quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Lisboa

Lisboa - Praça José Fontana, 30 de Agosto de 2011

Às vezes procuro a solidão, ou solitude, que é uma palavra de índole poética. Preciso da solitude, é como o pão para a boca. Tenho de pensar em todas as coisas, ou então não tenho de pensar em nada, e estando sozinha, preferencialmente no meio de nenhures, quer queira pensar ou então não, é-me aconchegante.
(Uma pessoa escreve e descobre contra-sensos em cada frase...)
Outras vezes quero companhia. Dos filhos, do marido, dos amigos, doutras pessoas. Quero dizer de mim, mostrar o que sou. Nestas alturas sinto-me como que acordada dum longo sono.
Dantes pensava que ninguém me queria, não é que não gostassem de mim, era que não me queriam por perto, como se me considerassem incapacitada para fazer parte. Não que eu fosse diferente, eu nunca fui diferente. Eu sempre fui isto: nada.
Hoje sei que não me queriam ouvir porque não me entendiam. Dá muito trabalho entender as pessoas, não temos paciência para as lamechices dos outros, as nossas aflições são sempre três vezes - no mínimo! - mais... aflitivas.
Mesmo hoje há poucas pessoas que me entendam, não reconhecem os meus gestos como sendo carinho, devoção, deleite, divertimento, atenção, amizade e outras coisas que agora me escapam.
(A bem dizer ninguém entende alguém.)
Fiquei ali, perdida dentro de mim. Escrevi tudo na minha cabeça. O dia inteiro. Pousei num banco de jardim, numa esplanada, tirei fotografias, passeei. E escrevi tudo na minha cabeça. Tudo, tudo, tudo. Mas nada que apareça neste post.

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