter nessas andanças, uma vez que o seu estado é deplorável e desconhece-se se ele reconhece alguém, sequer se sabe se ouve ou compreende.
É a morte, sempre rondando a vida...

Solitude


Já em criança eu gostava de deambular sozinha. Dei muitos passeios por aqui abaixo e por aqui acima. A primeira vez que eu caí de bicicleta foi neste pedaço de estrada (imagem de cima). O Tobi acompanhava-me sempre nos meus passeios. Mas não me levantou do chão, não.
Fez ontem anos que o Tobi (imagem de baixo) chegou à minha casa – 37. É bom recordá-lo de quando em quando. Ver aqui...


domingo, 27 de novembro de 2011

Instruções

Colocar a massa esquisita em cima da mesa de fórmica. Amassar com desvelo, a ver se ela se transforma naquilo que queremos. Dar voltas e voltas. Carinhosamente, vá.
Quando a massa estiver toda ela uma bola sob o nosso comando, estendê-la. Não sem antes enfarinhar a mesa de fórmica. Usar rolo grosso e pesado. Branco. De polistireno. Não havendo de polistireno vai do que houver. Mas não sem antes o enfarinhar também. Rolar em cima de toda a massa. Rolar, rolar. É para isso que serve. Amassa aumentará em largura e diminuirá em altura. Também parece que é o que se quer.
Uma vez estendida e cortada toda a massa em rodelas bonitas, colocá-las no forno a ver se cozem.
Entretanto, comer as aparas de massa crua e fincar os dentes no rolo grosso, pesado, branco e de polistireno... Pois hão-de lá haver bocadinhos doces de massa. Nada de desperdiçar, que os tempos estão ruins, tão ruins como dantes...
Cozeram pois, as bolachinhas de manteiga cozeram.

Tenho coisas a dizer, pois tenho. Sempre tenho coisas a dizer.

A dizer

Há muito a dizer, há. Ao domingo também há muito a dizer. Mas a minha vida é tão diferente ao domingo, que se torna diferente também no escrever, no estar perante um computador ligado ininterruptamente, à disposição destes dedos tão laboriosos e desta cabeça tão pensadora.
Há muito a dizer, há. Ao domingo também há muito a dizer...

Um casal já velho encontrava-se sentado no sofá que está lá no canto do café. Carinhosos, davam-se as mãos. E falavam. Dei por mim a cuscar a conversa mas apanhando apenas pedaços soltos e impossiveis de ligar. Pareceu-me que falavam da 'frescura' de alguém. Não no sentido jovial, antes no da esperteza.
Por trás deles havia um sol lilás, sorridente, com raios irregulares apontados às suas cabeças...

(Não) Há muito a dizer, (não) há. Ao domingo também (não) há muito a dizer...

Verdes

Estas duas fotografias foram tiradas no mesmo lugar. Eu sei que não parece mas foi... A diferença encontra-se no tempo. Dista-as cerca de dois anos e meio, a primeira é da Primavera de 2009, a segunda deste Outono.





Fast Car , Tracy Chapman

You've got a fast car,
I want a ticket to anywhere
Maybe we can make a deal
Maybe together we can get somewhere
Any place is better
Starting from zero we've got nothing to lose
Maybe we'll make something
Be myself i've got nothing to prove

You've got a fast car
I've got a plan to get us out of here
Been working down the convenience store
Managed to save just a little bit of money
We won't have to drive too far,
Just cross the border and into the city
You and I can both get jobs
And finally see what it means to be living.

You see my old man's got a problem
He lives with the bottle, that's the way it is
He says his body's too old for working
I say his body's too young to look like this
My mama went off and left him
She wanted more from life than he could give
I said somebody's got to take care of him
So I quit school and that's what I did.

You've got a fast car
But is it fast enough so we can fly away?
We have got to make a decision
We leave tonight or live and die this way

So remember when we were driving, driving in your car
Speed so fast feel like I was drunk
City lights lay out before us
And your arm felt nice wrapped round my shoulder
And I had the feeling that I belonged
And I had a feeling i could be someone, be someone,
be someone

You've got a a fast car
And we go cruising entertain ourselves,
You still ain't got a job
Now I work in a market as a checkout girl
I know things will get better
You'll find work and I'll get promoted
We'll move out of the shelter
Buy a bigger house and live in the suburbs

Fonte: http://www.vagalume.com.br

Waffles

Há Waffles cá em casa. Ou melhor, agora já há waffles cá em casa, tenho um novo eletrodoméstico na despensa. Uma sanduicheira que também tem um prato para fazer waffles.
Encontrei a receita na internet mas como não guardei o endereço, nem a fiz exatamente como ditava, não vou referir o site. Ademais, é uma receita tão báscica que nem vale a pena estar com muitos requisitos.
Ver a receita abaixo das fotos, por favor.


2 ovos
100 ml de leite
1 pitada de sal fino
100 gramas de manteiga derretida
100 gramas de açúcar
250 gramas de farinha

Juntar todos os ingredientes e bater na batedeira durante três minuots. O glúten da farinha desenvolver-se-á (ai as coisas de doçaria que eu sei... é o que dá ver muitos programas de TV) e obteremos um creme grosso. 
Colocar colheradas na máquina e deixar cozer até os waffles ficarem lourinhos e despegarem completamente.
Depois de arrefecerem adicionar doces de fruta, mel, canela, chocolate em pó ou molho, bolas de gelado, açúcar em pó...

sábado, 26 de novembro de 2011

A menina feiinha

A menina da farmácia era feiinha mas primava pela simpatia. (Normalmente é assim...)
O cliente queria um aspirador para o narizinho do bebé e um frasco de pó de talco. Era um homem interessante ao nível visual, não que fosse particularmente bonito mas possuia uma aura muito atraente, emanava da sua postura aquela coisa máscula que só uma mulher percebe. Ela queria muito não ver esse radiar, passar ao lado dessa vivência. Empertigava-se um bocadinho e contraía a expressão, por modo a que não se notasse como ele a perturbava. Mas ele era terrivelmente afável e gracioso por entre as escolhas de puericultura. O que tornava o auge do fingimento dificílimo de atingir para a menina feiinha.
Desistiu. A menina feiinha desistiu da parte racional e rigorosa do seu cérebro, sucumbiu à emoção forte, deixou que o corredor e as prateleiras se esfumassem só por um bocadinho para se concentrar no melhor sentir de todos os tempos, para dar azo a uma loucura só sua, não valia a pena exasperar. 
«Oh céus, ainda bem que eu nasci mulher...», pensava ela.

Se sei o que ela estava a pensar e a sentir?! Claro que sei, as mulheres não têm máscaras umas para as outras.

Não, não sei nada o que a menina feiinha estava a pensar. Quem escreveu este texto foi o meu alter-ego…

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

O meu alter-ego e o caderno de encomendas do sô Ventura

Nota antes da nota prévia: este post é particularmente extenso mas desprovido de subtilezas. Já a escolha do título... é especialmente ardilosa.

Nota prévia: este post vai ser escrito pelo tal alter-ego. O meu. Tem de ser, é que a outra não sabe escrever.

Já sabemos que é o alter-ego que escreve no blogue, não é a pessoa que fala, ri e chora. Já sabemos. Os bloguistas sabem, os leitores assíduos e conhecedores da blogosfera, idem.
Mas há uns dias, ou momentos, que num espectro reluzente me apercebo do quanto sou raquítica e baça em pensamentos e quão desinteressante é a minha vida e o que há cá dentro é tão lastimoso que é uma canseira descrever... E ler. É aí que me viro para outros costumes, vivências, pensares e afins. Como o caderno de encomendas do sô Ventura, por exemplo, esse objeto misto de absurdez com singularidade...

- Posso escrever um texto acerca do seu caderno de encomendas tricolor e super-interessante?
– Você pode escrever o que quiser.
– Hum, ok, eu reformulo a pergunta: posso publicar um texto e
blás?
– Pode. (quero lá saber...)
– Quer aprová-lo previamente?
– Não.

O dono deste caderno é um homem cheio de requisitos, muito organizado, tão organizado que roça o ridículo. Profissionalmente, ao longo dos anos tenho sido familiarizada com este caderno de encomendas que considero singular, no mínimo, e isto para ser uma boa senhora, uma vez que teria pela frente um sério problema se quisesse entender o sistema ou, pior ainda, se tivesse de trabalhar daquele modo. Quanto a mim é especialmente absurdo escrever às corzinhas, tudo bem ordenado. E difícil, muito difícil, tenho andado a escrever este texto há semanas porque ainda não consegui sequer decorar o sistema das cores do sô Ventura. Eu queria descrevê-las aqui mas não vai dar... Fica-se a saber que são três cores e pronto. Tudo bem escrito, com os números todos que compõem as referências e medidas, números de Notas de Encomenda (será?!) a vermelho (não tenho a certeza, se calhar é verde...), a lista é razurada quando aviada (acho que é assim...). Tudo nos conformes. Tudo assim. Tudo igual. Igual, igual, igual.

Credo, homem, você não se cansa dessa previsibilidade?
Desse 'mais do mesmo'?
Que é feito da elementar surpresa?
Dorme sempre virado para a esquerda?
Os sonhos repetem-se noite após noite?
A sopa é a mesma todos os dias?

E o cavalheiro em questão toca de escrever como sabe; de se fazer entender a si próprio como entende; de se fazer notar... como não quer.
Um dia faltou-lhe a caneta 'ah, o senhor Joaquim levou-me a minha caneta preta (ou azul, sei lá eu!). E o homem fica aflito porque tem de escrever com aquela cor e não tem como porque o senhor Joaquim lhe levou a caneta inadvertidamente?! Oh céus... Eu acho este viver uma bizarrice de todo o tamanho, cansa-me a vista, asfixia-me, fico sem chão.
Mas... Vamos lá, vamos lá. Eu possuo uma inteligência emocional que me permite ver sem desatinar, sem justificar, sem condenar. Sei como 'consertar' as coisas na minha cabeça. Assim sendo consigo olhar o caderno e achá-lo o mais interessante de todo o universo, o mesmo causar-me uma espécie de calafrios pelo corpo todo, e ainda, mesmo debaixo de tanta contradição, dedicar tempo a escrever um texto.

Alter-ego II

O 'alter-ego' nada mais é que o exagero que cada pessoa põe no que diz e no que constrói.
No post anterior usei o 'alter-ego' em vez de 'exagero' porque deste modo sempre dou a ver que sou uma mulher sábia e assim. E porque também gosto muito de exagerar quando escrevo...

Alter-ego I

Intensifiquei a minha ideia de que o mundo é igual à internet. Tudo por causa do alter-ego. O alter-ego não funciona apenas para os bloguistas, escritores, artistas. Toda a minha gente põe o alter-ego na maioria das atitudes, não precisamos duma folha de papel para nos revelarmos, dum cavalete para descrever as emoções, nem dum pedaço de matéria-prima para criar arabescos expressivos, ou sequer duma voz de sonho para extravasar sentimentos.

O meu colega é homem para teatralizar toda e qualquer cena que conte aos seus atentos ouvintes, o homem faz os gestos, as falas e ainda vai buscar as piadas lá ao fundo da sua criatividade.

Blogues/arte para quê?!

O Matias diz que lá no Ultramar viu muitas vezes (?!) homens feridos a tirar os capacetes a outros homens feridos (?!) e virem os miolos agarrados... (Sério, sô Matias?!)
Blogues/arte para quê?!

O Daniel, quando conta qualquer episódio da sua vida, detém-se um tudo-nada nos 'ésses', é ali que o seu alter-ego levanta a crina e mostra o esplendor. É ténue mas eu dou por ele.

Blogues/arte para quê?!

E o Clóvis... Bem, o Clóvis tem um alter-ego fortíssimo. As comidas que faz estão sempre fenomenais, é um gosto ouvi-lo falar de paladares, fica-se com a ideia de que mais ninguém é capaz de cozinhar bem. E as mulheres… As mulheres – que come… - são sempre do melhor que há em matéria de cú, mamas e rosto. Remata sempre com a frase supra: ‘eu só como do bom e do melhor!’
O alter-ego do Clóvis é tão forte, tão consistente, que nem sabe que raio de merda é esta que eu estou para aqui a falar.

Blogues/arte para quê?!

O encorajamento

– Hum... Parece que a senhora não tem aquilo que eu quero...

Diz o cliente pouco convicto, rente ao desconsolo. E eu... Cheia da mais graciosa e sincera vontade de ajudar, bem como da minha elementar forma de comunicar, encorajei-o assim:

– E não quer perguntar-me?

A alameda está linda!

Há vários amarelos formando grossos rolos de folhas à beira das estradas. Os passeios também são agraciados por tão bela visão, mas aí as folhas não se amontoam, antes espalham os amarelos por ali fora. É o Outono em esplendor!

Ai... A graça que eu t' acho!

Tenho um vendedor que coloca a palavra 'senhora' no fim de todas as frases.

«E do artigo tal, hoje não vai nada, senhora?»
«Ah, esse produto aí está em promoção, senhora.»

Não é que o tratamento seja profundamente enternecedor mas ainda assim é fofinho e queriducho. Este senhor é muito comunicativo e sorridente, dá-me uma atenção especial desde que percebeu a mulher cheia de piada que sou. Não é que eu saiba ser essas coisas fantásticas, não sei, é antes porque caí em graça. 'Mais vale cair em graça que ser engraçado', lá diz um dos ditados mais certeiros que conheço.
Falámos da dificuldade em secar a roupa com este tempo e da maneira como deixamos a casa, roupa aqui e ali, a ver se seca. Qual é o homem, por mais fofo e querido que seja, que conversa comigo acerca das lides domésticas?!

Hum, só se for o sô Ventura, um outro vendedor que tenho, este bem menos comunicativo mas também se dá à fala de quando em quando e dispõe de fofuras e queridezas para distribuir uma vez ou outra, se bem que muito menos entusiasticamente.
Falámos da roupinha de nossas casas (também?!), o sô Ventura diz que é homem para estender a roupa a preceito... O que me assombra de tal maneira que exclamo:
– Bolas, ó sô Ventura, você é um homem do caraças!
– Mas não ponho as molas a condizer...
– Pois, eu também não! Era o que faltava!

A cabeleira

Ela vinha com uma cabeleira postiça que comprou na Natacha. Dantes gastava rios de dinheiro, todas as sextas ia ao cabeleireiro, uma ameaça ao orçamento familiar. Por causa da crise comprou a cabeleira e agora anda sempre penteada. Disso é que ela não se desliga, lá andar de cabeça descompsta é que não! O pai sempre lhe disse que o que faz uma mulher é o cabelo, as pernas e o peito...

Eu cá acho que há por aí uns exemplares bem pobres nos três itens...

Hoje não...

… Digo mais mal da minha vida profissional, já decidi.
Fui pintar as unhas à hora de almoço, ficaram lindas e mais não sei quê. Porém, ao recomeçar o trabalho estraguei uma. Fiquei um tudo-nada chateada mas havia uma solução fácil e prática. Telefonei à Henriqueta, expus o meu problema, e daqui a nada vou lá arranjar.
É bom, não é toda a gente que tem este privilégio...

Mantra para os próximos sessenta dias*:

Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada.
Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada.
Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada.
Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada.
Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada.
Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada. Sou uma privilegiada.

*Sessenta dias devem chegar para me convencer desta ideia.

Hoje não...

… Dormi praticamente nada. Se normalmente as hipocrisias me dão nos nervos, hoje, estou sem ponta de paciência para as ditas. Então lá vai:

«Telefonou uma puta de merda que aqui há uns anos me fodeu os cornos até mais não por causa duma parvoíce sem tamanho e à qual mais não podia fazer do que efetivamente fiz.
Mas hoje... Hoje riu-se das minhas respostas, sempre muito bem-disposta, como se ao fim e ao cabo tivesse reencontrado uma velha amiga por acaso. E em remate ainda deixa beijinhos...»

Atualidade

Ouvi uma notícia qualquer passada na Itália. Desliguei o ouvir inadvertida e inconscientemente. A atualidade em termos de notícias é algo que me aborrece de sobremaneira, não tenho paciência para estar a ouvir atentamente e formar opiniões.
Para mim, a Itália funciona assim:

«Tenho na minha montra uma jarra toda bonita para vender este Natal. Veio da Itália, só pode.»

«Qual é a melhor maneira de aprender italiano no Natal? Tendo jarras para vender que trazem a descrição na língua materna. Na língua materna dos italianos, claro...»

«PORTAFIORI! Dipinto à mano da maestri decoratori come nella più classica delle tradizione...»

Ó querida, vem lá daí que o Usher está em sofrimento...

À voz angelical de Usher junta-se o ritmo contagiante de David Guetta, o que resulta numa música muito agradável.

Without You (feat. Usher) David Guetta
I can't win, I can't reign
I will never win this game without you
Without you
I am lost, I am vain
I will never be the same without you
Without you

I won't run, I won't fly
I will never make it by without you
Without you
I can't rest, I can't fight
All I need is you and I
Without you

Without... You! You! You! You!
You! You! You! You!

Without... You! You! You! You!
Without you

Can't erase, so I'll take blame
But I can't accept that we were strange without you
Without you

I can't quit now, this can't be right
I can't take one more sleepless night without you
Without you

I won't soar, I won't climb
If you're not here, I'm paralyzed without you
Without you

I can't look, I'm so blind
Lost my heart, I lost my mind without you
Without....

You! You! You! You!
You! You! You! You!

Without... You! You! You! You!
Without you

I am lost, I am vain
I will never be the same without you
Without you
Without you


Video aqui...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O voo

Lisboa, 24 de Novembro de 2011

Era uma vez uma rola branca, pousada naquela taça vermelha, muito atenta ao meio envolvente. Tão atenta que voou antes do clique...

Necessidade (presencial)

São precisas pessoas aqui, por favor.
Agora.
É que senão enlouqueço.
Já aconteceu outras vezes e não é bonito.
Depois passa, claro.
Mas enquanto dura é do caraças.

Ver as vistas

A minha visão do mundo não passa de tosca e rude porque eu não desejo apurá-la. O apuramento tira-lhe o sentido.

Em constante construção

O mundo sempre muda de paradigma, afinal.

Dantes eu tinha experiências para contar e não podia expô-las.

Depois chegaram as experiências que podia divulgar mas não sabia como.

Agora tenho as experiências que conto ao mundo inteiro e, a bem da verdade, exploro em demasia, mas ninguém as conhece.

Recadinho

O rico filho é um jovem objetivo e sucinto. Em muito.

A dor de dentes

- Posso contar ao mundo do teu dente? - Perguntei eu à rica filha.
- Podes, se não falares da dor…

Anda a nascer um dente do siso à rica filha. A ver vamos se obterá mais juízo com o acontecimento.

Não escrevi nada acerca da dor…

Compras

Milena andou passeando com a amiga. Cantando e rindo. Beberam leite morno e torradas com muita manteiga, compraram pijamas para os meninos, um pão de Mafra e um queijinho Teté. Um festim...

Cumprimentos ao sargento-ajudante!

– Olá, irmã, a paz do Senhor!

Ó 'miga, é assim: ou você está a confundir-me com alguém ou com alguma coisa...

Gostos

Gosto de ter o livro aberto e não ler.

Gosto de tomar atenção aos passos, às falas, aos estilos, às diferenças.

Gosto da envolvência.

Gosto do particular.

Gosto de escrever. (Sério?!)

Gosto do tempo a passar.

Gosto da irresponsabilidade.

Gosto do ócio.

Gosto da verdade que há em cada mentira.

Gosto de escrevê-las.

Gosto disto.

Gosto daquilo.

Gosto das pessoas.

Gosto do mundo.

Gosto disto.

Gosto daquilo.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Post dum estilo particularmente desinteressante

Nota prévia: a imagem nada tem a ver com o texto que se lhe segue.

Lisboa, 23 de Novembro de 2011

Oh que belas e graciosas flores respiram por baixo do prurido celeste! Esse misto de âmbar e lavanda!

Poema prosaico para espantar o frio que já se vai instalando. O frio, esse, enrija-me as falanges todas e congela-me os neurónios. Depois existe outra em mim. E eu não curto nada essas cenas. Já a chuva nem por isso, a chuva é-me inspiradoramente benéfica, para meu gáudio.

Dias de um ginásio

O homem que é gordo que nem um porco e sua que nem um cavalo está a falar ao telemóvel. Aqui é assim, os utentes deste ginásio tratam de negócios enquanto treinam. Mas este está a falar com uma mulher, seguramente. É notório nos gestos, existe um certo arquear torácico, um dado empertigamento ao nível do pescoço, uma languidez lá muito ao fundo do olhar. E não pára sossegado, o bicho está ansioso por demais, por causa das coisas todas ia batendo com a tola na trave baixa que há ali, armado que está em abat-jour luminoso ou assim.

Ah e tal…

Não ostento orgulhosamente o livro que ando a ler perante a outra gente. A outra gente que fala e ri. Pouco lhes importa o que ando a ler, muitos olham mas ninguém me vê com os outros sentidos.
Tapo o livro porque não quero danificá-lo e não que sinta algum embaraço no meu gosto literário. Pois se ainda por cima, ao momento leio uma obra considerada um dos melhores romances do século XX. É, portanto, demonstrada a sublime inteligência que possuo, não há que ter qualquer sombra de pudor.
E estou a gostar, estou a gostar do livro que ando a ler. É estranho, complicado, possui um entrosamento difícil (ou não muito fácil) de entender, mas eu gosto daquele emaranhado de pensamentos. Gosto das personagens, dos lugares, das cenas, do drama crescente em cada parágrafo.
Agora me lembro, comecei este post com a ideia específica de anunciar ao mundo que não tenho vergonha de mostrar o que leio, ou sequer as minhas criações simplórias. Pois não, não tenho. Ademais, por modo a abrir o livro no sentido certo, empreendi uma dessas criações simplórias, coloquei uma espécie de etiqueta em cima do papel que o forra e escrevi, com letras gordas:
«Ah e tal...»
Aqui sim, plagiei alguém, e isso é vergonhoso. Pareço o dos 'Gato Fedorento' naquele (já mítico) pequeno excerto que aparecia na Sic Radical (se não estou em erro) mostrando um gajo de dentes pretos chateado com algo que não dá para perceber o que é. 'Ah e tal... vem um gajo lá de baixo cá para cima...'

Foi horrível, exclamou ele, horrível, horrível!
Apesar disso, o sol estava quente. Apesar disso, uma pessoa acaba por ultrapassar as coisas. Apesar disso, a vida tem uma maneira só sua de adicionar uma dia a outro dia.

In
‘Mrs. Dalloway’, Viginia Woolf

(página 74)

A fábrica

Ele contou-me de quando ia às fábricas detetar avarias e eliminá-las. Aquilo era um horror - o mulherio - eram mais que as mães. Diz que elas eram umas trezentas, para aí, metiam-se com ele, abusando da sua pacatez. Houve alturas em que fingiam avarias, inclusive, chamavam-no lá e não era nada além duma ficha desligada da tomada. Expunham-se-lhe escandalosamente, oferecendo o sexo por meio de gestos explícitos. Um autêntico descalabro...
– Não acredita? Ah, você não acredita...
Diz ele, depois de me contar as – pequenas? furtivas? - ocorrências libidinosas.
Não sei que cara fiz mas sei que não soube que 'cara' fazer. Não é que não acredite... Eu só acho o seguinte: os homens não entendem subtilezas de calibre sexual, não atuam se não forem chocados, especialmente os pacatos. Tem de ser tudo escarrapachado em caso de necessitada atividade ou simples deleite, com ou sem franqueza. E a esses, aos pacatos, existe um prazer imenso em provocar, pelo sentimento de poderio que advém dessa provocação. E, assim, estaremos perante o eterno feminino - elas andam sempre de volta dum gajo e o caraças...

Dias de um ginásio

Quem é que teve um monitor de roda dela para a pôr a correr que nem uma doida, quem é?

Quem é que fez jus ao que se esperava e correu a bater com os calcanhares no cú, quem é?

Quem é que não corria a esta velocidade há mais de trinta anos, quem é?

Eu.

Aplausos, vá.

As (minhas) mãos


Sou mulher para usar ambas as mãos. Em todos os gestos. Sempre.
Ou então não.
Houve aí um dia em que achei cómico, e gracioso, inclusive, fechar o meu pequeno porta-moedas com uma só mão. Eu estava no café e falava entusiasticamente com o homem de lá. Enquanto falava, olhava para ele e, para não me desviar da conversa, pressionei o fecho de encontro ao balcão sem olhar. Por causa de todo entusiasmo nem reparei que o porta-moedas tinha assentado em cima do pires que aparava uma chávena cheia de café. É então que se dá o desastre do dia quando praticamente todo o líquido se derrama por ali fora gerando algum alvoroço. Desfiz-me em desculpas, pus logo uma data de guardanapos daqueles que não absorvem porra nenhuma e fui rapidamente salva pelo homem do café, esse ser que lá de quando em quando aparenta alguma diligência.

Pois é, eu sei, o texto acima é desenxabido. Sou mulher para escrever desinteressantemente (não confundir com desinteressadamente, por favor… que isso, nunca!), em querendo. A consistência não é bem-vinda à arte que me assiste.

O troco

O senhor Albano também tem umas tiradas do caraças. Desculpei-me pela falta de dinheiro trocado para pagar o pão. E ele respondeu-me:
– Mas tem com o que trocar, não tem? Se tem não há problema!

Não te queixes da prisão...

Lisboa, 23 de Novembro de 2011

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Jantarinho

De repente vi-me sentada a uma mesa de jantar. A cadeira até era confortável mas não havia prato de comida para mim. O cheiro a peixe cozido não era agradável de todo. Deviam tê-lo cozido com meia dúzia de grãos de pimenta, uma folhinha de louro e um fio de azeite. Mas o jantar não era meu, ainda que eu estivesse sentada à mesa, não era com o intuito de comer. Nem falar. Bastava-me estar.

Dar nas vistas

Ela dá nas vistas por razões apelidadas de 'diferentes'. Tem o cabelo curtíssimo, as feições são grosseironas, tem um andar masculino, fuma com o charme de um homem, o olhar é impudico, objetivo e francamente distante da mescla contraditória que é a envolvência dum olhar feminino... E... E...

Tem aquilo a que se chama um belo par de mamas. É uma mulher muito 'diferente', indubitavelmente.

Veios assustadores

Aqueles veios grossos da planta que sai do vão da escada assustam-me. Imagino os veios grossos percorrendo o chão até mim, enrolando-se-me nas pernas, prendendo-me para sempre naquele lugar que entretanto a minha cabeça já transformou em masmorra.
Imaginação minha, bem sei. Ademais, é uma imagem produzida por indução, vê-se tanta coisa na TV...

Giro, giro é isto assim:


Isto é que é imaginação. Eu bem sei que a tenho.

Dias de um ginásio

18:23

Daqui a pouco vou lá chegar. Vai dar-me uma raiva grande e espumosa. Vou correr. Veloz. Corre, corre, corre. Descansa, então. Vai ser assim.



23:29

Fui, pois!

Meia hora

Estive meia hora a ouvir falar de pilas. Literalmente. Ou então não. Próstatas e assim.
Ele era agulhas inseridas dentro daquilo.
Ele era quimioterapia por causa daquilo.
Ele era valores, a que juntavam o alívio:
'Olha que esse valor está bem, ouviste?'
Ou então a gratidão:
'Ah, graças a Deus, eu, ainda assim, com estes valores não estou mal de todo...'
Ele era o comprimido azul. Hum... Será aquele comprimido azul?! Será? Quiçá...

Entretanto bazei, houve uma brecha, escapuli-me, dei de frosques. Afinal de contas já tinha material suficiente para este post.

Voltei alguns minutos depois.

Encontrei a conversa rodando pelos ouvidos, cervical, agulhas (outra vez?!) e outras coisas espetadas (?!) na cabeça.
Desliguei. Quando não, serei contagiada não tarda nada.

Como te chamas?!

Há uma senhora... senhora, não, há uma rapariga da minha idade, vá, que este post tem de ser jovem e isso.
Recomeçando: há uma rapariga da minha idade com quem me encontro frequentemente no supermercado, ela e o macho dela e eu e o meu amor (não sei se deu para perceber a subtil diferença...?). Há dias, por um motivo completamente desinteressante para plantar aqui, houve necessidade de trocarmos números de telefone. Entretanto, por muito estranho que pareça, e muito embora a gente se conheça há anos, deparámo-nos com a ideia de que não sabemos os nomes uma da outra. Depois de ouvir o meu nome, diz ela assim:
– Hum... Gina...
Como quem lembra algo sugestivo ou assim, talvez tenha lembrado o ginecologista ou então, para não diferir da maioria das pessoas lembrou a famosa revista 'Gina'... Vai daí, diz-me o nome dela:
– Ah, eu sou Tânia!
Deu-me vontade de responder:
«Hum... Tânia...»

Se bem me lembro também havia uma revista Tânia dentro da mesma voga...

domingo, 20 de novembro de 2011

Blogger, eu?!


Só se por força das circunstâncias... É que o epíteto não me assenta que nem uma luva nem me fica a matar...

Cenas duma cozinha



Provocação gera reação... Deitar batatas cruas, frias e húmidas em óleo a ferver pode ser provocativo. Tal advém da junção dos dois elementos nas condições já descritas, vai daí... dá-se a reação.

Vamos às bolachas. Tenho a dizer que as feiinhas são as primeiras a ser comidas... E a melhor cai ao chão...

O leite e o cacau só se misturam em estando quentes...

Imagens de três lugares saloios, em 20 de Novembro de 2011

Mafra




Cheleiros



Morelena

Novo penteado

Tenho um novo penteado.

Mas não é que tenha ido ao cabeleireiro,

é antes porque há meses

e meses

e meses

que lá não vou...

Penteado

Eu estava no cabeleireiro. Depois do tempo passado sobre a aplicação de um produto nos cabelos a Carla tirou a toalha e... Surpresa! O meu cabelo tinha crescido imenso, estava volumoso, brilhante, lindo.
Tudo isto não passa de um sonho, eu estava a sonhar... Oh, desventura!
Acordei para a comum realidade dos meus dias: tenho um cabelo curto e absolutamente normal.
Pus-me a pensar, aqui já bem acordada, que podia tratar-se do cabelo na forma contrária à que a natureza ordena: a gente ia ao cabeleireiro estender o cabelo. Depois, com o passar do tempo ele encolhia. Quando achássemos que já estava demasiado curto... pimba! Mandávamo-lo estender de novo.
Podia ser assim.
Mas não é.
Tenho que ir cortar o cabelo...

Nota:
Este texto é a minha participação para o tema deste mês 'Sonhos' no blogue 'Fábrica de letras'. E já vem daqui...

Bananas

Este fim de semana andei de roda das bananas. Em matéria de doces experimentei dois: 'Queques de Banana' e 'Bolo de Aveia e Casca de Banana'.
Bem sei que este último é estranho mas é muito bom. Ambas as receitas são um pouco ao estilo dietético, a primeira retirei do programam televisivo 'Barefoot Contessa' e a segunda deste blogue, muito embora tenha modificado um pouquinho, por não ter farinha integral substitui por farelo de trigo. Aqui no blogue vou divulgar a receita como a confecionei.
Acerca do bolo de casca de banana, tenho ainda a dizer que não disse aos ricos filhos que o bolo tinha as cascas da banana... Tudo leva a crer que tal não seria bem tolerado...




Queques de Banana

Misturar 1 iogurte natural e 1 chávena de chá de farelo de trigo e deixar amolecer.
Entretanto bater 1/4 de chávena de chá de açúcar mascavado e 50 gramas de manteiga. Juntar 2 ovos (um de cada vez) e bater. Nesta altura é normal a mistura coalhar, ainda assim... prosseguir.
Juntar 3/4 de chávena de chá de melaço, raspa de 1 laranja, 1/2 colher de chá de essência de baunilha e a mistura do farelo com iogurte. Bater um pouco.
Peneirar 1 1/2 chávena de chá de farinha, 1 colher de chá de fermento em pó, 1/2 colher de chá de bicarbonato de sódio e juntar à mistura anterior. Mexer bem.
Finalmente adicionar 1 chávena de chá de passas, 1 banana cortada aos pedacinhos, 1/2 chávena de chá de nozes picadas.
Vai ao forno em formas de queque. Esta receita dá para 12 queques, mais ou menos.

Bolo de Aveia e Casca de Banana

100 gramas de farelo de trigo
110 gramas de farinha
80 gramas de flocos de aveia
1 colher de chá de fermento em pó
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
1/2 colher de chá de canela
¼ colher de chá de sal
Casca de 2 bananas (cerca de 80 gramas)
120 ml de água
2 ovos
1 iogurte
50 ml de azeite
200 gramas de açúcar amarelo

Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga e polvilhe com farinha uma forma de bolo com buraco.

Peneire as farinhas, a aveia, o fermento, o bicarbonato, a canela e o sal para uma taça e reserve.

Lave muito bem as cascas de banana e triture-as com a água.
Bata-as com os ovos, o iogurte, o azeite e o açúcar até obter uma massa homogénea.
Depois envolva a mistura de farinhas.

Deite a massa na forma preparada e leve ao forno a 180ºC por aproximadamente 30 minutos.

sábado, 19 de novembro de 2011

Baú



Ando por aí gravando os meus documentos antigos e depois deparo-me com imagens assim. Uma imagem que não me lembrava que tinha mas que me lembro de captar.
Fotografia tirada de dentro da viatura, rolando na IC 17, em direção a Lisboa-Oriente. Regsitei o voo não muito livre dos pombos, numa manhã de Abril do ano 2009.

Nota: a fotografia não está em bruto, pus-lhe uma moldura com a ajuda do piknik.com.

Dizer das fotos que são minhas e mais não sei quê

Ao tempo que não faço um post destes... Lá de quando em quando é bom falar de direitos autorais. Está na hora de anunciar que as fotos e imagens que apresento no blogue são minhas, ou seja, são de procedência caseira.

Porto, 3 de Outubro de 2011

São minhas, são. É raríssimo plantar criações que não sejam ditadas pela minha cabeça. Com exceção duma ou outra, como esta aqui em cima, esta não foi ditada pela minha cabeça, muito embora o gesto da foto seja meu.

...

Alguém poderia observar-me, assim como que pela primeira vez, ou seja, aplicando o olhar virgem, e escrever. Só para eu ter acesso a um mundo ao contrário...
Isto é o alter-ego a escrever novamente, que eu cá, a bem da verdade, não sei escrever.

O monstro

«No entanto, irritava-a ter dentro de si aquele monstro brutal a agitar-se! Ouvir ramos a estalar e o peso dos cascos nas profundezas daquela floresta densa, a alma; nunca se sentir completamente satisfeita, ou completamente segura, pois a qualquer momento a criatura poderia mover-se; aquele ódio, que, sobretudo desde a sua doença, tinha o poder de a fazer sentir-se arranhada, ferida na espinha; infligia-lhe uma dor física, e todo o prazer que sentia na beleza, na amizade, no bem-estar, em ser amada e transformar o seu lar num lugar encantador, estremecia, vacilava, e ruía como se na verdade houvesse um monstro a puxar pelas suas raízes, como se toda a panóplia da satisfação não passasse de amor-póprio! Aquele ódio!
Disparate, disparate!, gritou para si mesma, empurrando as portas giratórias dos floristas Mulberry.»

In
'Mrs. Dalloway', Virginia Woolf (página 22/23)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Foto duma fotografia



A senhora que aparece nesta imagem é uma das mais importantes da minha vida.
Vou deixar a imagem numa espécie de enigma porque não vou especificar quem é (ou quem foi) esta senhora. Nem que me peçam. Mesmo que o pedido seja feito de joelhos. Implorando e tudo o mais. Não digo!

A desregra dos três complicados

– Olhe, tem uma fechadura destas?

O cliente aviado olha atentamente para a dita como se fosse expert na matéria. Aproveitando tempo viro-me para outra cliente que espera vez.

– Quero uma lata de Supergel.

Vou buscar. No caminho:

– Quanto custa?

Não tenho na memória. Vou ver.

– Então e o tubo?

O cliente da fechadura reclama que não é igual. Chega outra cliente.

– Olhe, menina, tem cá varões?

Anuncio o preço da lata e do tubo. A última torna.

– Varões assim daqueles que se esticam...

O cliente da fechadura já só está a ocupar espaço, não é igual, não é igual, não é igual. A última cliente, outra vez.

– É daqueles com ventosa.

O da fechadura.

– Esta fechadura não é igual. Tenho que ir a outro lado?

O senhor é que sabe, respondo. A da lata admira-se um cadito.

– Ai, credo, tão caro!

O da fechadura marra de novo.

– Tenho que ir a outro lado, ou não?

O senhor é que sabe... E lá vem a do varão.

– Aquilo que medidas tem? Aqueles varões com ventosa, sabe?

A do Supergel lá se decide, após minuciosa observação do mesmo produto em tamanhos diferentes.

– Levo a lata, sempre compensa o preço. Quanto é?!

Faço as contas, trago o troco. A que quer o varão manifesta-se.

– Daqueles assim com ventosa. Que medidas tem?

Venho com uma moeda na mão, é o troco da do Supergel. O da fechadura está aborrecido. A do varão diz, ainda, algo que não deve ter diferença do que disse até então. E eu… Verbalizo, finalmente, não o que tenho vontade de dizer, e sim o que deve ser dito a esta última:

- A senhora tem de esperar um pouco, por favor. Eu consigo atender duas pessoas ao mesmo tempo, três é que já não dá…

O da fechadura vem de lá com a mesma lengalenga, deve estar engasgado. A do varão diz que já cá vem e vai-se embora. A do Supergel sorri e fica. O da fechadura repete-se. Olho para a minha mão e percebo porque ainda ali estava a senhora que queria uma lata de Supergel… O troco, a senhora queria o troco. Ah…

É muito preenchida, a minha vidinha, bem sei.