sábado, 1 de maio de 2010

Telefones e assim


O senhor dos telefonemas pousa o auscultador no seu lugar e diz:
«'Tou fagto desta poguecaguia! Qualquegue dia emiguego!»
Há dias, durante um desses telefonemas, enquanto o senhor acima referido esperava ser atendido do lado de lá, entrou uma menina na loja cheia de 'coisas'. Ele era lacinho vistoso na cabeça, ele era risco grosso nos olhos e lábios escarlate, ele era vestidinho rodado com o vento a levantá-lo subtil e eficazmente, ele era toda uma série de adornos, e, finalmente, ela era tatuagens formando frases, ou assim, em torno dos braços e no peito.
Depois de a moça sair, estando o senhor dos telefonemas ainda à espera que o despachassem do lado de lá, eis senão que, o mesmo desabafa:
- Porra! Como é que alguém consegue fazer amor com aquilo? Deve entreter-se a ler…*
Eu mais a minha cara de espanto ficámos a olhar para ele. Seguidamente, eu mais outra coisa qualquer (deve ser a minha espontaneidade) respondemos:
- Pois, é muita informação de uma só vez não é?

*O vocábulo porra dito pelo senhor dos telefonemas fica qualquer coisa como: poguega! Mas com ênfase nos guês por causa dos érres serem a dobrar.
O resto da frase achei melhor escrevê-la sem trocar os érres pelos guês porque sei por experiência própria que o leitor é o gajo mais preguiçoso que existe.


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