sábado, 28 de fevereiro de 2009

Então até para o mês que vem!



Foi o que o bufo que me mandou dizer aos meus leitores.

Repescado


«(...)Tenho uma necessidade permanente de criar algo escrevendo e é por isso que mesmo depois de esgotadas as palavras e as ideias, quando já não vejo nada senão as coisas más, quando o melhor que tenho a fazer é fechar os olhos, esquecer e nem escrever para não pensar mais, quem sabe até fechar o blogue... eis que me aparece uma ideia nova! Tem-me acontecido sempre, sempre, sempre assim.
Por isso é que ainda me mantenho por aqui apesar da cabeça vazia de tantas coisas, porque isto... é meu.»


Repescado
daqui.

Poesia

Durante esta semana tive muito tempo para ler. E li. Tinha tempo entre um apoio ao rico filho e um cochilo dele. Teria usado muito desse tempo para escrever mas não havia computador (meu) ou internet (minha) por perto. Assim o que fiz foi fixar na minha cabeça as coisas que queria escrever posteriormente e outras apontá-las.
Para me entreter comprei uma revista que trazia um livro agregado, um livro cujo autor escreve prosa e verso - Nuno Júdice - o qual desconhecia.
Habitualmente não gosto de poesia. Porque não me identifico com ela, porque não me vejo lá. Mas li os poemas de Nuno Júdice e gostei. Muito. Senti as palavras. Vi-me nas palavras dele. Nestas:


Rotina

Ao abrir a janela do quarto para outras
janelas de outros quartos, ao veres a rua que desemboca
noutras ruas, e as pessoas com quem se cruzam
em cada início de manhã, talvez te apeteça
voltar para dentro, onde ninguém te espera. Mas
o dia nasceu - um outro dia, e a contagem do tempo
começou a partir do momento em que
abriste a janela, e em que todas as janelas
da rua se abriram, como a tua. Então, resta-te
saber com quem te irás cruzar, esta manhã: se
o rosto que vais fixar, por uns instantes, retribuirá
o teu gesto; ou se alguém, no primeiro café que
tomares, te devolverá a mesma inquietação
que saboreias, enquanto esperas que o líquido
arrefeça.

Nuno Júdice

Desilusão


Esta é uma época de desilusões. As pessoas e a vida desiludem-me e, sem que eu queira, sou levada a não me iludir com a minha vida e com a minha pessoa.
Na verdade, isto acontece porque o viço da juventude e o prazer do inesperado estão lá atrás.
Aprendi a usar um escudo - não esperar nada de ninguém e em simultâneo esperar tudo de todos. Não que assim desapareça a desilusão mas quando aparece dói menos.

1011


1011 é um número engraçado para parar com esta 'coisa' de numerar os post's que publico.
Comecei com esta bincadeira no post número 1001 e no número 1002 já não tinha graça este publicar assim. Começou a ficar sem alma e também me deu a ideia de que perdia algum conteúdo.
A partir daí foi (ou fui) perdendo a graça, perdendo a graça, perdendo...
Vou parar a partir de agora, vou voltar a sentir-me angustiada em busca de um título adequado e vou gostar qualquer coisita de intitular os meus post's. Vou, sim. É que há experiências enriquecedoras e esta foi uma delas.

1010


A vida entra lentamente na normalidade.
Hoje de manhã, apercebi-me repentinamente que nem me tenho visto ao espelho. Felizmente não notei quaisquer pioras...

1009


Não há dúvida que o Hospital de Santa Maria é um grande hospital! De um lado vê-se o estádio do Benfica e do outro...



... o estádio do Sporting!


sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

1008


Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro.

Parece que vem aí a chuva, que chegará amanhã. Então vá que é para a gente ter bom prado e bom celeiro e isso. Vá.

Provérbio buscado
aqui.

1007


Numa das refeições tomadas neste refeitório reparei num homem que olhava insistentemente para mim enquanto eu bebia a sopa. Passados alguns instantes, um outro olhava de soslaio enquanto eu tentava abrir, desajeitadamente diga-se, o invólucro que continha a colher que me levaria o pudim à boca.
Tendo a achar que não tenho graça, porém, momentos há em que me parece que divirto as pessoas de alguma maneira. Neste caso, pela originalidade demonstrada no modo como comi a sopa e pelo desajeitamento em levar a cabo uma tarefa tão simples como abrir um invólucro de plástico...
Não posso dizer que tenha sentido muita vergonha por me estarem a observar, um tão atentamente e outro fingindo nem reparar, mas logo que acabei de comer, tirei o meu caderno da mala e refugiei-me na minha escrita. Há vezes, em que é aí que vivo por não saber como viver no mundo de outros.

1006

Estes dias no hospital, que felizmente terminaram e bem, fizeram-me aprender, e também ver e constatar, uma série de coisas. Elas aparecerão já de seguida.


  1. 1 - Os corredores de um hospital podem ser enormíssimos e que deve haver poucos edifícios em Portugal que se orgulhem de ter corredores tão extensos como este.



2 - Que nas imediações existe um jardim, mais concretamente junto à Faculdade de Direito, que está sobejamente degradado.



3 - Que os extensos corredores do Hospital de Santa Maria, de noite para além de extensos conseguem ser também assustadores.



4 - Que, faça-se o que se fizer... hão-de sempre haver obras e nunca estará nada completamente pronto!...



5 - Que há por ali ao derredor muitas, muitas azedas amarelinhas!



6 - Que as alturas me assustam e não é pouco!... Tirei esta foto do nono andar.



7 - Que há pessoas cheias de sorte - têm um jardim mesmo no local de trabalho...

1005


O blogue da Vera hoje faz um ano e teve uma maneira engraçada e original de o festejar - colocou à disposição lá no seu blogue frases de Mia Couto para que a sua vizinhança, da qual faço parte, roubasse uma e a colocasse no seu próprio blogue. Pois bem, por me sentir tão indecisa, escolhi estas duas:

"Hoje sei como se mede a verdadeira idade: vamos ficando velhos quando não fazemos novos amigos. Estamos morrendo a partir do momento em que não mais nos apaixonamos.", in Mar me Quer, Mia Couto

"[...]Devia era, logo de manhã, passar um sonho pelo rosto. É isso que impede o tempo e atrasa a ruga.[...]", in Mar me Quer, Mia Couto

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

1004


Nos últimos dois dias tomei as principais refeições do dia rodeada de batas brancas. Se eu ouvir bem, e ouvi, o refeitório de um hospital nada tem de diferente do restaurante do Zé Patusca em termos de ruídos. Se um parece um galinheiro quando é chegada a hora de pôr o ovo, o outro a este se assemelha...
E se eu vir bem, e vi, há uns senhores e umas senhoras de bata verde e não branca, esses são os cirurgiões já eu aprendi, e há uns de bata azul, esses são o pessoal da limpeza e de auxílio também já eu aprendi, e depois há os outros assim como eu - normais... pais e mães dos meninos que estão no hospital a tratar dos dói-dóis.

Ninguém perguntou mas eu explico a ausência, porque se torna necessário para que se entenda os escritos que advirão a este blogue, inclusive este escrito que agora escrevo.
Nada de grave sucede mas... o rico filho está no hospital, estão a tratar-lhe um dói-dói.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

1003

Verde Água?!

Mas a quem é que passa p'la mona chamar
Verde Água a um blogue?!

Hum... a mim?!?! Não, à rica filha.


Isto é (muito) giro para constar ali em cima no cabeçalho... pela mona já me passou, ao menos, tirar aquela frase batida do Óscar Wilde e escrever isto lá em cima, que de batido não tem nada, acabei de inventar...

1002


Rica Filha (ansiosa, rente ao arquejo):
- Mãe, posso ir ao baile de Carnaval?
Mãe (indecisa, não querendo tomar responsabilidade sozinha):
- Hum... não sei... Luís, ela pode ir ao baile de Carnaval?
Pai (impaciente, sacudindo a água do capote):
- Ah, não sei. Decide tu!
Mãe (resoluta, sem pinga de paciência para resistir)
- OK, podes ir.

1001


O post 1001... aliás, recomeçando:
Com o post número 1001, apenas quero declarar que vou deixar de sentir a angústia de escolher um título para os meus post's; não gosto mesmo nada de intitular o que escrevo. Os meus post's vão passar a ir para o ar numerados e não apalavrados. Lembrei-me e assim será, pelo menos enquanto me der na tola que assim há-de ser.

O milésimo post rezará:


Cheguei aos 1000 post’s!!!
(ou antes, às 1000 parvoíces…)

E depois inda me dizem que até nem sou muita parva! Em cerca de dois anos e meio arranjei 1000 (!!!) assuntos para escrever. Levando em conta que a maioria são parvoíces, que apenas excluo desse naipe os post's em que falo acerca dos
Ricos Filhos e que esses post's até hoje são apenas 79, imagina só quão elevado é o grau de parvoíce que reside nesta cabecinha... ai ai ai...

Emporte la champagne, s' il vous plâit! On la va boir!

Nota:
Contei com a preciosa ajuda da rica filha para este final escrito à grande e à francesa.

O que aconteceria à minha existência sem estas pequenas descobertas?


O corredor no Continente que contém as prateleiras que albergam os preservativos, é o mesmo que aloja as fraldas descartáveis para bebés.
Ou seja, numa só passagem, a malta investe nas criancinhas e aproveita para as evitar...


Em resposta à minha própria pergunta exposta no título deste post, digo que a minha existência não existiria tão feliz sem estas descobertazinhas e isso, certamente.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carnaval


Quem é que tem o descaramento de dizer que não gosta do Carnaval?!
Haverá alguma coisa mais saborosa que um dia de intervalo numa semana de trabalho!? Há. Se pensarmos em dois dias de intervalo... três dias de intervalo... quatro dias de intervalo... e por aí fora!
Viva o Carnaval! Pois claro que viva! Se ele não vivesse, ontem durante o meu passeio matinal eu não teria visto uma senhora saloia, de unhas esborratadas de vermelho simulando sensualidade e cuidado, e pintas pretas nas faces simulando sedutores sinais na pele, à laia de Madonna ou algo assim. Ah pois não!... Viva o Carnaval, sim! Assim haja alegria de viver!

Amanhã é feriado! VIVA!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Curiosidade daquela que não mata o gato, ou sequer mata alguém


De lá - ********, boa tarde fala a não sei quantas.

Daqui - 'Tou sim, boa tarde. Eu estou a falar da ***** para dizer que os senhores têm uma factura em atraso.

De lá - Donde fala?

(Mau... outra vez?)
Daqui - Da *****

De lá - Ah sim. Só um momentinho.

Daqui - Com certeza.

De lá - ... é a factura tal e tal com o montante xis... e o que venderam foi es... puma de po...li...u...re...tano...?

Daqui - Exactamente.

De lá - O que é isso?!

(Ai o caraças! Ó menina, então mas afinal não 'estamos' a falar do departamento de contabilidade e não 'lidamos' exclusivamente com números? Prontus... 'tá bem.)
Daqui - É um produto usado para tapar buracos e fissuras nas paredes, que os senhores nos pediram e que nós fornecemos.

De lá - Ah... ok. O cheque segue amanhã.

Daqui - Obrigada, boa tarde.

De lá - Boa tarde.

E é assim. A curiosidade esfumou-se (e não matou o gato ou sequer alguém). O cheque seguiu.
Mas ao depois... espuma de poliuretano? Que é isso?
A espuma de poliuretano é coisa que não lembra a ninguém. Só a mim. Porque tenho (quase, quase) sempre uma vontade intrínseca de escrever que por vezes não domino.
E por hoje é isto.

As diferenças


Entrei no Metropolitano e encontrei uma visão escura, mais escura que o costume, e isso aguçou-me a curiosidade. Tentei perceber a que se deveria a escuridão e vi que a maioria das pessoas envergava um casaco preto, ou castanho, ou cinzento - podia ser por isso.
Depois pus-me a pensar em como as pessoas são estranhamente iguais. Todas vestiam roupa escura, devido à estação que decorre é certo, mas para além disso todas aparentavam o mesmo sentir - enregeladas, acabrunhadas, deprimidas.
Entretanto duvidei dos meus próprios pensamentos, do que via e concluía: «Isto não pode ser assim, as pessoas são sempre diferentes umas das outras!» pensei.
Mudei o olhar, apliquei aquele olhar que uso para escrever acerca de situações e de pessoas. Vi imediatamente diferenças entre as pessoas, na expressão, no caminhar. O seu todo diferenciava-as umas das outras. Na minha cabeça era formado um texto relatando as particularidades e os pontos de interesse que cada pessoa aparentava sob o meu perscrutador olhar.
Talvez eu seja especial ao ponto de ver o que quero ver. Talvez eu seja pretensiosa achando que sei ver de maneira diferente, que vejo mais e melhor, que quero, que faço, que sou. Talvez. Mas, e aqui é uma certeza, esse momento foi especial.
E agora continuando este texto sob o manto glorioso e brilhante do pretensiosismo, senti que sou capaz de transformar a vida porque (e quando) quero escrevê-la.

Temos pena...


Há já muito tempo, ouvi alguém dizer que quando sentimos compaixão é porque nos sentimos superiores. Não concordei, achei que me sentiria mal com a minha consciência se achasse que seria capaz de um sentimento tão baixo como é o da superioridade.
Mas a vida avança. Ai avança! E hoje eu concordo com esta frase. Percebi que o facto de sentir compaixão por alguém supõe automaticamente superioridade. Doutro modo a compaixão não surgirá - não temos pena de alguém que está, ou se sente, melhor que nós.

Se todos existíssemos de igual modo não haveria compaixão.

Brincadeira


O senhor reitor entrou e colocou uma moeda de um euro em cima do balcão.
- Estas são as novas moedas de dois euros - disse ele.
Eu sabia que ele estava a brincar mas não contive o espanto:
- Ai é? Mas essa é de um euro!
- Pois é. Mas tem um euro de um lado e outro euro do outro!

Hoje já foi dia para ter passeio!













Fotos:
Palhais - Loures
22 de Fevereiro de 2009

A propósito de idade e de outras coisas... Rir é um bom remédio!


- Olha lá, não te esqueças do champô! - disse ele, assomando à porta. Virei-me imediatamente para a prateleira que contém o dito de várias marcas.
- Queres este anti-caspa? - perguntei.
- Eh pá eu queria era um anti-queda...! Ou antes, anti-desintegração!
Diz ele que o cabelo não lhe cai pois não o vê cair. Por isso, pelo tamanho da 'coroa' que tem no alto da cabeça... acha que o cabelo não lhe cai, desintegra-se!
Ri-me a bandeiras despregadas. O Luís é um gajo cheio de piada!

(eu é que não sei como escrever isto de modo a ter tanta piada como ele...)


Acrescentamento:
Por favor, consultai este
link. Se assim fizerdes, crede que conhecereis um blogue de grande interesse.


Acrescentamento ao acrescentamento anterior:
Deu-me um trabalho do caraças escrever o acrescentamento anterior na segunda pessoa do plural... mas acho que está bem...

'Em todas as mulheres há uma pequena bruxa!'


É o que dizem por aí. Discordo peremptoriamente. A bruxa que há em mim é enoooorme!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

É assim


Uma dona de casa como deve ser, lava o frigorífico e o micro-ondas enquanto a entremeada grelha, alternando viradelas e esfregadelas nos sítios correspondentes.
Uma dona de casa como deve ser, não navega pelas ondas da Internet enquanto o arroz refoga no tacho.
Não.
Uma dona de casa como deve ser faz o arroz-doce e as maçãs assadas em simultâneo com o estender da roupa e os lembretes aos filhos adolescentes de que não esqueçam de fazer a cama e de arrumar as coisinhas todas que andam espalhadas pelo espaço habitacional.
Uma dona de casa como deve ser não pensa no que vai escrever no blogue enquanto duram todas estas tarefas.
Não.

E uma blogger como deve ser, como será?

Ando mais composta(zinha). Veja-se o seguinte:


Cheguei à mercearia e pus-me a escolher laranjas. Durante a escolha, ouvi uma voz atrás de mim:
- Vá, trabalhe lá que eu fico a ver - era o meu merceeiro que falava para mim num tom divertido. Sorri e... contive-me por um poucochinho de nada de dizer isto:

- Eu que trabalhe enquanto o senhor me observa a mexer-lhe na fruta, não é?

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

De volta


Aqui estou.
Não é habitual eu ser abandonada pela paixão durante muito tempo, demorei um tudo-nada a sentir vontade de voltar a isto. A vontade... ou vício, saudade, falta, dependência... o que seja!

Nem sequer dou tempo aos leitores de criar saudades minhas. Se calhar é para evitar saber que não faço falta a ninguém.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Inclusão


Subitamente lembrei-me que não me excluo do que escrevo. É por isso que tenho necessidade de paragens, canso-me do meu pensar e da minha existência.

Abandonada


Momentaneamente, a autora deste blogue encontra-se sob uma profunda depressão devido a ter sido abandonada pela paixão arrebatadora que costuma sentir através da escrita que apresenta neste espaço virtual, dando lugar a um certo sentimento de inutilidade relativamente ao mesmo.

À razão disto, digo que o único sentimento com o qual não consigo escrever, é o da inutilidade.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Ponto


'Não faço parte' é um ponto existente na minha vida. Ora anda camuflado, ora acontece qualquer coisa que o torna visível. Não que eu queira. Ou busque. Ou sequer permita que aconteça.
Mudei-me um pouco. No presente apregoo o que faço e o que sou. M
as não chego lá.
Contrariamente à minha vontade, este ponto é fulcral e mister.

Afinal há mais!


- Ó querida, faça-me esta chave num instantinho que eu tenho hora marcada para entrar no lar!

Bem se diz que quando se é velho, se volta à infância. Esta senhora tem hora de recreio e tudo... parecia uma criança de seis anos preocupada em não zangar a professora.

A porteira do número xis


Fazendo uma retrospectiva a todo o decorrer deste dia, verifico que o acontecimento mais importante ocorrido durante o mesmo, terá sido o roubo da bicicleta da neta da Beltrana que é porteira no número xis.
Foi a novidade que alguém me deu, apenas assomando à porta e dispensando entrar. Não é meu costume ficar interessada nestas ocorrências, e aqui é de destacar que não sabia de quem se falava, mas não tenho coragem de dizer à pessoa: «Olhe, deixe-me em paz que eu não estou nem só um bocadinho interessada no que me está a contar, sim?». Normalmente ouço e ponho a máscara número quinze que está arrumada num cantinho mesmo à mão, pois é necessária frequentemente.
O meio-dia chegou e o sol inundou todo o espaço. Nessa altura do dia é forçoso semicerrar os olhos sempre que vejo uma sombra entrar. Era uma senhora. Vinha comprar um cadeado. «Depois de casa arrombada, trancas à porta!» dizia ela. Pelo continuar da conversa percebi que tinham roubado a bicicleta à neta...


E eis a questão que por aqui me aparece: será que por aquele sítio alguém tem o costume de ler blogues? É que, se lá por aqueles lados há alguém que ande por estes aqui... eu 'tou prestes a deixar de ter piada e lá se vai o meu descanso!

(Hoje não consegui que isto tivesse muita piada...)

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Profissão invejada


Pela temática apresentada na maioria dos post's publicados este mês, se o meu blogue tivesse muitos leitores certamente já lhes teria despertado aquele sentimento atroz que apelidamos de inveja, pelo tipo de vida profissional que aparento ter através do que escrevo.
Ando a dar-me a ideia de que me divirto à grande lá naquele sítio. Não sendo essa a opinião generalizada que tenho, tirei duas conclusões:

• Escrevo tão bem que até a mim me engano, muito embora isso me transmita uma ideia de falsidade absurda.

• Sou suficientemente inteligente para que tire partido das situações, ainda que sejam insignificantes, conseguindo dar-lhes o significado que quero.

Posto isto, surgiu uma dúvida: nem sei a quem quero enganar - se a mim, se aos leitores.

Haja alegria!


Para me lembrar quão necessária é a alegria nesta vida, pois não sabemos como será na vida vindoura, ouvi alguém que aguardava ser atendido, cantar numa voz roufenha e atabalhoada, como se apenas para si próprio cantasse:

Nai, nai! Nai, nai!
Canta, canta que logo vês!

Nai, nai! Nai, nai!
Canta, canta que logo vês!

Este post é um daqueles post's que dificilmente alguém acreditará ter sido presenciado pela minha pessoa...
A outra conclusão a que chego, isto a ser verdade o que agora escrevo claro está, é que está-se mesmo a ver que este senhor é muito feliz e faz ainda algo curioso e bem-vindo em simultâneo, contagia-me com a sua felicidade.
É valioso, e mais, às vezes é imperioso, que na minha vida não existam apenas pessoas tristes e/ou zangadas.

Janeiro e Fevereiro são feitos disto:


Há uma pergunta simples:

Porque é que as coisas aumentam?

Para cada resposta complicada:

O acréscimo deve-se essencialmente aos incrementos sussecivos de preços das matérias primas.

Ao depois, há uma contra-resposta:

Vai pró raio que taparta, sejas tu quem fores!

A Dona Raquel continua na sua escrita. Assim:


«Encontrei gata preta muito meiga da-se a quem queira ou ao dono.»

E eu? Eu divirto-me
com isto! A Dona Raquel é uma comunicadora assaz interessante e anda feita uma escritora, pá!
Que se lixe a pontuação... o pessoal entende, pois é?

Ah sim?!


Alguém verbaliza o seguinte:
- Isso é mais velho que ir cagar a França!

E eu penso (e escrevo!) que aprendi algo mais: há coisas que são anteriores à altura em que alguém se deslocava propositadamente até França com o intuito de lá ir...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O Ti Valentim



Já passou mas não faz mal nenhum, afinal o Natal é sempre que a malta quiser e certamente o resto também assim será, isto em querendo, pois claro.
Eu acho o dia dos namorados engraçado, não me faz impressão nenhuma os namorados e os beijinhos e as lamechiches e as mariquices e as parvoíces dos apaixonados. E ainda acho mais engraçado a maneira como até quem já não é jovem aderiu à ideia e vai comprar um ramo de flores, ou um soutien, ou um conjunto de facas para a cota que tem lá em casa que lhe cose as meias e lhe apanha as cuecas do chão, em suma, gosto muito de ver as pessoas lembrarem-se de agradar a quem amam. Acho também muito bem que hajam dias especias para isto ou aquilo e também acho que as pessoas deviam esquecer a porra da hipocrisia destes dias ditos especiais, deviam deixar de pensar que o que queriam era miminhos e mariquices sem data marcada e deixarem de esperar que alguém se lembre de fazer uma surpresa num outro dia qualquer que não tenha porra de sentido especial nenhum!
A vida é quem me tem ensinado, que quem se queixa disto e daquilo, normalmente tem a barriga cheia guloseimas e a cabeça cheia de mimo.

E agora, só para ser lamechas e mariquinhas deixo aqui um coração gigante que encontrei no Google a encher o meu blogue...



Um beijinho soprado




Há tempos andei na minha conta Hotmail a modificar umas coisas e a ver se percebia outras tantas. Entretanto reparei que se poderia colocar um som sempre que algum contacto iniciasse sessão, se assim eu desejasse. Achei piada àquilo e pus o som de um beijinho seguido de um sopro sempre que o meu amor ficasse online.
Ora bem, a ideia era que aquilo me divertisse pelo menos um bocadinho... mas acontece que, sempre que o Luís inicia a sua sessão, o mais que aquilo faz é assustar-me e eu... eu dou um enorme salto na cadeira!


imagem: pesquei no Google

Reedição


Este texto foi retirado de um jornal que é publicado na escola dos meus filhos e que por sua vez foi reproduzido de um artigo da revista "El mundo" de 05/02/2006.

Consolem-se os pais e as mães dos adolescentes. A culpa dos vossos filhos serem desorganizados, irascíveis, desmemoriados, vagos e mesmo insuportáveis, não é vossa. Segundo o neurologista Jay Giell, as alterações fisiológicas que se produzem no cérebro durante esta fase são tão espectaculares que justificam os comportamentos mais absurdos e atípicos. Para começar, acontece um intenso processo de criação e destruição de neurónios. As sinapses conexões entre estes mais utilizadas são fortalecidas. Por sua vez as mais débeis desaparecem. A zona conhecida como "nucleus accombens" revela pouca actividade, o que está relacionado com a falta de motivação geral dos adolescentes (a menos que o prémio seja imediato). Por outro lado, a dança de hormonas suscitadas no corpo influi no seu cérebro, explicando a rapidez com que se aborrecem. Como o córtex pré-frontal ainda não se desenvolveu, são incapazes de se organizarem e até de medirem as consequências dos seus actos, independentemente do puxão de orelhas que possam vir a levar. Como se não bastasse todos estes aspectos, o neurologista sustenta que os adolescentes sofrem de síndroma de Kevin, o que significa que não compreendem as emoções alheias. Não é de estranhar que eles sintam que todos os odeiam.


Não costumo descansar a minha consciência à sombra de artigos deste género. É verdade que muitas vezes luto contra o sentimento de culpa que sinto quando os meus filhos dão uma resposta torta ou quando não obedecem à primeira, questiono-me se estarei a educá-los da melhor maneira. Felizmente, a maior parte das vezes costumo pensar que faço o melhor que posso e o melhor que sei naquele momento.
Acho que aquele texto é uma explicação científica para uma só palavra: imaturidade. Um adolescente é simplesmente um corpo adulto numa mente ainda infantil. O corpo desenvolve rapidamente e a mente não acompanha. E a isso chama-se simplesmente: imaturidade. Há que dar tempo ao tempo...

Originalmente escrito e publicado em 13 de Junho de 2006, aqui.

Cheiro




Ainda não é Primavera mas a minha cidade já cheira a flores...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Há duas coisas que eu queria muito...


Uma - Saber em que situações aquela tecla existente em todo o teclado nacional e internacional que dá pelo nome number's lock é útil...
Sério! Por mais voltas que dê ao miolo não consigo lembrar de coisa nenhuma em que aquilo revele utilidade.
'Pera aí, acabei de me lembrar, pode servir para trancar uma conta que esteja a fazer e que interrompa acaso me dê um desejo súbito de escrever... Em sendo esse o caso o trabalho espera, trancado e tudo, enquanto dou azo à imaginação e uso o tempo que alguém me paga para trabalhar, para escrever no meu blogue, sem correr qualquer risco de apagar a conta iniciada!
Pronto! Esta coisa número um já eu consegui!

Duas - Ter cerca de metro e noventa de altura para ver de cima o capachinho do senhor Rodrigues quando ele o traz à banda...
É que, do alto do meu metro e poucochinho, com toda a certeza a visão não é tão hilariante como seria se eu fosse gigantesca!
Esta coisa número dois não será nunca conseguida por razões tão óbvias que nem merecem explanação.

Porquê?


Porque é que há árvores que ainda mantêm algumas folhas...




... e outras não?



foto: Rua Brito Aranha, Lisboa - Fevereiro 2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Poeta


Quando lhe pedi trocos para me facilitar, respondeu:
- Ah eu não sei nada disso! Não me dou com números, sabe? É que eu sou poeta!
«Hum... então está bem!» pensei.
Depois disto esmiucei a coisa, claro. Eu ia lá agora perder a oportunidade de esmiuçar uma coisa desta natureza! Nunca na vida!

Ah sim? O senhor é poeta? Então e já publicou livros e isso?

Que sim, que escreve versos há muitos anos para o jornal Não/sei/quantos, que o adoram, que agora até lhe fizeram uma 'encomenda' e assim, que andam em cima dele 'então quando é que 'tá pronto e tal?'...

Hum... então está à espera da inspiração e coiso?

Que não, nada disso, que não é assim o marchar da coisa! E que agora até vai para o Brasil e escreve lá porque lá é muito melhor...

Ah...


Espanto. Muito espanto. Há pessoas espantosas, não há?

Assuntos do dia


Assunto número um: Cuidado com eles! Hoje é Sexta feira treze!

Desenvolvimento:
'Ah, que alegria!' exclamo e acompanho a exclamação com um encolher de ombros. E é para ter cuidado com quem ou com o quê?

Assunto número dois: Chegou o calor!

Desenvolvimento:
Elas pensam 'ai que bom! já não mostrava as mamas desde o ano passado!'. E eles ' olha só p'ra estas cabeças de ombro tão apetitosas de bem torneadinhas que estão!'

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Um prazer culpado


A folha de papel em que escrevo tem duas faces e às vezes é difícil lidar com elas. Se por um lado sinto grande prazer na escrita, por outro sinto uma grande culpa pelo que escrevo.
Se eu pensar bem vou perceber que estes dois sentimentos não se apartam nunca. E se eu pensar melhor ainda vou perceber que são esses dois que me levam a escrever e me puxam para aqui.

É à vontadinha!


Há dias, estavam dois senhores na loja para eu atender. Nenhum dos dois tinha pressa em ser atendido o que é deveras invulgar e acabou por despertar em mim uma grande curiosidade à mistura com picos de ansiedade, ainda que ligeira. Estavam os dois em perfeita consonância:
- É à vontade! - Diziam um para o outro de cada vez que eu falava para um deles com o intuito de os atender. A dada altura dei por mim a tentar perceber qual seria o que me dava mais jeito despachar primeiro. A coisa estava a ficar difícil pois não estava a conseguir livrar-me de nenhum dos dois...
Depois de tantos 'eu não tenho pressa nenhuma!', 'pode passar-me à frente que não há problema!', 'esteja à vontade' e isto, eles um com o outro... saiu-me uma frase que pôs termo a todo aquele impasse:
- Há um dos senhores que vai ter que ficar menos à vontade, que é p'ra eu saber o que hei-de fazer!

A bem da verdade o primeiro a ficar menos à vontade era o mais chatinho dos dois...

Sou filha da mãe


De há uns tempos para cá noto que estou cada vez mais parecida com a minha mãe.
Um dia alguém me disse aquilo que outro alguém lhe tinha dito: 'Se quiseres saber como será a tua mulher no futuro, é simples, olha para a tua sogra!' Tal pensamento não está longe da verdade, pelo menos no meu caso.
Durante a minha infância tive um trauma - preocupava-me imenso não ser parecida fisicamente com a minha mãe, ou sequer com o meu pai, chegando a passar-me p'la cabeça que tinha sido trocada por outra menina qualquer lá na maternidade onde nasci. Mas passei toda a infância ouvindo a minha mãe dizer que quando nasci, em momento algum abalei de ao pé dela. Não há, portanto, qualquer dúvida de que eu sou a Gina que é suposto ser...
O trauma desfez-se, não havia - nem há - fundamento que o suporte. Agora então que sempre que me vejo ao espelho ou em filmes não me vejo a mim, vejo a minha mãe no meu andar e na minha postura, não tenho qualquer dúvida que sou mesmo filha da mãe!

Aviso


Na montra da Dona Raquel, desenhando uma caligrafia irregular e primária numa folha A4, estava o seguinte aviso, :

«Não estou porque fui a uma consulta. Só volto á manhã.»

Hum... está bem! Até amanhã, Dona Raquel!

Gaba-te cesto! Tu (eu!) nem sabes (sei!) escrever 'açúcar' à primeira!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Produção em grande


Mas que dia produtivo, este! Fiquei a saber que há um jovem senhor, que por acaso é mocinho para ter tantos montes de piada que pode até esbanjá-la e ainda assim lhe há-de sobrar qualquer coisita para ostentar por aí, e isto é o mesmo que dizer que o moço é giro que se farta e, em simultâneo pois pelo menos assim parece, causa entupimentos lá em casa...
- Sabe… o filho da minha patroa tem assim… como dizer? Umas fezes muito mimosas, ‘tá a ver?

Vendi-lhe soda cáustica. Creio que resolverá e o mocinho continuará tão bem como antes…

Dificuldade


Eu tenho uma dificuldade tão, mas tão, mas tão grande em escrever a palavra 'açúcar' sem erros à primeira, pá!

O antes e o depois


Antes:

Eu queria ir para ali mas está ali aquele/a e depois vai pensar que eu isto e aquilo e aqueloutro...

Depois:

Eu quero ir para ali e está lá aquele/a que vai já pensar que eu isto e aquilo e aqueloutro mas eu estou-me nas tintas para o que pensam e pensando bem é tão melhor que pensem mesmo!...


Isto assim será maturidade? Tenho dúvidas. Umas vezes parece-me que sim, agora sei aceitar o que sou e definir o que quero ser e fazer. Mas não será isto também uma vaidade exagerada da minha pessoa?

Acrescentamento sem que nada tenha a ver com o já escrito neste post:
Palavra que não sei que raio dá na cabeça do Senhor Blogspot para não aceitar como certa a palavra 'aqueloutro'.


aqueloutro

aglutinação de aquele + outro
pronome demonstrativo

pessoa ou coisa que estão distantes tanto da pessoa que fala como do seu interlocutor e distinta de uma outra pessoa ou coisa também distante de ambos.

Pesquisado e retirado daqui

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Warning to myself (acho que é assim que se escreve...)


Gina Maria, se mais alguma vez te entrarem porta adentro, dizendo que são do Banco Talicoiso, perguntando qual rajada intempestiva se estás ali sozinha, tu nunca mais, repito: nunca mais respondas 'Porquê a pergunta? Vem dar-me dinheiro e precisa de alguém como testemunha ocular?'
Ouviste bem? Ouviste?

- Sim...


OK! Então vai lá à tua vida e porta-te como deve ser.

Discussão


Dois bêbados (sim bêbados, ou então era muita droga naquelas ventas!) discutiam avidamente tentando descortinar se determinado objecto exposto na minha montra trabalharia 'ligadá querrente' ou ' a bataria'...
É um luxo, estar escondida por trás de um monitor escrevendo estas parvoíces e espalhando-as pelo mundo fora. Só que... a dada altura fui forçada a interromper esta escrita esplendorosa que daqui envio a todo o ser vivente que saiba (e queira!!!) ler - um deles tomou coragem e entrou desviando a cortina, disposto a acabar com tão ávida discussão:
- Olhe, é (só) para perguntar...

As Ti Bias


Não há alentejano que se preze que não tenha pelo menos uma Ti Bia. Eu então sou cá uma sortuda, em criança tinha duas, duas Ti Bias!
Começo p'la primeira, a mais presente.
A minha Ti Bia é irmã da minha mãe, a mais velha de sete irmãos. Quando eu era criança, era na casa dela que ficávamos aquando das visitas mais ou menos anuais à terra - Albernôa. Quando íamos à terra, eu adorava, mas a comida... bah! Desagradava-me mesmo! Esse desagrado era, inclusive, manifestado à boa maneira infantil - um dia disse à minha tia que ali no Alentejo, os alentejanos não podiam fazer ovos estrelados com batatas fritas. Para mim, tal era impossível! Eu achava que a minha tia não teria como cortar e fritar as batatas da mesma maneira que a minha mãe fazia. E os ovos? Como é que ela os punha fritar? Não, nem pensar! A minha Ti Bia não dispunha dos meios necessários para fazer aquele manjar. Ah pois não! Pois bem... no dia seguinte foi esse o meu almoço. A Ti Bia quis mostrar-me que ali também se podia comer da mesma maneira que se comia lá em Lisboa...
Cala-te aí! Ai a menina fazendo mangação da outra gente! Tal 'tá a porra, hein!?
E pronto! Nunca mais duvidei da audácia dos alentejanos, no Alentejo, para fazer ovos estrelados e batatas fritas...

A minha outra Ti Bia, era tia da minha mãe (a minha mãe também tinha uma Ti Bia!) e irmã da minha avó materna. Era a Ti Bia do forno, era assim que eu lhe chamava para diferenciá-la da outra Ti Bia, e era a Ti Bia do forno porque tinha um forno muito grande onde cozia pão para posteriormente vender, a sua profissão era padeira. A minha mãe, em jovem, chegou a trabalhar no forno da Ti Bia.
Lembro-me vagamente dessa tia, lembro-me de um vulto preto, de lenço atado ao pescoço, muito velhinha, quieta e sossegada, sentada num banquinho tipicamente alentejano. Não me lembro de nenhuma palavra que me tenha dirigido, isso poderá dever-se ao facto de eu ser muito jovem quando ela morreu, ou então porque a Ti Bia do forno era mesmo de poucas falas. No entanto, tenho na memória qualquer coisa muito vaga e que tem a ver com atenção dirigida a mim, só não me lembro o quê, se calhar é apenas o cordial e habitual cumprimento alentejano.
Pois bem, essa minha tia tinha uma filha, a Chica, que para mim e para a minha mãe, era a prima Chica. Tendo o negócio da minha tia prosperado, julgo eu, essa minha prima tomou-lhe as rédeas e, para além da padaria possuía uma mercearia que não tenho como certo ser já dos tempos da Ti Bia.
Recordo que era uma mercearia à moda antiga, com armários de alto a baixo pintados na cor bege e envidraçados, um balcão largo e espaçoso em madeira virgem no qual pousava uma balança, muitas sacas de cereais no chão para se aviar os fregueses pesando com um recipiente quadrado feito em madeira e havia sempre no ar um cheiro misturado de farinha e açúcar.
Por trás do balcão, existia uma porta da qual descia uma escadaria e que dava acesso ao sítio onde se fazia o pão e... as popias! Aí o cheiro a farinha era muito mais intenso.
Nos tempos mais modernos, possivelmente já depois da morte desta Ti Bia, apareceu lá em baixo um estranho objecto, era uma tina eléctrica enorme que tinha uma pá para amassar o pão e as popias. Fiquei completamente apaixonada por aquilo, imaginei logo pôr-me lá dentro e brincar ali. Como tal não podia acontecer pois estava sob a vigilância dos adultos, entre os quais a minha mãe, o mais que eu podia fazer era rodar aquela tigela gigante e fantasiar que estava lá dentro, mas não sem ouvir ralhetes da minha progenitora: 'Gina Maria, está quieta!', o que traduzido para o modo alentejano é assim: 'Pranta-te queda! Ora o raio da rapariga!'

Quando se é criança é tão difícil ficar quieta...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Enfim!


Finalmente descobri o que é uma rolha pop-up. Ah é aquilo, ok! A malta desrosca a rolha e sente uma pressãozinha. A pressãozinha é a rolha a pop-upar! Que maravilha! Que descoberta magnífica! Deita só um fiozinho de azeite que é p'ra gente não se esticar e não ficar gordas, pois... 'tá visto! Assim, quando quiser deitar azeite na sopa, nunca mais me despacho, chateio-me com aquilo e ponho menos. Que bom!

Raça de invenções, pá!

As novelas


As novelas não imitam a vida. Inventam, isso sim, uma vida que não existe, que não é assim.
Nas novelas, quando as pessoas dialogam, fala uma de cada vez. Onde é que já se viu isso na vida? Nunca!

Felicidade


Se o dinheiro trouxesse felicidade eu seria tão mais feliz... passo o dia a recebê-lo!
É favor confundir o 'recebê-lo' com 'contá-lo', 'alisá-lo', 'arrumá-lo'... ok?

Antecipadamente agradeço.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

De lápis afiado


Hoje, enquanto afiava o meu lápis, lembrei-me que quando andava na escola primária tinha vergonha de me levantar para ir afiar o lápis. Eu e as minhas vergonhas...
Arranjei rapidamente uma estratégia que me pouparia ao embaraço - levaria todos os dias os lápis já afiados de casa, claro! Não tenho presente na memória se assim fiz em toda a minha vida lectiva mas é provável que sim.


Depois, por acréscimo, recordei uma actividade de trabalhos manuais que tive na escola primária relacionada com lápis. A minha professora ensinou-me a fazer flores com as aparas dos lápis de cores. Quando se afiava os lápis, fazia-se por não quebrar a tira que saía. Depois, com muito jeitinho, dava-se-lhes a forma de uma flor e colavam-se num papel. Quanto mais variadas fossem as cores das aparas mais engraçado e interessante ficaria o trabalho.
Nunca tive jeito para trabalhos manuais, mas apesar dessa minha falta mostro a ideia; é mais ou menos como se vê na foto. Também se podia colar as aparas espalmando-as e desenhando-se depois os pezinhos das flores. Mas isso, hoje nem tentei fazer…

Aprendizagem


Com esta idade, eu já devia saber:

- Que não devo coçar o nariz depois de ter estado a marcar e arrumar ácido muriático, sob pena de sentir um ardor no dito.

- Que não devo olhar para baixo, através da fresta, visualizando assim o rés do chão quando estou no segundo andar sempre que ando neste elevador. Em querendo perceber, é favor consultar o link.


E, com esta idade, eu já sei:

- Que não direi a mais ninguém 'nem toda a gente é assim como tu, sem timidez alguma', para que não me digam mais vez nenhuma ' ai eu sou assim! comigo é tira fora e põe-me a mijar!'

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Hipocrisia


Perguntaram-me assim:
- Então não conheces esta senhora?
- Conheço. É a Dona Josefina - respondi eu, logo arrecadando sorrisos da dita em questão. O pensamento dela devia ser algo semelhante a isto: ' Ai que importante que eu sou que já passaram tantos anos e esta ainda se lembra de mim e tudo!'
Segue pensamento pensado simultaneamente por esta minha cabeça, embora bastante desenvolvido:
‘Claro que conheço! Então não? Por acaso estava aqui mortinha de saudades de a ouvir despejar o rol de intensas e interessantes actividades feitas lá no sítio que a acolhe. Tudo relatado sob o manto santo e purificado, claro está! Sim, que isto de estar a falar não é estar a falar (mal) de ninguém porque eu sei que a Dona Josefina sente pudor em murmurar e não murmura pois assim perderia a idoneidade e (até) segue à risca o vulgo ‘Manual dos Bons Costumes’ para que nada lhe seja apontado. Pobrezinha… não consegue…olha só as coisas que já lhe apontei!’

Entretanto fui invadida por uma espécie de tristeza. A tristeza veio porque tenho necessidade – não que houvesse necessidade mas eu tenho-a - de pensar este tipo de coisas para que assim se apague uma raiva que é surda e me esqueça que as pessoas são (todas e sempre serão) más.

Não há nada mais enternecedor do que uma criança a dormir




foto: recebida por email

MANIAS


Ter a mania que não se tem manias é também uma mania.
Ter a mania que se tem manias é ter uma mania a mais que as pessoas que acham que não têm manias.

Certo?

Tempo livre

Tive a tarde livre. Dá sempre que pensar, a mim dá-me sempre que pensar, o que fazer com o tempo dito livre. Posso fazer uma data de coisas ou posso não fazer nada. É interessante que eu nunca pense em não fazer nada.
Noutro dia ouvi uma senhora queixar-se que lhe surgiu recentemente uma doença na tiróide que a impede de se manter sossegada. Um desassossego do estilo: mexe aqui e ali, arruma isto, coça o nariz e tira as ramelas, põe a mão na boca e o cabelo atrás da orelha, ajeita os óculos e sacode a cabeça para tirar a franja da frente dos olhos. Chega ao fim do dia extenuada, diz ela.

Eu sou igualinha. Será melhor ir ao médico?

Vírgulas


É frequente retirar vírgulas ou alterar a pontuação que uso para escrever. O Senhor Blogspot devia ter um corrector ortográfico que corrigisse também a pontuação, ao invés de não dar como certos alguns adjectivos no feminino. E isto é apenas um exemplo dos erros deste corrector que já detectei.

Sabias que este corrector não admite mulheres por aqui?

O cão


Gosto de animais, em particular gosto muito de cães. Acontece frequentemente ser assediada por eles com esfreganços e lambidelas mesmo que não me conheçam. Talvez isto aconteça porque eles sentem que estou à vontade e que gosto deles. Mas há um que me anda a chatear... Sempre que atravesso o pátio lá vem ele a ladrar reclamando o seu território. Por pequeno que seja, sinto medo, não me agrada ver um cão a ladrar na minha direcção, perco grande parte do à vontade habitual. Vou falando com ele, pergunto-lhe o que foi, o que o inquieta, digo-lhe que sou da casa, que antes dele já eu andava por ali... Mas até agora ainda não resultou, continua a ladrar como se me odiasse até que folgo ao ver que a dona vem lá, em meu socorro.
Efectivamente, não se consegue agradar a todos. Animais incluídos.

A very important happening


Durante a dura luta que hoje travei com a chuva, escapei por pouco de alguém me enterrar o bico de um chapéu no olho. Isto, porque a pessoa em questão parou de repente e usou o chapéu para apontar para um dos lados, o lado onde estava o meu olho direito. Que eu seja ceguinha se isto não é verdade!

Acrescentamento
Aqui também contei com a preciosa ajuda do rico filho, embora este título estivesse bem escrito logo à primeira.

In fact, I have a small ass


Vou deixar-me de merdas e não pensar mais que estou semelhante a algo em 'grande'. Passo a explicar: hoje, no Metropolitano, consegui caber em meio banco... Porra! O raça do homem era 'grande' p'ra caraças! Se eu fosse realmente 'grande' necessitaria de banco e meio, ora bem!

Acrescentamento
O rico filho ajudou-me a compor o título deste post porque, e isto também é um facto, na língua inglesa estou rente à nulidade.

Hum...


Segue pequena dúvida.

Não sei se já (mais) alguém pintou as unhas enquanto espera a musa inspiradora. Aquela que ditará o que escrever no blogue...

(a minha acabou de ditar isto)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Flores de plástico



São maravilhas da tecnologia informática ou isso, estas flores. Antes não eram de plástico mas depois da transformação assim ficaram.

O gás nos meus invernos


Entrou com alguma dificuldade. Em cada uma das mãos trazia duas bilhas de gás vazias. Acrescento agora um pequeno à parte - sendo que as mãos também eram duas, assim se conclui que as bilhas eram quatro. Continuando - de facto, a entrada da loja não tem as medidas desejadas para que lá caiba confortavelmente tanta coisa assim. Mas vencendo este obstáculo, o senhor Lopes lá conseguiu entrar e pousar as bilhas vazias no chão. Endireitou-se, cansado. Ao ver tamanho aparato, não me contive e exclamei:
- Bem, ó senhor Lopes, tem estado um frio!
Olhou-me, espantado pelo tamanho da minha sapiência. Até lhe consegui ler os pensamentos: 'Mas como será que ela sabe que eu gastei todo este gás no aquecimento?'
- Com perdão da palavra, permita-me que lhe pergunte: a menina é bruxa? Como é que adivinhou?
Ri-me de gozo pela expressão dele. Depois respondi:
- Não sou bruxa... mas já passei alguns invernos deste lado do balcão.
- Ah... - fez ele satisfeito com a explicação.
Posto isto, tanta sapiência não será invulgar. Parece-me.

Balanço


O balanço do primeiro mês passado sobre a data do regresso ao ginásio é verificar que as últimas partes do meu corpo que emergiram pela inactividade, foram as primeiras partes a submergir pela actividade... Oh... :(
Queixo-me e ouço com frequência:
- Raisparta a mulher ca nunca tá satisfeita, pá!

(Pois não...)

Grito de guerra


Num dos jogos de Futsal do rico filho, o adversário desse dia tinha um grito de guerra engraçado. O Mister dizia:

O que é que nós queremos?

E os miúdos em uníssono respondiam:

Ganhar! Ganhar! Ganhar!

O Mister continuava:

O que é que nós somos?

Eles respondiam:

Os melhores! Os melhores! Os melhores!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Solidariedade e parvoíces


Já referi, até mais que uma vez, que o meu universo é maioritariamente masculino. Mas nunca referi que por vezes dou por mim a ser solidária para com as 'coisas' deles. Por exemplo: passa uma gaja boa, e na verdade nem é preciso ser boa, e eles babam-se. Em vez deles, sou eu quem faz a cara de espanto e diz baixinho:
- Ai tão boa, pá...!
Depois, até há um ou outro que se vira e fica a olhar, fazendo aquelas figuras que não é necessário descrever, creio. E eu, a rir, finjo que ralho. Ai ai ai o menino que eu vou já dizer à tua dona que andas a mirar cus e mamas doutra gente. Mas não vou. Sou solidária com eles. Visto assim até pareço um gajo, a encobri-los. Mas não sou. Sou uma maria daquelas que vai almoçar com eles. E uma maria daquelas que adora ver ‘coisas’ giras para depois ter coisas giras para escrever, que é para ver se este blogue vai para a frente com as minhas coisas parvas a juntar às coisas parvas doutras pessoas.

Porta-te bem!


Entrou... Aliás, recomeçando: irrompeu por ali adentro como já é seu costume. Para o definir melhor diria que é um clássico galanteador comedido. Sim, é verdade, esta espécie rara existe em carne e osso, não é só no imaginário.
Já não me lembro como, mas sei que a conversa caiu sobre o ‘portar bem’ e que ele ‘porta-se sempre bem’. Desmenti-o, disse-lhe que não era possível alguém portar-se sempre bem ao que ele respondeu que ‘graças a Deus, porta-se sempre bem’. É interessante como algumas pessoas têm sempre ‘ o deus’ na voz… Acredito que na maioria das vezes é em vão que proferem ‘o deus’ deles e que o sentimento achado no momento não é, de modo nenhum, o ideal para falar em Deus.

A ternura dos quarenta (?)


Já passaram seis meses. Ela já cá devia ter chegado. Mas ainda não a vi nem sei onde anda. Acho que nunca a vou sentir. Acho mesmo. Sinto-me, cada vez mais e mais, uma ganda besta… Assim sendo, será impossível sequer avistá-la.

O antes e o depois



Estava a precisar de cortar o cabelo para não o ter tão à frente dos olhos. E fui.


Mas o cabelo continua a toldar-me um pouco a visão. Acho que não deixei que cortassem o suficiente...

"Guarda o que não presta e assim terás o que precisas"


Pois. Não puxes o autoclismo após o depósito encher. Não se sabe se os tempos vindouros serão de muita fome. Nunca se sabe... Quem sabe irás precisar de saciar o estômago com qualquer coisa substancial?
Há provérbios que me enervam. Mas servem para mais do que me enervar, servem para escrever.

Cosedura


Ele sabe enfiar a agulha.



E coser.



Sim, eu sei que não é anormalidade nenhuma um homem coser, ou sequer saber coser. Eu é que estou a marcar a diferença escrevendo isto, eu sei.


Eh pá mas foi tão giro!