quarta-feira, 30 de maio de 2012

O volante

Vínhamos os quatro no carro. Apeteceu-me agarrar no volante, vibrar, dominar, controlar. Anuindo à minha vontade o Luís parou o carro numa paragem de autocarro e trocámos de lugar. Cheguei o banco à frente e amanhei os espelhos. Será que ainda sei conduzir, pensei eu. Não demorei nada de tempo a esquecer a dúvida, arranquei normalmente, como se conduzir fizesse parte do meu quotidiano. Depois acelerei um bocadinho e ia falando e rindo alegremente com a família, que eu, sei lá porquê, quando conduzo falo mais do que quando sou conduzida. O Luís ia fazendo referência à velocidade e tal, como quem não quer a coisa, olha aí as curvas, tu vê lá, fingindo-se mais descontraído do que efetivamente estava. Ah e tal, as pessoas que não conduzem habitualmente têm mais tendência para acelerar e coiso, é mesmo assim, para nós que estamos habituados não é tão emocionante e mais não sei o quê. Eu ria-me muito e ia conduzindo destemidamente, muito embora demasiado veloz, confesso, e cheia daquele prazer malvado que faz tão bem... Vai daí, lembro-me de perguntar aos ricos filhos que tal se sentiam com a mãe ao volante. O rico fiho diz simplesmente: 'bem' e a rica filha vai um pouco mais além e meio pensativa diz: 'hum, é mais divertido...'

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