quarta-feira, 20 de junho de 2012

Abolir o pensamento(?)

«Não penses, escreve.» Disse Forrester há dias num filme que passou na TV. Escrever sem pensar, que exercício difícil... É este o princípio básico da escrita. A dele, claro. Eu sofro imenso se proceder assim. Preciso prepará-la, dar-lhe uma certa forma. Mas gosto de exercícios, desafios. Por isso, agora vou brincar aos escritores.

Olha eu a escrever sem pensar:

Desnecessário

Não preciso de ninguém para absolutamente coisa nenhuma. Nada. Tenho a internet. Tempos modernos, chamem-lhe assim, se o preferirem.
Internet → Google, Sapo. IOL. Cliques. Saber. Disciplina.
Pesquiso. Flutuo. Ou navego, caso prefiram. Aprendo. Fixo. Divulgo.
Fantástico.
Pessoas para quê? Desapareçam, vá. A solidão tem um lado obscuro que me diverte. Ou ausência de conflitos. É esta a melhor parte. Sou uma excelente pessoa sempre que ando sozinha por aí.

Olha eu a pensar e a escrever:

Lugares sentados

Ela.
Dois cafés?
Eu e ele.
(Que disparate, se nem nos conhecemos bem...)
Sorrisos.
Ela.
Tem lugares, não tem?
Ele.
Tem, sim.
(Há uma mesinha vaga com apenas uma das duas cadeiras que lhe pertence e um dos sofás negros está disponível. Sentei-me na mesinha, não ia ler por já não ter tempo.)
Afinal, ó 'migo... Afinal você ficou em pé?! Sente-se ali, vá. Eu deixei o sofázinho disponível para si, não seja assim. Você gosta de ler, vejo-o todos os dias, absorto na leitura. Ó homem, vá-se lá sentar no sofá, porra!

..............................................................................................................

Vamos brincar outra vez? 'Bora lá!

Olha eu a escrever sem pensar:

Tópicos

Parei a marcha e sentei-me num muro baixinho a escrevinhar.

O senhor doutor
Sono
Fígado
Vísceras
Ódio visceral
Tudo a ver...

Olha eu a pensar e a escrever:

O verão a chegar

Estão vinte e poucos graus. Tenho frio. Logo à noite começa o verão, daí este frio ser descomunal em relação ao dia e ao mês corrente.
Estou muito sonolenta. Demasiadamente sonolenta, a cabeça pende a cada paragem de movimentos. O senhor doutor diz que tenho o fígado sujo, por isso tenho sono, diz ele que é uma reação do corpo quando algo não está bem. Receitou-me umas ampolas para fazer a limpeza do órgão vital. Vou ficar com um fígado tão limpinho como quando tinha cinco anos, mais coisa menos coisa.
É natural que tenha as vísceras atoladas em imundície, lido com variadas coisas e variados casos tão insuportáveis que lhes tenho um ódio visceral. O fígado adoeceu. O fígado e eu, por acréscimo.

Sem comentários: