terça-feira, 16 de agosto de 2011

O pintor

Em conversa com um pintor descobri que a arte como ganha-pão perde a essência. Enquanto conversávamos eu ia desfolhando os trabalhos desse artista, dispostos na vertical e apoiados no chão em cima de um plástico. Apercebi-me da semelhança entre alguns desses trabalhos, o tema era o mesmo, apenas mudavam os tons. Comentei a semelhança e o pintor o que me disse foi:
'Bem, eu tenho de vender... e essa pintura é muito agradável, sai muito bem'.
Hum, então é uma tentativa de conjugar o quadro com os tons da sala ou quarto, não é uma criação do momento. Fiquei desapontada e de imediato deixei de apreciar tanto o artista que tinha à minha frente, não quis comprar um quadro que tivesse sido feito em série.
Compreendo perfeitamente que é difícil viver da arte, até porque é difícil viver seja de que maneira for... Eh pá... mas um quadro desses assim não, obrigadinha.

Depois fiquei toda contente. Olha só o alívio que é ser artista sem prazos de entrega, com tempo para deixar a musa descer. A graça que é ser uma artista assim como eu, já viram?! Fantástico.

Aprendi, ainda, uma coisinha olhando os trabalhos deste artista pintor: quando uma pintura é abstrata, quando se vê somente contornos, faço de conta que é uma nuvem. Quando a gente olha para uma nuvem vemos aquilo que queremos ver, não é? Pois então usemos a mesma técnica...

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