quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Uma especialidade

«… do que gosto é de escrever, e quando termino é como quando nos deixamos resvalar para o lado depois do prazer, o sono vem e, no outro dia, já há outras coisas que nos batem à janela; escrever é isso, abrir-lhes os postigos e que entrem...

Julio Cortázar in A Oficina dos Escritores, Francis Amalfi

Houve tempo em que me achava aquém na escrita, na forma de escrever, desconhecia que para escrever é somente preciso ter algo a dizer, mais nada.
Houve tempo em que receava chegar ao fim, esgotar os temas, se me deixasse enredar pelas malhas da vergonha e abolisse assuntos, então mais rápido seria. Um horror. Nada disso, a vida transforma-se a cada segundo, sendo por isso possível recontá-la infinitamente. E sempre dum modo diferente.
Houve tempo em que me achei especial, podia esperar que me chegasse a tal da inspiração. Só precisava 'descansar', 'viver', 'observar' sem o intuito subliminar de escrever.

Hoje não me acho aquém, finita ou especial. Sou eu. Só isso é tudo.

2 comentários:

Olinda Gil disse...

Às tantas torna-se num vício

Gina G disse...

É vício, é. :)