sexta-feira, 16 de abril de 2010

Notas


Um ia a entrar, o outro ia a sair. O que ia a entrar não o chegou a fazer e depositou na mão do que (realmente) saiu umas quantas notas de vinte euros. O que (realmente) saiu agradeceu num sotaque brasuca:
- Oubrigado!
Descruzaram os caminhos, seguiram em sentidos opostos. Negócio sujo, suponho, e não devo estar errada. O que ia no mesmo sentido que eu era aquele que não chegou a entrar. Vi-lhe a figura por trás, tinha quase todo o cabelo grisalho, era calvo mas lá conseguia pentear-se de modo a fazer um rabo-de-cavalo. A roupa era toda de ganga. Pelo pouco que podia ver acho que aparentava aquele desfasamento característico nas pessoas que fazem o que podem para parecer jovens quando já não o são.
Hum... Negócio sujo, é? Apeteceu-me brincar aos polícias e ladrões e fixei o olhar no homem, segui-lo-ia sorrateiramente a ver se faria mais algum negócio e depois eu apanhava-o em pleno acto e desmascarava-o e ainda o ia entregar à Polícia.
Foi então que percebi que o caminho dele não era igual ao meu e desisti imediatamente da ideia que ao início me parecera tão emplogante, a coisa perdeu toda a piada, desvaneceu-se. ... Ser polícia deve dar cá uma trabalheira...


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