segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Gina, a mulher que tem um blogue

Não é de todo agradável que alguém conheça os meandros do meu escrevinhar. É mesmo difícil escrever num blogue, mostrar partes da vida cheias de salamaleques, intuições, insinuações e outros pensamentos, e depois mostrar-me diferentemente, ser outra pessoa quando falo. Esventrar a carne é desprezível, o espírito a gente sempre molda.
Tento (sempre) escrever sem a ideia de que há pessoas minhas conhecidas que vêm ler. Quero escrever sem essa ideia estar presente, alterando o que quero dizer.
Tento (sempre) ser o que habitualmente sou na escrita e no frente-a-frente: crua e/ou verdadeira.
Há dias andei para aí a escrever o 'alter-ego isto' e o 'alter-ego aquilo' mas tal não passa de meras considerações que não sei aprofundar. Há largos meses (se calhar anos) percebi que me exalto sempre que escrevo, que exagero, que extrapolo, mas isso, a bem dizer, são as tais parvoíces. Apenas. Isto é um blogue do caraças... Mas solitário e deveras patético. Ponto final.
Este blogue é feito sobretudo de ocorrências banais, verdades a que assisto e conto à minha maneira, sob o meu ponto de vista. Ainda que não escreva tudo quanto me apetece, escrevo o que quero, este é um texto que tenho de publicar, é impossível deixar passar em branco uma certeza que me chegou hoje: eu não poderei nunca transformar o blogue num livro, as pessoas não me entenderiam. Ofendo-as sem querer, faço-as aparecer e parecer como não se imaginam, ou como não suportam imaginar-se. Por alturas de se mostrar a personalidade (sempre mostramos a personalidade, não a escondemos ou sequer contornamos tanto quanto gostaríamos) a essência revela-se em gestos improváveis, inevitavelmente.
Tenho (alguma...) facilidade em perceber as pessoas, o que as pessoas são. E depois escrevo. Para mim é só isso mas entendo que o leitor retire ilações diferentes. Eu entendo. Já o leitor, talvez não.
A minha ideia ao escrever não é, nem nunca foi, ofender. Gosto de incidir ou provocar, há um poderio que me é particularmente agradável nesses sentimentos, mas considero a ofensa vil. É assim, eu sou assim.
Com este texto também pretendo desculpar-me um pouco, está em 'modo recadinho' propositadamente. Prefiro dizer já o que penso em modo escrito, uma vez que é a minha melhor forma de comunicar, do que estar para aqui a fazer posts ludibriados e cheios de subtilezas, extravasando, sim, mas sem clareza.

Se sei escrever doutra forma? Sei. Sei, pois. Ou por outra, ando a aprender. Inventa-se e assim. Pego nas características que vejo nas pessoas, as mesmas pessoas, descrevo os lugares, os mesmos lugares, e faço posts cheios de piada, porque me vão sempre achar a mesma piada. Mas vai-se escrevendo, pois não escrever seria um enorme desperdício.

1 comentário:

Paula Alexandra Santos disse...

Bem, nunca vamos conseguir agradar a gregos e troianos e se não ofendes ninguém (uma coisa é ofender, outra coisa é as pessoas sentirem-se ofendidas), não vejo porque não podes escrever o que queres.
:)