Lisboa - Rua Morais Soares, 10 de Fevereiro de 2011, cinco e dez da tarde |
A rua Morais Soares é das mais caricatas de Lisboa. Acho que a reconheceria rapidamente e sem grandes hesitações se adquirisse subitamente outras coordenadas, apesar de a minha memória visual ser diminuta.
Conheci-a nos anos oitenta. Na altura as pessoas que a percorriam eram aos magotes, muito mais que agora, fazíamos bicha para andar e tudo. O comércio era (o saudoso) tradicional, português na maioria, portanto, e era vasto e variado: roupas, calçado, artigos para o lar e até para casamentos. O meu vestido de noiva foi comprado na antiga casa 'Isabela', porque 'Isabela veste melhor!', havia a 'Grande Moda' onde eu comprava os tecidos para fazer as minhas roupinhas e recordo ainda uma casinha pequenina onde o meu amor ia comprar caramelos para mim antes de me ir esperar ao trabalho. Um querido, já nesses tempos...
A vida passa, oh se passa! Chegaram mais indianos e chegaram muitos mais chineses e logo a seguir os brasileiros também em larga escala, digamos que os magotes mudaram a pronúncia. Aos poucos a rua foi mudando o panorama. Continua cheia de comércio mas daquele pouco tradicional, sem grandes portuguesices. Há chinocas e monhés porta sim, porta não, lojas dos trezentos ainda vão persistindo algumas e o saudoso comércio tradicional, aquele suportado pelas nossas gentes, subsiste miseravelmente.
Mas e ainda assim, na rua Morais Soares continua a haver gentes, cheiros, cores, sentires e viveres, a rua é inundada por tudo isso, tem um movimento tremendo em chegando o final da tarde.
Nos últimos tempos tenho dado particular atenção às fachadas dos prédios, portas e estátuas. A rua Morais Soares possui uma arquitectura muito bonita, quanto a mim, e é uma pena que devido ao movimento, tirar fotografias mais pormenorizadas do que a que apresento seja praticamente impossível...
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