terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A porteira do número xis


Fazendo uma retrospectiva a todo o decorrer deste dia, verifico que o acontecimento mais importante ocorrido durante o mesmo, terá sido o roubo da bicicleta da neta da Beltrana que é porteira no número xis.
Foi a novidade que alguém me deu, apenas assomando à porta e dispensando entrar. Não é meu costume ficar interessada nestas ocorrências, e aqui é de destacar que não sabia de quem se falava, mas não tenho coragem de dizer à pessoa: «Olhe, deixe-me em paz que eu não estou nem só um bocadinho interessada no que me está a contar, sim?». Normalmente ouço e ponho a máscara número quinze que está arrumada num cantinho mesmo à mão, pois é necessária frequentemente.
O meio-dia chegou e o sol inundou todo o espaço. Nessa altura do dia é forçoso semicerrar os olhos sempre que vejo uma sombra entrar. Era uma senhora. Vinha comprar um cadeado. «Depois de casa arrombada, trancas à porta!» dizia ela. Pelo continuar da conversa percebi que tinham roubado a bicicleta à neta...


E eis a questão que por aqui me aparece: será que por aquele sítio alguém tem o costume de ler blogues? É que, se lá por aqueles lados há alguém que ande por estes aqui... eu 'tou prestes a deixar de ter piada e lá se vai o meu descanso!

(Hoje não consegui que isto tivesse muita piada...)

4 comentários:

claras manhãs disse...

Trabalhei também ao balcão, no atendimento de clientes, durante seis anos
O que me sempre me impressionou, muito, foi aperceber-me do raio de sociedade em que vivemos em que as pessoas, mesmo que vivendo acompanhadas, estão tão isoladas, tão sós, que têm necessidade de ir para uma qualquer loja desabafar e contar as suas vidas.
Penso que estás a desperdiçar a oportunidade de aprenderes com essas pessoas, que quanto mais não seja nos permitem ver o privilegiados que somos.
E depois, ouvir com atenção é talvez a melhor bem que lhes podemos fazer.
podes pôr a cara que quiseres, mas garanto-te que as pessoas sentem o interesse ou desinteresse que o interlocutor tem; sentem a simpatia ou o desinteresse.
Não custa nada ser-se simpático e ganha-se o dia.
Pelo menos eu ganhava.

Gina G disse...

Olá, Claras!

O que eu mais faço durante o exercício das minhas funções como balconista é aprender com as pessoas e ouvi-las e não creio que esteja a desperdiçar nada.
Acontece que a minha paciência nao está todos os dias em alta, nesses dias há que pôr uma máscara. Falei nela, na máscara, tentando dar humor à situação e não sob uma forma de gozo para com a pessoa em questão.
Toda a gente tem máscaras, Claras, e eu não sou excepção.

redonda disse...

E porque um dos meus apelidos é Beltran :) tenho alguma curiosidade sobre onde terá vindo o Beltrana :) às tantas a avó ainda é minha prima e eu ando por aquele sítio :)

Gina G disse...

Às tantas... eu ia gostar de ver-te por ali.
Não sei se sabes, mas não faço por me manter anónima e por vezes tenho algum receio de ser descoberta. :)