Sai um homem do consultório meio ausente. A dentista e a assistente vêm atrás.
A dentista tem um rubor facial e um brilho no olhar.
A assistente está bem-disposta, com um ar natural, é simplesmente uma pessoa simpática.
O doente está meio azamboado da anestesia.
Marca-se a próxima consulta.
Assistente procura uma data livre.
Doutora determina muito rapidamente uma data que lhe parece bem.
Doente espera, embalado por aquele rufar de fêmeas disponíveis em pelo menos duas frentes: social e civil.
Assistente chama a atenção da doutora, nesse dia não.
Doutora fica apreensiva demais para o caso, estranhamente. Tem uns gestos nervosos, rápidos, despropositados.
Doente espera, complacente, mas é tudo devido à anestesia.
Assistente marca um outro dia.
Doutora refaz-se e diz que está muito bem assim.
Doente queixa-se do inchaço na cara, que agora vai para o escritório e os colegas pensam que ele bebeu demais. Pestaneja lentamente, um tanto ou quanto lânguido, mas é tudo da anestesia.
Doutora, porém, está bem desperta... Só falta o suspiro e o arfar, sinais exteriores, que aos interiores não chego eu... Mas imaginar ou supor está ao meu alcance.
A assistente já não interessa para nada, nem a mim me interessa, já.
É tão notória a química entre os outros dois... Qual anestesia, qual carapuça? Isso sou eu a imaginar, que às vezes, a bem da verdade, não imagino coisa nenhuma que jeito tenha.
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